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Perdão ep.4: liberando os seus cativos  – como eu posso perdoar? 

Publicadas: nov 14, 2022

Raquel Anderson: Quando a ferida é profunda, como o perdão começa? Aqui está Nancy DeMoss Wolgemuth. 

Nancy DeMoss Wolgemuth: O ponto de partida está em reconhecer que realmente pecaram contra você. Foi uma coisa terrível e Deus concorda que foi uma coisa terrível. Ainda assim Deus tem misericórdia e graça para comigo para que eu possa lidar com essa situação, e ainda ser capaz de estender a graça e misericórdia Dele na vida do outro. 

Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth na voz de Renata Santos. Como você pode perdoar quando parece impossível liberar perdão? Nancy DeMoss Wolgemuth escreveu sobre este tema em seu livro que é muito útil, Escolhendo o Perdão.

Quando o livro foi lançado, Lisa Barry fez uma entrevista com Nancy para falar sobre este material tão rico no tópico do perdão. Vamos então ouvir esta conversa sobre perdão. Essa é mais uma parte da série sobre o avivamento pessoal chamada Buscando a Deus.  

Lisa Barry: Nancy, estamos falando sobre o livro Escolhendo o Perdão. E a propósito, muito obrigada por escrever um livro tão cheio de conhecimento. Foi prazeroso lê-lo. Enquanto eu lia, ficava pensando sobre suas viagens, sobre todas as pessoas que você já visitou, sobre os lugares em que você já esteve e como você deve ter meditado nesse assunto e visto a necessidade de um aprofundamento neste tópico.

Você pode nos dar uma ideia sobre o que você tem visto e o que você tem ouvido que a fez pensar que este é um grande problema que precisa ser discutido de forma mais minuciosa que vai além da maneira de como ele tem sido discutido até este momento  ?

Nancy: Sim, Lisa. Eu acho que seja o resultado de anos fazendo conferências para mulheres, conversando com as mulheres após as conferências, entre as sessões, olhando nos olhos delas, ouvindo suas histórias, as histórias sobre as dores, as feridas, sobre relacionamentos rompidos e fragmentados. 

Foi uma mulher que subiu ao palco durante o momento de testemunhos, em uma de nossas conferências e ficou perto de mim quando ia falar no microfone e compartilhou com todas as mulheres a história de como sua filha, uma jovem adulta, que há 14 anos havia sido seguida e depois brutalmente violentada sexualmente e então assassinada. Ela virou para mim na frente de todas aquelas mulheres e disse: “Você tem nos dito que devemos perdoar, mas por 14 anos eu tenho odiado o homem que fez isso com a minha filha. Você está dizendo perdoe. Como eu posso perdoar? Como eu posso perdoar?”

Eu já ouvi essa mesma pergunta de inúmeras formas, com muitos detalhes e histórias diferentes. Como cristãs nós falamos sobre as boas novas, sobre o evangelho de Jesus Cristo que perdoa os nossos pecados. Ainda assim, temos dificuldade com o verdadeiro significado de sermos não só recebedoras, mas também doadoras do perdão de Cristo aos outros.  

Eu pensei que seria bom refletir sobre isso, não só pra mim mas também pelas mulheres as quais eu sirvo. Como nós pregamos o perdão que recebemos de Deus e estendemos aos outros de modo que seja reconciliador, restaurador e curador? Deus é o restaurador de relacionamentos rompidos e o perdão é a chave para que sejamos capazes de viver tal experiência

Lisa: Antes de irmos mais a fundo sobre o livro, vamos voltar só um pouquinho e pensar em como podemos fazer uma comparação entre a forma que o mundo descreve o perdão e a forma como Deus descreve o perdão? Existe uma falta de conexão entre a forma que nós entendemos o perdão e a forma como o mundo define e usa essa palavra?

Nancy: Sim, eu acho, na verdade, que o mundo tem um conceito muito pequeno sobre o que realmente seja o perdão. Deixe-me voltar um pouco mais e te dizer – por mais que isso não soe muito profundo, mas temos que lembrar – que todas nós seremos feridas. Todas seremos machucadas. Nós pisamos na bola também. Nós ferimos outros. Às vezes, intencionalmente. Às vezes, sem querer. Mas todas nós ferimos e somos feridas, neste caso não é uma questão de “se”, mas “quando”

Então a pergunta será: “como responderemos a esses machucados?” A forma mais natural de responder, e a melhor forma que o mundo conhece para responder a esse tipo de coisa será deixando para lá e seguindo em frente. E como resultado disso é que temos pessoas feridas, que nunca conseguiram lidar com essas questões, andando por aí e se tornando vítimas e causadoras de feridas em outras pessoas. 

