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A mulher moderna

Por Nancy DeMoss Wolgemuth

Faço parte da geração na qual os termos “liberação feminina”, “feminismo”, “direitos iguais”, e “casamento igualitário” são praticamente palavras do dia a dia.

Nossa sociedade não promove mais os valores de Deus para as mulheres. Feminilidade, modéstia, discrição, virtude e graciosidade são aparentemente relíquias de uma era passada – tão fora de lugar na cultura contemporânea quanto o cavalo e a carruagem.

 

Ao contrário, a mulher “ideal” de nosso tempo é glamorosa, sofisticada, agressiva, poderosa, voltada para sua carreira, independente, autossuficiente e sensual. Ela não precisa de nada nem de ninguém. Ela tem o controle de sua vida, assim como das circunstâncias e pessoas ao seu redor.

 

Em suas formas mais radicais, o movimento feminista é facilmente identificável. Nós o associamos aos esforços para eliminar toda e qualquer distinção entre homens e mulheres. Podemos pensar em tentativas de abolir as estruturas familiares tradicionais (tais como casamento monogâmico, maridos como provedores, mães como cuidadoras) e de substituí-las com alternativas depravadas (sexo livre, casamento homossexual, divórcio sem culpa, etc.). Vemos mulheres zangadas e estridentes marchando pelo direito do aborto e de salários iguais entre homens e mulheres.

Como mulheres cristãs, reconhecemos tais esforços pelo que são e desprezamos e condenamos este ataque tão óbvio aos padrões bíblicos.

 

Entretanto, a filosofia de liberação da mulher não está confinada à arena secular. Muitos elementos não tão óbvios desta filosofia têm penetrado e permeado nossas instituições e lares cristãos. Um bando de periódicos, escritores e palestrantes supostamente cristãos têm sutilmente promovido a filosofia egocêntrica, centrada nos direitos que são a raiz do movimento feminista. A maioria de nós, como mulheres cristãs, é muito mais influenciada por este tipo de pensamento do que percebemos.

 

Infelizmente as táticas do tentador não mudaram desde seu encontro com a primeira mulher no jardim. Assim como no ataque à Eva, a serpente apresenta sua filosofia hoje de maneiras sutis e enganosas que, na superfície, parecem ser inofensivas.

 

O inimigo atua através de nossa cultura e nossa natureza caída para nos persuadir de que se não nos levantarmos para defender nossos direitos, ninguém mais o fará; que temos o direito de sermos felizes e completas; e que uma vida de doação e serviço é escravidão.

 

O problema é que, por mais apelativo e atraente que o diabo faça parecer o seu programa, ele é um mentiroso. Ele é um enganador. Ele é o destruidor.

 

Por muitos anos, como viajo e ministro às mulheres, ouvindo-as compartilharem o que há em seus corações, tenho sofrido ao ver a devastação física, mental e espiritual sofrida pelas cristãs que foram enganadas. Elas rejeitaram o plano de Deus (talvez inconscientemente) para suas vidas e seguiram os planos à maneira do mundo pensar. Elas têm sido enganadas, acreditando nas mentiras de Satanás. Estão pagando um preço de consequências dolorosas em suas consciências, em seus corpos, emoções e espíritos, seus casamentos, seus filhos e netos.

 

Deixe-me sugerir que devemos começar aceitando o simples fato de que Deus nos fez mulheres e que Ele nos fez vastamente diferentes dos homens, não apenas psicologicamente, mas também emocional, mental e até mesmo espiritualmente. O caráter da mulher é um dom a ser valorizado, guardado e recebido com gratidão. Mas é um privilégio que vem com responsabilidades das quais não podemos escapar. Tais responsabilidades estão enraizadas no propósito para o qual Deus nos criou.

 

Assim que começamos a considerar nosso propósito para viver, descobrimos uma diferença fundamental entre o plano de Deus e o modo de pensar do homem. Na raiz da filosofia feminista está a visão de que a mulher existe para agradar e preencher seu próprio ser, de que ela é um ser independente, livre para fazer o que desejar.

