As palavras da Bíblia têm o poder de transformar vidas (1Ts 2.13) e cumprir os propósitos de Deus. É a Sua Palavra que produz nova vida (1Pe 1.22-25), combate o pecado (Sl. 119.9-11), promove crescimento espiritual (1Pe 2.2), revela os verdadeiros propósitos do coração (Hb 4.12) e nos conforma à imagem de Cristo (Tg 1.22-25). Por isso, é importante aprender a estudar a Palavra.
O Espírito Santo torna nosso estudo eficaz. Ele nos ensina as verdades de Deus, nos guia à verdade, nos capacita a discernir o erro, ilumina nossas mentes para compreender a verdade e nos dá poder para obedecer.
Ao começar um estudo das Escrituras, existem várias verdades básicas a serem lembradas. A Bíblia é divina em sua origem. Ela é a revelação sobrenatural e progressiva de quem Deus é e do relacionamento do homem com Deus. A Bíblia é uma coleção única de sessenta e seis livros escritos por homens sob a direção e influência do Espírito Santo (2Pe 1.20–21). Ela é unificada em todas as suas partes e nunca estará em contradição consigo mesma (Sl 119.160). É inspirada e, portanto, infalível e fidedigna (Sl 18.30; 2Tm 3.16; Jo 17.17).
Os passos principais para estudar a Bíblia de modo indutivo são:
Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação.
Observação
Observar é aprender a ver o que o texto diz.
Faça seis perguntas básicas na observação
- Quem? Quem está falando? De quem se está falando? Para quem se está falando?
- O quê? Qual é o assunto sendo discutido? O que aconteceu? Quais são os resultados? O que aconteceu antes? O que aconteceu depois? Quais ideias estão sendo expressas?
- Onde? Onde isso está acontecendo? (Um manual bíblico pode ser útil.)
- Quando? Quando essa atividade ou discussão está acontecendo?
- Por quê? Qual é a razão ou o propósito dessa atividade ou discussão?
- Como? Como as coisas estão acontecendo? Com que rapidez? Como as pessoas estão respondendo?
Descubra a forma, estrutura ou arranjo da passagem
- Fique atenta a quebras naturais no texto, suas divisões e subgrupos.
- Que tipo de passagem é essa? Poesia, narrativa, parábola, argumento lógico, discurso, conselho prático, história, drama, pergunta e resposta, lista, mandamento, declaração, contraste, comparação, ilustração, pergunta, repetição, causa e efeito?
Encontre as palavras-chave na passagem
- São palavras literais ou figuradas?
- Qual a sua classe gramatical? (substantivo, verbo, preposição, conjunção)
- Observe o gênero, número, tempo verbal.
- Determine o que a palavra-chave significa no contexto. (Ferramentas úteis incluem uma concordância, um dicionário, um manual bíblico, um dicionário bíblico, traduções diversas.)
Procure comparações e contrastes
- Fique atenta a palavras como "ainda assim", "assim como", "do mesmo modo", "mas", "nem", "não".
Investigue o uso de referências ao Antigo Testamento
Observe a progressão de uma ideia ou raciocínio
Registre repetições
- Existem palavras, frases ou expressões que são repetidas?
- Por que elas são repetidas e como se relacionam?
Visualize os verbos
- Perceba a ação ou movimento da passagem.
- O que está sendo feito ou acontecendo?
Visualize as ilustrações
Examine as explicações
- Uma explicação é qualquer coisa usada para ilustrar, esclarecer, iluminar, descrever ou demonstrar.
- Para entender uma explicação de forma clara, você deve seguir a lógica do autor.
Esteja atenta a conexões e conjunções (se, portanto, porque, ou, então, mas, a fim de que).
Esteja disposta a mudar o seu ponto de vista
- Abandone ideias preconcebidas.
- Leia a passagem como uma observadora imparcial.
- Coloque-se no lugar dos indivíduos.
- Aprenda a observar a partir de diferentes perspectivas.
Faça anotações enquanto estuda
Interpretação
Após observar o que o texto diz, passamos para a etapa da interpretação, que é descobrir o que o texto significa. Estas são as regras que formam a base para a interpretação bíblica das Escrituras:
- Parta do pressuposto de que a Bíblia é fidedigna.
- A Bíblia se interpreta – as Escrituras são o que existe de melhor para interpretar as Escrituras.
- A fé salvífica e o Espírito Santo são necessários para entendermos e interpretarmos corretamente as Escrituras.
- Interprete experiências pessoais à luz das Escrituras e não as Escrituras à luz de experiências pessoais.
- Exemplos bíblicos são exemplares somente quando corroborados por um mandamento.
- O propósito principal da Bíblia é transformar as nossas vidas, e não aumentar o nosso conhecimento.
- Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar a Palavra de Deus por si mesmo.
