Nossa sociedade tem comprado a filosofia de que há (ou deve haver) um remédio (preferencialmente rápido e fácil) para qualquer anseio não realizado.
Somos encorajadas a identificar nossos anseios e fazer o que for necessário para que essas “necessidades” sejam satisfeitas. Então… se você está com fome, coma. Se você quer algo que não pode bancar, parcele. Se você quer viver um romance, vista e aja de uma forma que os homens notem você. Se está sozinha, compartilhe seu coração com aquele homem casado do trabalho.
A próxima vez que você estiver passando por uma banca de jornal, dê uma rápida olhada nas revistas femininas que estão expostas. Ou repare no seu feed nas redes sociais. Não importa onde você olhe, você será confrontada com ofertas que prometem satisfazer todos os desejos imagináveis:
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De alguma forma, em algum lugar, existe uma forma de satisfazer seus desejos — pode ser:
- um livro que te ensine a fazer algo
- um livro de romance
- um cruzeiro
- um namorado novo
- um novo corte de cabelo, guarda-roupa, casa ou emprego
- uma pizza com a borda recheada com bastante catupiry
- uma casa de capa de revista
Na melhor das hipóteses, esta forma de pensar tem deixado muitas mulheres ainda insatisfeitas, ainda tateando, ainda procurando por algo que preencha seu vazio interior. Na pior das hipóteses, tem causado dores emocionais profundas.
Essa mentira alimenta a ansiedade, o ressentimento e a depressão. Faz com que mulheres troquem a sua virgindade por um pouco de calor humano e promessa de companhia. Pode levar uma mulher casada a buscar satisfação nos braços de um colega de trabalho que afirma se importar com seus sentimentos. Pode levar uma jovem ao altar para trocar votos de casamento por motivos completamente errados. E, um dia, pode levar essa mesma mulher a pedir um divórcio — num esforço de atender seus profundos e insatisfeitos anseios internos.
“Carmen” compartilha onde essa mentira a levou:
Acreditando que não deveria viver com anseios frustrados, conseguia o que eu queria quando eu queria. Roupas, viagens à Europa, ou finais de semana fora – tudo custeado com cartões de crédito ou financiado de alguma forma, até eu chegar, com apenas 22 anos, a uma dívida de aproximadamente 7.000 a 10.000 dólares.
A história de "Eileen" também ilustra as profundezas da destruição emocional e pessoal que podem resultar de acreditar nessa mentira:
Eu não estava sexualmente satisfeita no meu casamento e acreditava que a culpa era do meu marido. Eu o culpei e procurei outro homem para me satisfazer sexualmente. Chamei isso de amor, sabendo que era lascívia, mas acreditando que meu marido me devia satisfação sexual. Foi ótimo por um tempo, mas quando tudo desmoronou, a culpa, a vergonha e a destruição deixaram um rastro de dor e sofrimento tão grande que não valeu a pena o prazer que eu possa ter sentido por um momento tão breve.
Como a Verdade pode nos livrar das algemas desse engano?
Primeiro, temos que reconhecer que sempre teremos anseios não realizados aqui na terra (Romanos 8.23). Na verdade, se tivéssemos todos nossos anseios satisfeitos aqui, facilmente nos contentaríamos em ficarmos por aqui, e nossos corações nunca ansiariam por um lugar melhor.
É importante entender que nossos anseios internos não são necessariamente pecaminosos em si mesmos. O que é errado é quando transformamos nossos anseios em ídolos — quando exigimos que estes anseios sejam satisfeitos aqui e agora, ou insistir em satisfazê-los de formas ilegítimas.
Deus criou o desejo sexual. O sexo é um bom presente (Gn 2.24–25; Pv 5.18–19; 1Co 7.3–5). Não é errado satisfazer o desejo por intimidade sexual, desde que o façamos no tempo e da maneira de Deus—no âmbito de uma aliança conjugal entre um homem e uma mulher. No entanto, o mundo nos diz que temos o direito de satisfazer nosso impulso sexual, independentemente de como, quando, onde ou com quem.
A comida também é um bom presente (Sl 145.15; 1Tm 4.3–4). Não é errado sentir fome física, nem é errado comer. O que é errado é quando nos entupimos de comida na tentativa de satisfazer anseios emocionais e espirituais.
Da mesma forma, não é errado ser casada ou ter filhos, mas é um erro esperar que o casamento ou a maternidade satisfaçam nossas necessidades mais profundas.
Podemos ser honestas com Deus sobre o que desejamos. Mas, até que Ele nos proporcione o contexto legítimo para satisfazer esses desejos, devemos aprender a estar contentes com anseios não satisfeitos.
Além disso, precisamos perceber que os anseios mais profundos de nossos corações não podem ser preenchidos por qualquer pessoa ou coisa criada que seja. Esta é uma das verdades mais libertadoras que descobri em minha própria jornada espiritual. Por anos, esperei encontrar nas pessoas e nas circunstâncias a minha felicidade. Constantemente, quando elas falhavam em cumprir as minhas expectativas, me via insatisfeita e desapontada.
Tudo o que é criado certamente nos decepcionará. As coisas podem queimar, quebrar, ser roubadas ou ser perdidas. As pessoas podem se mudar, mudar, falhar ou morrer. Foi necessário a perda de alguns dos meus amigos mais queridos há alguns anos para me despertar para a Verdade de que eu sempre viveria em um estado de decepção se estivesse esperando que as pessoas me satisfizessem no profundo do meu ser.
Já conversei com muitas mulheres solteiras — algumas delas mulheres piedosas e comprometidas com a fé — sobre sua luta contra a solidão e o desejo de que Deus lhes traga um marido. De vez em quando, me vejo lembrando essas preciosas mulheres de algo que elas já sabem na mente delas — que o casamento não é necessariamente a cura para a solidão. Todas nós conhecemos mulheres casadas que lutam com um profundo sentimento de solidão e isolamento.
O fato é que não existe nenhum homem na face da terra que possa satisfazer os anseios mais profundos do coração de uma mulher. Deus nos fez de tal forma que nunca poderemos nos sentir verdadeiramente satisfeitas com algo ou alguém que não seja Ele mesmo (Sl. 16.11; 34.8–10).
Seja casadas ou solteiras, devemos reconhecer que não é errado ter anseios não satisfeitos—eles não nos tornam menos espirituais. Devemos aprender a aceitar esses anseios, entregá-los a Deus e esperar nele para satisfazer as necessidades mais profundas de nossos corações.