 

Mas temos que reconhecer que, desde a sua criação, a mulher foi feita para o homem e dada ao homem, para ajudá-lo e atender suas necessidades. Mas ao ser uma ajudadora, a mulher encontra sua maior recompensa, porque ela funciona como Deus a desenhou.

 

Tudo a nosso respeito – nossa aparência, nossas atitudes, nossas ações, nossas palavras – ou ajudam ou atrapalham os homens que Deus colocou ao nosso redor ou com autoridade sobre nós. Nós os ajudamos quando os edificamos ou os respeitamos. Nós os atrapalhamos e os puxamos para baixo quando nos exaltamos. “Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.” (Provérbios 14.1)

 

Se nós “edificamos” ou “derrubamos” nossas casas, estamos sendo influenciadas por uma esfera que afeta mais do que apenas aqueles que vivem dentro das quatro paredes das nossas casas. Por nossas atitudes, palavras e comportamento como mulheres, ou somos sábias ou estamos simplesmente traçando uma marca indelével em nossas igrejas, sociedade e futuras gerações.

 

Atitudes que edificam

 

  1. Um lar sólido deve ser construído sobre a fundação de um compromisso permanente e incondicional. (“Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.” 31.12) O mundo diz “Você não tem que aguentá-lo. Você tem que achar alguém que te trate bem.” Mas a mulher de Deus está no seu casamento para dar, não para recebe re ela continuará dando não importa o custo.
  2. A mulher que rendeu todas suas expectativas a Deus tem um espírito agradecido. Por outro lado, a mulher exigente, guiada por seus direitos, sente que as pessoas devem coisas a ela e suas expectativas nunca podem ser satisfeitas. Ela conecta seu marido, filhos e outros às expectativas que ele não tem condições de cumprir.
  3. A mulher de Deus é vestida com humildade (1Pedro 5.5), aquela atitude do coração que a faz estimar os outros mais que a si mesma (Filipenses 2.3). A mulher orgulhosa destrói sua casa, bem como outras, colocando a si mesma, suas necessidades e seus desejos antes dos outros.
  4. Uma mulher sábia edifica sua casa com um espírito de mansidão, ou entregou todos os seus direitos a Deus. A mulher tola fica facilmente irada quando sente que seus desejos foram violados.
  5. A mulher que confia em Deus será capaz de responder à autoridade do seu marido com submissão e obedientemente. A mulher que resiste à direção do cabeça, aquele apontado por Deus, ameaça a segurança do seu lar. O desejo de uma mulher de controlar o homem é parte da maldição que resultou da queda (Gênesis 3.16). Um lar pode ser destruído por uma mulher dominadora e manipuladora, que é dirigida pelo desejo de controlar. A rendição edifica uma casa.
  6. O espírito de um lar é construído por uma mulher que irradia alegria– alegria que está enraizada não nas circunstâncias externas, mas na confiança que Deus é “o Bendito Controlador” de todas as coisas. A mulher centrada em si mesma infecta aqueles ao seu redor com seu espírito de descontentamento e amargura.
  7. A mulher misericordiosa e perdoadora “cobre uma multidão de pecados” com seu amor e é rápida em deixar de lado transgressões cometidas contra ela. Uma mulher tola aniquila sua casa ao manter um registro de ofensas e insistir em retaliar.
  8. A mulher de Deus reverencia seu marido, não necessariamente porque ele é digno de honra, mas porque ela concorda que Deus colocou este homem como cabeça dela. A mulher que destrói seu marido com uma atitude de desrespeito exalta a si mesmo e derruba totalmente sua casa.
  9. A mulher leal edificará seu marido e filhos falando bem deles aos outros. A atitude crítica destruirá o espírito da casa. A mulher tola comparará seu companheiro a outros homens de maneira desfavorável e se permitirá fantasiar a respeito do homem “ideal” com quem ela “realmente” gostaria de estar casada.
  10. “Acima de todas as coisas”, Paulo exortou, “amem ardentemente uns aos outros” (1Pe 4.8). Uma das coisas mais importantes que as mulheres de Deus mais velhas podem ensinar às mais novas é a amar seus maridos e filhos (Tito 2.4). A mulher amorosa não buscará seus próprios interesses, tempo, privacidade e realizações, mas dará de si mesma inteiramente para atender às necessidades dos outros sem esperar nada em troca. Por outro lado, uma atitude que busca sua própria satisfação é uma influência feia, cancerosa, destrutiva num lar.