- A história da Igreja é importante, mas não decisiva na interpretação das Escrituras.
- As promessas de Deus ao longo da Bíblia estão disponíveis para os crentes de todas as gerações.
- Interprete as palavras em harmonia com o seu significado na época em que o autor as escreveu.
- Interprete uma palavra em relação à sua frase e contexto.
- Interprete uma passagem em harmonia com seu contexto.
- Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a frase pode ser considerada figurada.
- Quando uma expressão não condiz com a característica do que está sendo descrito, a afirmação pode ser considerada figurativa.
- As partes principais e figuras de uma parábola representam determinadas realidades. Considere apenas essas partes principais e figuras ao tirar conclusões.
- Interprete as palavras dos profetas em seu sentido comum, literal e histórico, a menos que o contexto ou a forma como são cumpridas indique claramente que têm um significado simbólico. Seu cumprimento pode ser em parcelas, com cada cumprimento sendo uma promessa do que está por vir.
- As Escrituras tiveram a sua origem em um determinado contexto histórico, portanto, só podem ser compreendidas à luz da história bíblica.
- Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são partes essenciais dessa revelação e formam uma unidade.
- Fatos ou eventos históricos se tornam símbolos de verdades espirituais apenas se as Escrituras assim determinarem.
- Você precisa primeiro entender o texto bíblico de um ponto de vista gramatical antes de poder entendê-lo de um ponto de vista teológico.
- Uma doutrina não pode ser considerada bíblica a menos que esteja inteiramente baseada na totalidade do que as Escrituras dizem sobre ela.
Correlação
Como a Bíblia é a verdade, e toda verdade, devido à sua origem divina, é unificada, é importante relacionar várias verdades entre si. Isso ajuda a tirar conclusões que sejam consistentes com o que o restante da Bíblia diz sobre um determinado assunto.
Referências cruzadas de palavras
Descubra como uma palavra é usada em outras passagens.
Referências cruzadas paralelas
Versículos ou ideias que dizem praticamente a mesma coisa. As diferenças na formulação e no contexto trazem uma nova compreensão sobre o assunto.
Referências cruzadas correspondentes
Os escritores do Novo Testamento frequentemente citam o Antigo Testamento. Estudar o contexto das passagens citadas muitas vezes ajuda a entender o ponto que o autor está destacando.
Referências cruzadas de ideias
Apreenda a ideia central da passagem e compare-a com uma ideia similar em outra parte da Bíblia.
Referências cruzadas contrastantes
Exemplos contrastantes nos ajudam a ter uma compreensão adequada do que as Escrituras ensinam sobre determinado assunto.
Aplicação
Aplicar é responder à pergunta: “O que devo fazer?”
Os perigos de NÃO aplicar a Palavra de Deus:
- Você se engana ao acreditar que saber é o suficiente.
- Você não crescerá em maturidade espiritual.
- Você não reterá o que não pratica.
- A sua vida será uma contradição do que você diz crer.
- Você comprometerá a sua capacidade de ensinar de forma eficaz.
Regras gerais de aplicação:
- A aplicação não deve ser feita antes da observação e da interpretação.
- A aplicação deve ser uma decisão, e não uma emoção.
- A aplicação deve acontecer no decorrer de um período de tempo apropriado.
- A aplicação deve ser completa, não parcial.
- A aplicação deve depender do poder do Espírito Santo.
- A aplicação deve incluir um plano de ação que seja:
- Significativo o suficiente para implicar um compromisso.
- Simples o suficiente para ser entendido.
- Curto o suficiente para ser seguido.
- Específico o suficiente para ser mensurado.
- Espiritual o suficiente para fazer a diferença.
Regras específicas para uma aplicação eficaz:
- Escreva o ensinamento de uma passagem na forma de um princípio ou verdade atemporal que seja consistente com a Palavra de Deus, relevante para hoje e claro o suficiente para ser seguido de forma específica.
- Examine como a aplicação pode beneficiar relacionamentos específicos.
- Pergunte a si mesma se a passagem tem:
- Um princípio a ser aplicado
- Um mandamento a ser obedecido
- Um pecado a ser confessado e abandonado
- Um hábito a começar ou parar
- Uma atitude a corrigir
- Uma verdade a crer
- Uma promessa a ser reivindicada
- Um exemplo a ser seguido
- Uma área a ser entregue a Deus
- Uma ação específica a ser tomada
- Uma condição a ser cumprida
- Uma pessoa a ser perdoada
- Um perigo ou erro a ser evitado
- Uma mudança a ser feita no meu caráter, conduta ou conversa
Coloque a aplicação em prática, dependendo do poder do Espírito Santo que habita em você.
[Clique aqui para ler o original em inglês.]
Conteúdo escrito por Bill Zebell
(Conceitos extraídos de A Layman’s Guide to Interpreting the Bible de Walter A. Henrichsen)
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