Ou o mundo diz que você deve ser uma cobradora de débitos. O que quero dizer com isso? Essa pessoa me feriu. Ela vai ter que pagar, e eu vou fazê-la pagar por isso. Posso fazer isso de maneira evidente. Posso causar um desconforto em suas vidas ao usar as minhas palavras, meu espírito e meu comportamento para infligir dor, ou posso fazer isso de uma forma mais respeitosa e sofisticada e que está  sutilmente  em meu coração e refletirá em como eu falo sobre aquela pessoa aos outros, sempre mantendo essa pessoa refém em meu coração.  

A estratégia aqui é: E vou continuar fazendo isso até você perceber o que fez, até que veja o dano que causou e tenha se arrependido, eu vou usar isso contra você. Vou te colocar na  prisão dos devedores e não vou te deixar sair até que tenha quitado seu débito. 

Eu descobri que este é o caminho que a maioria das pessoas escolhe, e este é o caminho que leva ao ressentimento, à amargura e aos relacionamentos rompidos; e este tipo de amargura é como um ácido que destrói o frasco que o contém. Acredito que a maioria das pessoas ainda não entendeu que existe um caminho melhor. 

Lisa: Você está dizendo que este é um comportamento autodestrutivo?

Nancy: A amargura é extremamente destrutiva. Você nunca vai encontrar uma pessoa amarga que seja feliz. 

  • A amargura rouba a alegria.
  • Rouba a paz.
  • Rouba relacionamentos.
  • Afeta nosso relacionamento com Deus.
  • Afeta nosso relacionamento com os outros. 

Você não quer  estar perto de alguém amargurado, assim como outros não querem ficar perto da gente quando estamos amarguradas. Então, quando pensamos sobre como Deus estruturou todo o universo, não foi apenas uma ordem que Ele deu em um momento de capricho. Deus diz: “Eu sei que o perdão é para o seu próprio bem e é para o bem dos seus relacionamentos”. 

Você quer ser feliz em Jesus, como diz a antiga música, “crer e observar, tudo quanto ordenar…”? Liberando essa amargura, chegar ao ponto de “deixar pra lá” é certamente algo que irá nos abençoar. Abençoará nossos casamentos, abençoará nosso ambiente de trabalho, nosso ambiente na igreja. Deus sabe que a amargura é destrutiva e o perdão é o caminho que leva à bênção, à alegria e à paz. É por isso que Ele deseja isto para nós. 

Lisa: Neste momento posso ouvir alguém que está nos ouvindo dizer: “Bem, isto pode dar certo na teoria, mas você não pode querer que eu decida perdoar até você ouvir toda a minha história porque ela é muito complicada, e acredito que você não me falaria para perdoar se você realmente entendesse o que aconteceu.” Você pode aconselhar alguém a perdoar mesmo sem saber de todos os detalhes do que aconteceu?

Nancy: Deixe-me dizer uma coisa, Lisa, que quando tocamos neste assunto, eu sei que para muitas, muitas pessoas nós estamos mergulhando em águas escuras e águas muito turbulentas. Em nenhum momento quero minimizar a dor, a ferida e o sentimento de ter sido violada. É inapropriado dizer isso. É errado dizer isso.

O pecado é destrutivo. É prejudicial. É mortal. Pecam contra nós e também pecamos contra os outros e isso gera problemas complexos. Eu já ouvi inúmeros deles. Às vezes eu penso que não posso ouvir uma história pior do que aquela que acabei de ouvir, então outra mulher vem logo em seguida com outra história.

Humanamente falando, eu ficaria amargurada também. Mas eu sei que se eu não as ajudar a caminhar em meio a isso de forma amável e com graça – que seria a forma com a qual eu gostaria que me ajudassem, e isto tem a ver com: Como superamos a dor, a ferida, a raiva, o ressentimento, o desejo e a sede de vingança? Como, pela graça de Deus, eu posso ser curada?

Eu sei que este livro traz à tona memórias que outros talvez aconselharam que fossem deixadas de lado, deixadas para trás. Dá um pouco de medo ter que puxar “aquela casquinha” e deixar que a ferida fique exposta novamente, mas sabemos que não poderemos experimentar a plenitude da cura de Deus, da graça restauradora até que estejamos dispostas a olhar honestamente para aquela ofensa e reconhecer que foi errado e que realmente nos machucou. 

