Minhas irmãs e eu só levávamos nossa mãe a sério quando ela gritava. É triste dizer isso, mas é verdade.
Ela nos dizia para fazer alguma coisa e nós a ignorávamos. Alguns minutos depois, ela repetia a ordem — dessa vez, mais alto. Finalmente, quando sua paciência chegava ao limite, ela gritava com todas as forças e nós respondíamos. Sabíamos: quando a mamãe alcançava os decibéis mais elevados, ela estava falando sério.
Mamãe não apenas tinha o hábito de gritar, ela era uma gritadeira luso-italiana, descendente de uma longa linhagem de gritadeiras luso-italianas. A mãe dela gritava. A avó dela gritava. A bisavó dela gritava.
Adivinha no que isso me tornou? Isso mesmo — uma mulher que grita. Uma gritadeira de, no mínimo, décima quarta geração.
Esse não foi um hábito que planejei adquirir. Havia muitos aspectos da minha infância que prometi não repetir com a minha própria família, mas, de alguma forma, gritar não entrou na lista. Afinal, eu também era luso-italiana. Luso-italianas tinham cabelo escuro, comiam massa e gritavam.
Então, eu me tornei cristã. E coisas estranhas começaram a acontecer.
Primeiro, eu passei a ter o desejo de ler a Bíblia. Toda manhã, eu lia um ou dois capítulos e escrevia um resumo do que havia lido. Um dia, eu estava lendo o livro de 1 Pedro quando me deparei com estas palavras:
Que a beleza de vocês não seja exterior, como tranças nos cabelos, joias de ouro e vestidos finos, mas que ela esteja no ser interior, uma beleza permanente de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus. (1Pe 3.3–4)
Na quietude daquele momento, a Palavra de Deus me ajudou a perceber: “Você não tem um espírito manso e tranquilo. Você grita com suas filhas. E, nos dias bem ruins, você grita com seu marido.”
“Oras, mas é lógico que eu grito”, pensei. “Sou descendente de portugueses e italianos. Luso-italianas gritam.”
Mas eu não era mais definida apenas pela minha herança luso-italiana. Eu era uma nova criação, uma seguidora de Jesus.
Aquele momento horrível e maravilhoso
Naquele momento horrível e maravilhoso, vi o meu hábito de gritar da mesma forma que Deus via — como um sintoma de raiva e falta de autocontrole — e eu chorei.
“Me perdoe, Deus", eu orei. "Eu não tenho Te honrado na maneira como trato minha família. Peço que me perdoes e me ajudes a mudar. Eu quero ter um espírito manso e tranquilo. Quero ser bela aos Teus olhos.”
Eu gostaria de poder dizer que, depois daquela oração sincera, nunca mais gritei, mas não posso. Eu era, afinal, luso-italiana — com um hábito de usar a minha voz para expressar minha raiva e frustração que já perdurava por 30 anos. Mas aquele dia marcou uma mudança dramática na maneira como eu via a minha tendência a gritar. Depois que vi o meu pecado pelos olhos de Deus, eu não conseguia mais ignorá-lo. E não conseguia mais justificá-lo.
O Senhor também me mostrou que, assim como a minha mãe antes de mim, eu havia treinado minhas filhas a responderem apenas quando eu gritava. Como eu não exigia que respondessem na primeira vez, elas sabiam, assim como minhas irmãs e eu sabíamos, que eu falava sério apenas quando estava tão frustrada e brava que começasse a gritar.
Logo após minha conversa com Deus sobre meu espírito inegavelmente não manso e não tão tranquilo, sentei minhas filhas para um tête-à-tête.
Meninas, Deus me mostrou algo sobre mim que vocês provavelmente já sabem — a mamãe grita muito. Deus quer que eu pare, e eu preciso que vocês me ajudem.
A partir de agora, quando eu pedir para vocês fazerem algo, espero que obedeçam. Não na segunda vez nem na terceira. Na primeira.
E se vocês me ouvirem gritar, dou permissão para me lembrarem de que Deus não quer mais que eu faça isso.
Sérias e de olhos arregalados, elas assentiram com a cabeça e então trocaram um olhar de canto de olho.
Aquela conversa foi o segundo passo de um longo processo.
Apesar da nossa conversa sincera, minhas filhas tiveram dificuldades em obedecer na primeira vez. Elas também estavam aprendendo novas respostas e desaprendendo as antigas. Mas eu fui firme. Havia muito em jogo. Obediência na primeira vez ou sofrer as consequências. Quando elas não obedeciam, tinham que fazer duas tarefas em vez de uma ou perdiam o privilégio de usar telas ou participar de outras atividades recreativas.
E o que acontecia quando eu gritava com elas por frustração ou raiva? Eu confessava — para elas e para Deus, me arrependia e reformulava a comunicação em algo mais gentil, mas firme.
Eu não fazia tudo isso perfeitamente o tempo todo, mas Deus estava me transformando.
Gradualmente — muito gradualmente — aprendemos a honrar a Deus pela maneira como respondíamos umas às outras. Às vezes, recaíamos em nossos velhos padrões, mas a atmosfera em nossa casa mudou de barulhenta e brava para calma e pacífica.
30 anos depois
Trinta anos se passaram desde que Deus e eu tivemos aquela conversa sobre gritar. Quando compartilho essa parte da minha história, as pessoas ficam chocadas. “Não consigo imaginar você gritando com alguém”, elas dizem. “Às vezes, ainda sinto um grito subindo pela minha garganta”, eu confesso. Afinal, eu ainda sou luso-italiana e velhos hábitos custam a morrer.
Mas, pela graça de Deus, não sou mais quem eu costumava ser. Com a ajuda dele, estou me tornando uma mulher que usa suas palavras para edificar os outros, dissipar a raiva, compartilhar conhecimento, trazer refrigério para a alma e salvar os outros da morte. Estou me tornando uma mulher conhecida por seu espírito manso e tranquilo.
Imagine só! É só Deus mesmo!
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