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Esconda isso, não aquilo

Por Laura Elliot

 

Confissões daquela que escondia pepino, Volume 1. Sim, você leu certo. Eu sou perita em esconder pepino. Deixe-me explicar.

Eu odeio pepinos, sempre odiei. O sabor, a textura, as sementes pegajosas, a casca, enfim, tudo a respeito. Infelizmente, durante a maior parte da década de 1980 (também conhecida como “meu crescimento e amadurecimento”), meus pais faziam uma dieta que incluía uma salada em todas as refeições. E quando digo salada, quero dizer a mesma salada todos os dias. Alface, tomate, pepino, dia sim, dia não.

 

Bem, eu também detestava tomates (a mesma ladainha .. textura, sementes gosmentas …) e, felizmente chegava a ponto de vomitar se os comia, então me livrei de ter que enfrentá-los nas saladas diárias. Mas os pepinos não. Eu era obrigada a comer pepinos. A cada refeição lá estavam, apenas duas fatias, zombando de mim como um par de olhos arrogantes, deitadas sobre uma cama de alface americana, até que eu sumisse com eles da única forma que sabia … comendo-os.

Isso durou cerca de um ano, até que um dia decidi que jamais, em toda a minha vida, comeria pepino. Na época eu era filha única e comia bem devagar. Comecei a perceber que se eu demorasse muito para comer a refeição, meus pais acabavam se levantando para lavar a louça, assistir o noticiário na TV, ou fazer algo. Então eu esperava.

Comia o resto da minha comida bem devagar para não chamar atenção para aqueles pedaços de pepino que eu empurrava de lá para cá no prato, desejando que sumissem. Esperava aquele momento de paz onde eu me encontrava sozinha na sala de jantar, e então, silenciosamente, pegav os pepinos, escondendo-os no meu guardanapo, para jamais serem vistos. Terminando rapidamente o resto do meu jantar, levantava e rapidamente jogava o meu guardanapo no lixo.  Foi assim que nunca mais comi outro pepino durante todo o tempo em que morei com meus pais. E eles? Nunca descobriram até que, como adulta, eu confessei e me arrependi dos meus pecados empepinados.

 

As bagunças que escondemos

Embora eu não esconda mais pepinos (também não estou dizendo que os como?), devo confessar que meus dias de esconder coisas estão longe de terminar. Suponho que meus métodos se tornaram um pouco mais sofisticados. Por exemplo, como uma mulher casada, tornei-me perita em esconder minhas bagunças. Minha bolsa cheia de papel de chiclete, meu armário bagunçado no quarto e o armário no corredor quase transbordando de roupas para passar atestam que, em vez de esconder pepinos na esperança de apresentar um prato limpo, eu comecei a esconder minhas bagunças na esperança de apresentar-me como uma mulher super organizada. Provavelmente todas vocês sabem o que está por vir. . . provavelmente você aprendeu, como eu, que não podemos esconder nossas bagunças por muito tempo.

Eventualmente seu filho despeja o conteúdo de sua bolsa no banco da igreja, revelando um monte de recibos amassados do supermercado, embalagens de chiclete, cupons não usados, produtos femininos e talvez até uma lista de compras de sete ou oito meses atrás. (Como todas essas coisas couberam ali?)

Eventualmente seu pai, bem intencionado, passa na sua casa no final de semana e se oferece para ajudar limpar o quarto de despejo.  E seu queixo cai ao vê-lo escalar a montanha de roupas que ninguém usa mais, jogadas ali.

Eventualmente, vocês vão se mudar, o que requer preparar a casa para as visitas trazidas pelo corretor. Você pode ser vista dirigindo sua minivan pela cidade cheia de pedaços de salgadinhos, seus seis filhos, além de três cestas de roupa sujas e duas de roupas limpas que precisam ser dobradas. Nem vamos mencionar a bagunça debaixo da sua cama, onde, com o fervor de Susanna Wesley, você está orando para que os potenciais compradores não olhem.

Se você tem uma família ou amigas que a amam, se você pertence a uma comunidade de cristãos que falam a verdade em sua vida, se você tem um Deus cuja própria natureza traz luz aos cantos escuros, saiba disso: Você não pode esconder suas bagunças por muito tempo.

“Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz.” (Lucas 8:17)

 

Traga sua escuridão à luz

Então, vamos parar de tentar, certo? Vamos parar de nos esconder e trazer tudo à sua maravilhosa luz.  (IPedro 2:9)

 

Nosso pecado

Em Gênesis 37, os irmãos de José tramaram maldosamente com o propósito de ganho pessoal às custas de seu irmão e, em seguida, tentaram aliviar sua consciência coletiva permitindo que ele vivesse, eliminando as evidências de seu pecado. Isso funcionou por alguns anos, até que em um momento de desespero, eles se viram curvando aos pés do próprio “pecado” do qual haviam tentado se livrar. Se não expormos nosso pecado, eventualmente ele exporá nosso coração.