A paz não vem quando fingimos que nunca aconteceu, ou ignoramos a situação ou também quando tentamos medicar a dor ou ainda tendo alguém sempre nos dizendo para deixar para lá.  O ponto de partida é reconhecer que alguém pecou contra mim. E que foi algo terrível, e Deus concorda que foi uma coisa terrível. Ainda assim, Deus me concede graça e misericórdia para eu poder lidar com aquela situação e também ser capaz de estender a Sua graça e a Sua misericórdia a outras vidas. 

Lisa, quando pensamos sobre ofensas atrozes, temos que lembrar que nunca houve alguém que foi mais profundamente ou grandemente injustiçado do que nosso Senhor Jesus. Não é isso que lemos em 1 Pedro? Lembre-se, a propósito, que o livro todo de 1 Pedro tem como tema o sofrimento; então como Pedro nos apresenta essa ideia sobre o conceito de sofrimento nas relações humanas?

Essa ideia começa no capítulo 2 onde ele demonstra o exemplo do Senhor Jesus. Antes de introduzir este conceito sobre como vivemos pacificamente e perdoando constantemente uns aos outros em nossos relacionamentos humanos, ele nos diz:  “Para isso eu os chamei”, capítulo 2 de 1 Pedro, versículo 21, “porque Cristo também sofreu por vocês.”

Eu já ouvi mensagens sobre ser chamado para um monte de coisas diferentes, chamado para o campo missionário, chamado para o casamento, chamado para ficar solteiro, mas você não ouve muitas mensagens falando sobre ser chamado para o sofrimento. Mas Pedro nos diz que na verdade isto é um chamado. E quando você segue esse chamado, quando você abraça esse chamado, você está seguindo as pegadas de Cristo.  

“Cristo também sofreu por você”, ele diz, deixando-nos um exemplo, para que você possa seguir os passos dEle”. Agora ouça o verso 22, “Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca.” Ele não fez absolutamente nada para merecer todo aquele sofrimento, insultos, ferimentos, e ofensas. Ele não tinha pecado.

Mas o verso 23 diz: “Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças.” O que Ele fazia? Em vez disso, “mas entregava-se àquele que julga com justiça.” E o que aquilo significava? Para Ele significou a morte

Verso 24: “Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça.” E esta é a frase que eu amo. “Por Suas feridas vocês foram curadas.”

Preste atenção, nenhuma de nós poderia ser chamada de cristã, nenhuma de nós poderia ser filha de Deus se não fosse o fato de que Jesus morreu em nosso lugar. Por sua disposição em receber aquelas feridas que pecadores, incluindo nós, infligiram sobre Ele, tivemos o direito à cura e ao perdão que foi liberado a partir da dívida com Deus. 

Acredito que há um princípio poderoso nisso, Lisa. É o princípio da cruz que se aplica aos nossos relacionamentos. Acredito que há relacionamentos em que Deus nos coloca, e há outros nos quais nos encontramos durante o curso da vida onde estamos sendo machucadas. 

Em alguns casos eu acredito que o ferimento seja para o bem do ofensor para que ele, no final das contas seja curado, para que ele seja liberto de seu pecado. Quando revidamos, quando devolvemos a dor e a ofensa, e as feridas que nos foram feitas, perdemos a oportunidade de fazer com que o ofensor seja trazido a um lugar de quebrantamento, arrependimento, rendição e cura de sua própria vida. 

Então pela minha disposição em abraçar as feridas de me comprometer com Deus e de estender o perdão, seria onde o mundo inteiro entenderia que , se ao invés de me vingar eu meu tornar um canal das bênçãos de Deus na vida daquela pessoa eu também serei livre da minha própria prisão mesmo que a outra pessoa nunca mude. 

Lisa: Vamos continuar com aquele exemplo que você mencionou sobre a prisão, porque eu imagino que existe alguém que está nos ouvindo e que está atrás daquelas barras de ferro, segurando-as com as duas mãos e com lágrimas correndo por seu rosto. 

Nancy: Punhos cerrados.

Lisa: Punhos cerrados.

Nancy: Fortemente apertados. 

Lisa: Sim. Ela quer sair, mas também de modo bem estranho, ela se sente segura lá dentro. Ela ficou muito à vontade lá dentro. No entanto, quando você olha ao redor daquela cela você vê fotografias de morte e destruição, por assim dizer. Mesmo assim ela diz que ali é um lugar seguro. 

Nancy: Eu acredito que seja algo assustador para muitas mulheres. Não quero excluir os homens aqui, mas conversei com inúmeras mulheres e temos oferecido a perspectiva do perdão. Você não tem que viver assim, em alguns casos, em anos de escravidão espiritual, emocional ou mental. Estamos aqui te dizendo que você pode ser livre disso tudo. 