 

Palavras que edificam

  1. A mulher sábia eleva o espírito do seu lar ao falar palavras de louvor a Deus e palavras de apreciação sincera, gratidão e admiração aos outros. Palavras críticas e que diminuem ferem o espírito e destroem a atmosfera do lar.
  2. Sempre que necessário, a mulher humilde deixará um exemplo para aqueles ao seu redor, sendo rápida em admitir que errou e buscando o perdão daqueles a quem feriu. A mulher orgulhosa é rápida em identificar as falhas dos outros, mas não está disposta a confessar suas próprias.
  3. Talvez a maneira mais poderosa de uma mulher influenciar sua família e os outros a serem justos seja uma oração de fé em favor deles. De fato, um autor sugere que “possivelmente, o destino de nossa nação seja decidido na pia da cozinha numa oração não vista do que no gabinete do Presidente.”
  4. Um lar, uma igreja e uma nação são edificados quando mulheres falam palavras de sabedoria (Provérbios. 31.26), ou seja, quando nossas palavras são governadas pela Palavra de Deus. Mas a mulher tola não está disposta a segurar sua língua e é rápida em falar o que pensa, independente de suas palavras serem validadas pela Palavra ou não.
  5. A mulher de Deus ministrará àqueles que ela ama com palavras de bondade (Provérbios. 1.26). Com palavras ternas e encorajadoras, ela ajudará a restaurar almas quebradas, fortalecerá os fracos e ajudará a curar feridas de rejeição e mágoa. A mulher tola, por outro lado, causa feridas profundas com sua língua. Palavras que expressam ira, dureza, depreciação, exigência e impaciência arrasam as vidas daqueles que ela toca. Talvez o maior prejuízo aconteça em seu próprio casamento quando ela responde às ofensas com ameaças verbais de deixar seu marido. Tais ameaças, mesmo se nunca levadas a cabo, plantam sementes de desintegração no casamento, que podem ser removidas somente com humildade e arrependimento.

 

Ações que edificam

  1. Um lar é construído com atos de obediência que brotam de um coração submisso e que confia em Deus. Nesta área, talvez mais que em qualquer outra, a esposa, por sua obediência ou desobediência, influencia a vida e o comportamento dos filhos. Paulo avisa que se as esposas não obedecem a seus maridos, as palavras de Deus serão “blasfemadas”. Tanto aqueles dentro de casa quanto os de fora rejeitarão a Palavra que viram ser  rejeitada por uma mulher rebelde e resistente.
  2. Uma mulher sábia é diligente em servir e atender as necessidades de sua família e dos outros. Ela “não come o pão da preguiça” (Provérbios 31.27). Ela devotou sua vida a servir àqueles a quem ama, enquanto confia em Deus para atender suas próprias necessidades. Servir é o campo peculiar das mulheres como “ajudadoras”. De fato, o relacionamento de Jesus com as mulheres que o seguiam era distinto do seu relacionamento com os discípulos homens de uma maneira bastante notável: Ele ministrava aos homens, mas as mulheres ministravam a Ele. Nos Evangelhos, sempre que se fala de ministério como sendo dado diretamente a Jesus, é o ministério dos anjos ou das mulheres.

