No meu primeiro ano de convertida, assisti ou participei de treze casamentos, incluindo os de minhas duas irmãs mais novas e um ex-namorado. Senti que o Senhor estava fazendo hora extra com relação ao meu pecado de autopiedade naquele ano, mas como fruto de Sua obra santificadora surgiu o meu “ministério” informal de coordenadora de casamentos. Comecei ajudando uma de minhas irmãs e, quando a notícia se espalhou, acabei servindo inúmeros amigos.
Em um recente jantar após um ensaio de casamento, alguém me perguntou se era difícil, como mulher solteira, organizar e estar envolvida em tantas cerimônias de casamentos. Fiquei feliz em responder genuinamente que não. No entanto, nem sempre minha resposta foi essa. Lembro-me claramente de estar sentada em muitas recepções de casamento me sentindo nocauteada devido à amargura no meu coração. Avaliava cada aspecto dos casamentos que assistia e planejava como “meu” dia especial superaria o evento que se desenrolava na minha frente. Como qualquer devota da Cinderela, o ponto alto da minha vida seria aquele momento especial em que as portas se abrissem e todos os olhos, principalmente os do Meu Príncipe, estariam em mim. O que aconteceria na parte “felizes para sempre” era apenas um pequeno detalhe. Seria tudo sobre mim naquele dia.
E provavelmente no restante dos dias também.
Talvez seja por isso que o apóstolo Paulo pensou que era de suma importância que as mulheres mais velhas ensinassem às mulheres mais jovens como amar seus maridos. Como sempre, a Bíblia é radicalmente contra cultural à visão egocêntrica do mundo, alimentada a conta gotas às meninas nos contos de fadas, e alimentada a força às mulheres através de filmes, revistas e música. Temos que aprender a sair dos holofotes de princesa e aprender a amar da maneira que Deus define o amor. Um casamento não é o ponto de partida para o “Felizes para sempre”. É apenas o início de uma nova temporada, com oportunidades novas e diferentes para demonstrar o amor de Cristo que não estava presente quando solteira.
Fazendo-lhe bem todos os dias de sua vida
O rei Lemuel foi bem ensinado por sua mãe e sua sabedoria foi registrada em Provérbios 31. Ao escrever sobre a mulher virtuosa, disse que seu marido confia plenamente nela, e ela fará o bem e não o mal todos os dias de sua vida.
São todos os dias da vida dela—dias antes e dias após o casamento. Se você é solteira, há coisas que você pode fazer agora para semear boas sementes para um casamento abençoado por Deus. E se você não tiver certeza de que se casará? Embora o casamento seja a norma para a maioria, nem todas receberemos esse presente – isso é verdade -, mas ainda somos chamadas a nos preparar.
“Problemas no casamento são sempre o resultado do egocentrismo”, escreve Douglas Wilson no seu livro Her Hand in Marriage. “Portanto, o período da vida de solteira de uma pessoa deve ser usado para preparação para o casamento. Isso é importante mesmo que ela nunca se case. Isso ocorre porque a preparação bíblica para o casamento nada mais é do que aprender a seguir Jesus Cristo e amar o próximo. Em outras palavras, a preparação para o casamento cristão é basicamente o mesmo que a preparação para a vida cristã. Os cristãos devem se preparar para o casamento aprendendo abnegação, subjugando seu orgulho e colocando o próximo em primeiro lugar. Depois que aprendem a amar a Deus e ao próximo, estão preparados para entrar no pacto do casamento com um de seus próximos.”
Crescendo no amor Philandros
Em sua marcante série de ensino sobre as virtudes em Tito 2, Carolyn Mahaney observa que a frase “amar seus maridos” é apenas uma palavra no grego. É a palavra composta philandros, derivada de phileo (uma afeição calorosa) e andros (homem). Amar o seu marido com um amor terno, caloroso e profundamente afetuoso pode parecer algo óbvio até você pensar nas caricaturas de mulheres casadas há muito tempo em nossa cultura: desdenhosas, desrespeitosas, entediadas e astutas. Cultivar e manter esse carinho terno pode, às vezes, dar algum trabalho.
As mulheres solteiras podem se preparar para crescer no amor philandros agora, através da compreensão das doutrinas do pecado e a soberania de Deus. Se Deus tem casamento para nós (seu plano soberano), uma coisa que precisamos estabelecer agora em nossos corações é que não vamos nos casar com o príncipe encantado; casaremos com um pecador (a doutrina do pecado interior), assim como nossos maridos casarão com uma pecadora! Portanto, agora podemos “trabalhar o nosso coração ” para cultivar o amor philandros, tratando do que o prejudica: a amargura, o egoísmo, o medo e o julgamento pecaminoso que residem em nós. Quando, e se, Deus nos levar ao casamento, essa preparação nos ajudará a cultivar pensamentos e comportamentos ternos em relação a nossos maridos. Embora não haja espaço aqui para abrangermos esses tópicos, abaixo estão algumas perguntas que podemos considerar diante do Senhor enquanto ainda estamos solteiras:
- Amargura: Existe alguma falta de perdão em seu coração contra os homens que você namorou ou contra os homens que nunca lhe convidaram para sair? Você considera os homens solteiros em sua vida como irmãos no Senhor ou como maridos em potencial? Você reclama e resmunga regularmente sobre ser solteira? (Efésios 4:31-32)
- Egoísmo: Você está disposta a servir os “desagradáveis” ou os “menos favoráveis” em sua igreja ou círculo de amigos, mesmo quando ninguém está vendo? Concede aos outros, considerando-os melhores do que você, ou insiste no seu jeito? Considera seu tempo e sua agenda agora, como solteira, como uma temporada para se entregar aos seus próprios prazeres ou estar mais disponível para servir aos outros? (Filipenses 2:3-4)
- Medo: Você confia em Deus para o seu futuro ou acha que Ele esqueceu de você? Acha que os outros vão traí-la e, assim, “atrapalhar” o plano de Deus para sua vida? (Romanos 8:28-39)
- Julgamento pecaminoso: Você especula sobre os homens solteiros ao seu redor, para o bem ou para o mal? Está atribuindo motivos para suas ações sem humildemente pedir informações? Está constantemente se comparando com outras mulheres? (Tiago 3:13, 4:3)
Quer o Senhor prenda ou não um andros ao nosso amor phileo, esse tipo de “trabalho do coração” é crucial para crescer à semelhança de Cristo. Ao nos esforçarmos para nos tornar mais parecidas com nosso Senhor e Salvador, seremos dignas da total confiança de nossos maridos terrenos (caso nos casemos) e, finalmente, do nosso Noivo celestial.
Reproduzido da revista Joyful Woman. Usado com permissão da The Biblical Council of Manhood and Womanhood. www.ReviveOurHearts.com