Há também algumas mulheres, acredito eu, que se acostumaram com suas celas e que pensam: “Acho que eu prefiro passar o resto da minha vida aqui do que ter que me arriscar, por qualquer coisa que seja, para poder sair daqui. Ao invés de liberar aquela pessoa da prisão na minha mente, eu quero continuar pensando sobre isso cada vez mais.”

Em sua mente você está julgando esta pessoa. Você a mantém no tribunal. Mas tem uma coisa aqui – e eu odeio dizer isso – mas tem algo prazeroso sobre estes pensamentos de vingança. Pelo menos pensamos que é assim. Nós não conseguimos perceber o quão destrutivo isso é.  

E também surge um certo medo quando pensamos: “O que vai acontecer se eu deixar para lá?” Imagine uma esposa que foi ferida em seu espírito durante o seu casamento, talvez ela tenha sido traída. Ela pode falar:

“Se eu o liberar desta cela na qual eu o coloquei, você me diz que isto me trará liberdade, mas pelo contrário, isto fará com que eu fique mais vulnerável. Talvez ele vá me ferir de novo. Na verdade, conhecendo-o como eu conheço, ele vai me machucar mais uma vez. Não sei se quero fazer isso. Não sei se realmente quero deixá-lo em liberdade. O que quero na verdade é que ele sofra. Eu quero que ele sinta a dor que eu senti. Ele me fez ficar extremamente infeliz e por isso eu quero que ele seja infeliz também. Caso eu decida perdoar, vou simplesmente deixá-lo sair de cara limpa.

Já ouvi várias mulheres falando isso para mim:

“Eu não quero deixar isso para lá – no que diz respeito ao meu marido – porque ele não vai perceber que precisa mudar. Ele não vai querer parar.”

Nós temos estes pensamentos e na verdade o que estamos fazendo é colocando-nos no lugar de Deus. “Eu quero ser Deus nesta situação. Eu quero estar no controle. Eu não quero entregar o controle.”

Abrir mão do direito ao pagamento, do direito de fazer com que a pessoa pague é uma coisa assustadora. Esta é a razão pela qual o caminho do perdão demanda , pois requer que eu confie no que Jesus fez. O livro de 1 Pedro 2 diz que Jesus se comprometeu, Ele continuou confiando no único que julga justamente.  

Se não soubéssemos que temos um Pai Celeste que é um Pai amoroso, sábio e justo, o qual no fim transformará toda a injustiça em justiça, perdoar seria como pular de um penhasco. Isto seria inimaginável. Mas quando perdoamos, entregamos nossa situação e nossas vidas nas mãos de Deus. 

Refletindo sobre a maravilhosa história demonstrada no Velho Testamento sobre graça e perdão, a última parte do livro de Gênesis, a história completa de José, o qual foi injustiçado de tantas formas. Seus irmãos o injustiçaram de tantas formas e durante muitos anos. 

Depois novamente no Egito, já nas mãos de Potifar, nas mãos da esposa de Potifar, e por fim sendo preso por um crime que ele não cometeu. Depois o homem que podia ajudá-lo a sair da prisão falha em manter sua promessa e fez com que José passasse mais anos ainda na prisão. José sofreu durante muitos anos. 

Até que finalmente chega o tempo em sua vida em que todas as coisas ruins ficaram para trás e agora ele se encontra em uma posição na qual ele pode vingar-se de tudo e de todos que pecaram contra ele. Quando seus irmãos souberam que José era um dos homens mais poderosos do Egito, vão até ele trêmulos, agitados e com medo. 

O que ele vai fazer com eles? Eles estão aterrorizados, mas José diz: “Estaria eu no lugar de Deus?” (Gênesis 50:19).

Este é o trabalho de Deus. É isto que o apóstolo Paulo diz em Romanos, capítulo 12, verso 19, “A vingança pertence ao Senhor.” Ele irá retribuir, por isso não faça justiça com as próprias mãos.

Podemos então pensar: “Bem, Deus, pegue ele. Vou orar para que o Senhor faça justiça.” Não é isto que deve estar nos nossos corações, mas a nossa oração deve ser: “Senhor, perdoe essa pessoa. Restaure esta pessoa.”

Você tem que ter fé, e isto diz respeito a estar disposta a abrir mão do controle e dizer: “Eu não sou Deus. Eu não estou no lugar de Deus. Este não é o meu trabalho. Eu não consigo ser um bom Deus. Eu não posso controlar o universo porque esta não é a minha função. Eu não tenho as habilidades necessárias para isso.” Quando insisto em agir como Deus eu estou, na verdade, me distanciando Dele. 