A atitude do coração de um servo é lindamente ilustrada na resposta de Maria quando o anjo lhe disse que ela fora escolhida para dar vida ao Filho de Deus. Sabendo da inconveniência e sacrifício que seriam necessários, Maria humildemente respondeu “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra (Lucas 1:38)”. A mulher que busca ser servida e que se ressente do seu chamado para servir destruirá seu lar.

  1. Um lar temente a Deus exige uma mulher pura em cada aspecto. Ela não pode encher sua mente com livros, revistas, música ou programas de televisão sugestivos ou impuros, sem convidar o ataque de Satanás à sua casa. Até mesmo muitos romances “cristãos” e artigos de revistas podem levar uma mulher a viver num mundo de fantasia, em vez de preencher sua mente com pensamentos puros e leais a seu marido.

Em seus relacionamentos com homens, a mulher sábia será discreta, em vez de agressiva, ousada ou de ficar flertando. Ela fugirá de qualquer situação ou relacionamento que possa minar ou ameaçar o relacionamento com seu marido.

  1. Finalmente, uma mulher sábia reconhece e se deleita em seu chamado para ter filhos e para ser uma professora e cuidadora dos filhos que Deus lhe der. Ela cumpre a instrução bíblica de ser uma “operosa dona de casa” (Tito 2.5) e está disposta a sacrificar a “realização”, o desafio, a liberdade, ou a renda extra oferecida por uma carreira fora de casa para devotar-se ao seu primeiro chamado como esposa e mãe.

 

Lydia Sigourney, uma educadora cristã do século passado, escreveu a respeito das responsabilidades das jovens como mães. Ela disse aos homens “Considerem-nas responsáveis pelo caráter da próxima geração. A força da nação está nos lares de seu povo.”

 

Joquebede nunca teve reconhecimento nos livros de história. Esta mãe judia teve influência direta sobre seu filho por 4 ou 5 anos no máximo. Mas com os olhos da fé, visualizou o propósito único que Deus tinha para seu filho. Ela o discipulou a respeito da vontade e da Palavra de Deus. Ela o ensinou que os prazeres do pecado são somente temporais e que a obediência tem recompensas eternas. Oitenta anos mais tarde, Moisés encarou uma escolha. Ele poderia ter passado o resto de sua vida no palácio egípcio, aproveitando sua fama, luxo, facilidade e prosperidade. Ao contrário, ele escolheu identificar-se com o estigma e opressão do povo de Deus que resultou na salvação de toda uma nação. Creio que as raízes desta decisão serão encontradas em uma mãe discipuladora e comprometida.

 

Chamado ao arrependimento e restauração

Assim como em qualquer área da vida, a maneira de Deus pensar é exatamente o oposto da maneira do homem pensar. Agora mais do que nunca, há uma necessidade desesperada por nós como mulheres que identificam onde erramos e nos comprometamos com o plano de Deus para nossas vidas e para sermos diferentes – deixar que nossas vidas ofereçam uma alternativa à vida egoísta e conter as vozes poderosas do nosso tempo que tentam negar e desafiar a ordem criada por Deus para homens e mulheres.

 

Nunca é fácil nadar contra a maré, mas é exatamente o que devemos fazer se quisermos reaver o terreno que foi perdido por nossas escolhas tolas e pecaminosas.

 

Pessoalmente acredito que nossas atitudes, valores e comportamento como mulheres cristãs tem causado um dano incalculável à condição espiritual de nossos lares e igrejas e consequentemente, à nossa nação.

 

Estou convencida de que antes que experimentemos um avivamento genuíno pelo qual ansiamos em nossos lares e igrejas, nós, como mulheres, teremos que nos arrepender e retornar ao propósito para o qual Deus nos criou.

 

Que Deus nos conceda um novo derramamento de humildade, quebrantamento, obediência e fé, para que Ele possa usar nossas vidas como instrumentos de justiça e reavivamento para Sua glória!

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