 

Nossas fraquezas

Paulo diz em  2Coríntios 12:5, “Nesse homem me gloriarei, mas não em mim mesmo, a não ser em minhas fraquezas.” Mas quem realmente faz isso? Na maioria dos dias me sinto como Davi, como se meu pecado, minhas fraquezas estivessem sempre diante de mim! Por que eu iria querer trazê-los à luz? Porque, como Paulo nos lembra alguns versículos depois . . .

“Mas ele me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.” (2Coríntios 12:9).

Nossas fraquezas não são uma bagunça a ser escondida, mas uma oportunidade de trazer glória Àquele que morreu para que possamos ser livres delas.

 

Nossa necessidade de ajuda

Escondido na história de quando Jesus curou a filha de Jairo, encontramos o relato da mulher com hemorragia – você lembra, aquela que tentou se esconder de Jesus, apenas tocando a bainha de sua vestimenta (Lucas 8: 45-48). Essa mulher sabia que precisava de ajuda e parecia saber que Jesus era o único que poderia ajudá-la. E mesmo assim ela se escondeu Dele, talvez acreditando que sua “impureza” de alguma forma diminuiria Sua capacidade de dar a ajuda que ela tão desesperadamente desejava. Até que sua necessidade foi trazida à luz:

“Então a mulher, vendo que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo e prostrou-se aos seus pés. Na presença de todo o povo contou por que tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada.” (v. 47)

Irmãs, reconhecer que somos pecadoras, fracas e necessitadas de ajuda abre muitas oportunidades para declarar na presença de todos que encontramos pelo caminho porque precisamos de Cristo e como fomos curadas por Sua graça.

 

Oculte isto

Se não podemos esconder nossas bagunças – nosso pecado, nossas fraquezas, nossa necessidade de Cristo, o que podemos esconder? Se você é uma escondedora em recuperação, como eu, tente esconder estas coisas:

 

Sua Palavra em seu coração

Se você já frequentou a escola dominical, escola bíblica de férias ou qualquer ministério infantil, provavelmente está bastante familiarizada com o Salmo 119:11:” Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti.” Então, que tal esconder a Palavra de Deus em nosso coração, usando-a para combater o pecado que tanto queremos esconder.

“Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:12)

 

Você NELE

Em vez de gastar tempo e energia tentando se esconder de Deus, vamos concentrar em nos esconder Nele.

“Pois no dia da adversidade ele me guardará protegido em sua habitação; no seu tabernáculo me esconderá e me porá em segurança sobre um rochedo.” (Salmo 27:5)

Talvez você seja como eu e esteja escondendo coisas por muito tempo. Talvez tenha começado com pepinos, embalagens e roupa suja, mas gradualmente mudou para coisas mais sérias – escuridão espiritual, pecado habitual, depressão, ansiedade, raiva, desesperança. Seja o que for, você se juntaria a mim hoje para trazer essa escuridão escondida para a luz? Pare de se esconder Dele; esconda-se Nele.

 

Esta semana, encontrei o texto deste antigo hino de J. Hyatt Brewer. Oro para que a profunda mensagem desse hino abençoe aquelas que estão procurando um lugar para se esconder hoje:

Salve amor soberano, que primeiro começou

O esquema para resgatar o homem caído;

Salve, graça eterna,  livre e incomparável,

Que deu à minha alma um esconderijo.

 

Contra o Deus que criou os céus,

Eu lutei com as mãos erguidas;

Desprezei as mansões de sua graça,

Orgulhoso demais para buscar um esconderijo.

 

Envolvido na noite escura do Egito,

Gostando mais da escuridão do que da luz,

Loucamente corri a corrida pecaminosa,

Seguro sem um  esconderijo.

 

Mas veja! o conselho eterno soou,

O amor todo-poderoso prende o homem;

Eu senti as flechas da angústia,

E descobri que não tinha esconderijo!


Justiça vingativa estava em vista,

Para o monte de fogo do Sinai voei;

Mas a justiça chorou com o rosto carrancudo,

Esta montanha não é um esconderijo!

Mas veja! uma voz celestial ouvi,

E o anjo da misericórdia logo apareceu:

Ele me conduziu num ritmo agradável,

A Jesus Cristo, meu esconderijo!

 

Se as tempestades de vingança rolarem sete vezes,

E sacudirem este globo de polo a polo:

Nenhum raio assustará meu rosto,

Enquanto Jesus é meu esconderijo!

Sobre ele a vingança onipotente caiu,

Que mais afundou um mundo no inferno;

Ele suportou por sua raça escolhida,

E assim se tornou um esconderijo!

Continue, ó sol, com pressa, ligeiro

E me leve a esse banquete constante,

Onde canções alegres de graça soberana,

São cantadas para Ele, o esconderijo.

 

Você está se escondendo Dele ou Nele hoje? Quais versículos você poderia esconder em seu coração como um ponto de partida para trazer luz aos cantos mais sombrios em sua vida?

 

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