Então àquela mulher, utilizando o mesmo exemplo que você citou antes, segurando nas barras da cela, que diz: “eu quero sair daqui, mas não tenho certeza se quero sair daqui. Eu quero ficar agarrada a elas, mas também quero soltá-las.” Ah! Já estivemos nessa situação. Em algum momento de nossas vidas nós já estivemos nesta posição, sabendo que deveríamos soltar, mas querendo continuar agarradas à dor. 

Vou te dizer Lisa, e vou abrir um parêntese aqui. Assim que eu terminei de escrever este livro entreguei o original para a editora, e durante as duas ou três semanas seguintes, após ter convivido com este tema por meses – acredito que um pouco mais de um ano, aconteceu de eu ser  (não gosto de usar a palavra vítima, mas) recebedora de inúmeras ofensas. 

Posso te afirmar que nenhuma dessas ofensas pode ser comparada ao que muitas de nossas ouvintes estão passando neste momento, mas foram também coisas que me machucaram. Essas ofensas ressuscitaram algumas feridas antigas, as quais eu achava que tinham ficado no passado e que tinham sido perdoadas e esquecidas, e que aquilo não me afetaria mais.

Eu tive que lidar com algumas situações tendo acabado de ser ferida e realmente querendo me agarrar à mágoa, me mantendo de pé com meus punhos cerrados naquelas barras da cela e ciente de que havia acabado de escrever um livro sobre perdão. Eu tinha acabado de dizer a todas aquelas mulheres, “Libere. Libere.” “Pressione o botão deletar” – usando aqui uma analogia que uso no livro. “Libere.  Limpe o registro. Não se agarre a isto. Você vai apenas se ferir”. 

Eu vejo que há liberdade fora da cela, mas eu estava naquele lugar dizendo: “Eu acho que gosto daqui. Eu quero ter certeza de que esta situação será resolvida.” Eu tive que pregar as escrituras para mim mesma. Minhas palavras neste livro, minhas próprias palavras, voltaram para me assombrar. 

Foi como uma competição de luta livre. Eu gostaria de dizer que eu caí imediatamente, mas durou alguns dias ou talvez umas duas semanas que eu fiquei alimentando aquele sentimento e não desejando liberar o perdão.

Mas meu coração sabia que eu não queria viver naquele estado e Deus não queria me deixar viver daquele jeito. Eu sou tão grata pela convicção do Espírito Santo porque continuou apontando para o meu pecado de falta de perdão. Enquanto eu estava querendo focar no pecado que cometeram contra mim, Deus estava dizendo: “Eu quero que você olhe para o seu próprio pecado.”

Eu tive que dar o passo que eu mesma vinha exortando outras a darem neste livro, e entregar a Deus. Liberar. Apertar a tecla deletar. Você não tem que entender. Eles não precisam saber. 

Eu tinha escrito uma carta – na verdade, a carta não estava somente escrita em minha mente. Eu cheguei a digitá-la em meu computador. Eu a compartilhei com algumas pessoas próximas que fazem parte da minha vida, com as quais eu sei que posso contar e perguntei o que elas achavam sobre o envio daquela carta. Elas responderam, com muita sabedoria, “Você tem que liberar o perdão. Você tem que deixar para lá.” E eu pensava: “Mas eles tem que saber que me ofenderam!” Libere. Deixe para lá. 

Em alguns casos, acredito que devemos fazer algo para que o outro fique ciente do que aconteceu, mas não enquanto estivermos nos sentindo no direito de puni-las, ou se ainda estivermos nos sentindo amarguradas, ou ainda com o coração cheio de falta de perdão. Com o coração assim nunca seremos um instrumento na restauração de suas vidas.

Raquel: Nancy DeMoss Wolgemuth, juntamente com sua amiga Lisa Barry, nos deu uma visão prática sobre o perdão quando não sentimos vontade de fazê-lo. Este é um problema comum para muitas pessoas. Para ajudá-la a desenvolver uma visão bíblica sobre como deve ser liberar seu ofensor, adquira um exemplar do livro da Nancy, Escolhendo o Perdão no nosso site www.avivanossoscoracoes.com.

Você precisa ser curada de alguma dor emocional antes de perdoar? Nancy falará sobre isso no próximo episódio. Aguardamos você no Aviva Nossos Corações.

 

Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth faz parte do ministério Life Action.

Clique aqui para o original em inglês.