Isso pode ser uma surpresa para você, mas você está lendo as palavras de uma ex-criminosa.
Quando eu tinha doze anos, antes de conhecer a Jesus, eu cometi um crime. A pedido de algumas influências negativas em minha vida, roubei algo, fui pega, presa, suspensa da escola e acusada de roubo.
Nos Estados Unidos, quando uma pessoa é presa e acusada de um crime, em algum momento ela deve ir ao tribunal e comparecer perante um juiz. A justiça precisa ser feita pelo crime que foi cometido. Meu roubo precisava de punição para absolver o crime, um erro tinha que ser corrigido. A paz precisava ser restaurada.
Uma despensa totalmente abastecida
Como parte do fruto do Espírito descrito por Paulo em Gálatas 5, a paz é acessível a todos os crentes. Mas com amor, alegria, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, devemos assumir a responsabilidade de crucificar a carne e andar no Espírito para que possamos produzir e colher frutos em nossas vidas. Em outras palavras, Deus nos deu uma despensa abastecida de comida para nos suprir, mas devemos caminhar até a despensa, pegar a comida e comer. Ele é o provedor e produtor, mas temos a responsabilidade de dar muito fruto.
Em Gálatas 5.22, a palavra grega original eirene é traduzida como paz, que pode significar “relações harmoniosas e livre de disputas”1 ou talvez livre de preocupações. Especificamente aqui, a paz está se referindo a uma condição de integridade e bem-estar que inclui tanto um relacionamento correto com Deus quanto uma harmonia amorosa com os outros.2
Quando eu estava diante do juiz, ele me prescreveu uma sentença para restaurar a eirene com a comunidade. Minha sentença incluiu três consequências: tive que participar de sessões em grupo com outros jovens que cometeram crimes, fui colocada em liberdade condicional e fiz check-ins mensais com policiais e, aos doze anos, tive que participar de serviços comunitários para devolver o valor daquilo que roubei. Depois de muito tempo (e acredite, a parte do serviço comunitário levou um longo tempo), eu restaurei a eirene, ou a paz, com a comunidade e com aqueles que foram ofendidos.
Assim como as consequências do meu crime, o conceito bíblico de paz é multifacetado e Gálatas não é o único lugar na Bíblia que aborda isso. Em muitas das cartas de Paulo, ele discute a paz, concede a paz e cumprimenta os outros com a paz. Vamos mergulhar um pouco mais fundo em três exemplos específicos do fruto da paz.
Paz com Deus
Gênesis 3 indica que por causa da queda de Adão e Eva, nascemos pecadores: iníquos, ímpios e injustos diante de Deus. Antes de conhecermos a Cristo, somos inimigos de Deus (Romanos 5.10). Todos nós, cada um de nós, cometemos crimes pelos quais somos culpados. Nós somos pecadores.
Porque somos pecadores, estamos alienados de Deus, separados Dele e nossa tendência natural é odiá-Lo. Deus não pode nos tolerar e a tudo aquilo de que somos culpados. De fato, a Bíblia diz que Deus manifesta seu furor todos os dias (Salmo 7.11).
Em Efésios 6.15, Paulo se refere ao evangelho como “o evangelho da paz” porque traz paz entre Deus e o pecador. Quando você coloca sua fé em Cristo, Deus o declara justo. Ele atribui a justiça de Cristo a você e você é declarada justa. Você está agora em um relacionamento correto com Deus. Você tem uma ficha limpa. Você é justificada pela fé em Cristo e pela obra que Ele fez na cruz.
Imagine estar diante de um juiz pronto para enfrentar a pena por um crime do qual você é indubitavelmente culpada e uma pessoa completamente inocente que conhece os crimes que você cometeu entra na sala do tribunal, afasta você e diz: “Eu aceito a pena e arcar com as consequências em seu nome”. Você ficaria chocada, não é? Por que alguém faria uma coisa dessas?
Isto é o que Cristo fez por nós. O amor o compeliu a pagar a penalidade em meu nome… e eu não fiz nada para merecer isso.
Pois foi do agrado de Deus
que nele habitasse toda a plenitude
e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas,
tanto as que estão na terra
quanto as que estão nos céus,
estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.
Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação. (Colossenses 1.19-22)
Para estar diante de Deus como limpa, justa e justificada, eu precisava de um advogado para morrer em meu lugar: Jesus Cristo. Ele justificou perfeitamente meu crime de maldade. E o pagou integralmente. E qual foi o resultado? “Temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1).
Somente pela graça, somente por meio de Cristo, todo cristão tem paz com Deus. Não há outro caminho. “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade” (Efésios 2.14).
Por causa de Cristo e Sua morte, o muro que nos separava de Deus não existe mais. Estamos reconciliados; estamos em paz.
Paz em nossos corações
Na noite anterior à crucificação de Jesus, Ele falou sobre paz. Jesus sabia que estava prestes a enfrentar tortura e morte, mas desejava incutir a mensagem de alegria e paz em Seus seguidores. Se você soubesse que morreria amanhã, sobre o que você gastaria seu tempo falando? Jesus escolheu a paz. Ele disse: “Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo” (João 14.27).
Que tipo de paz o mundo oferece? A paz de espírito do mundo é baseada nas circunstâncias, oferecendo uma variedade de soluções de manutenção da paz para diferentes circunstâncias. E muitas dessas coisas são boas! Temos a força policial, médicos para cuidar de nossas necessidades médicas, remédios e vacinas, bancos para garantir nosso dinheiro, abrigo sobre nossas cabeças, fechaduras em nossas portas, sistemas de segurança, seguro de vida, contas de aposentadoria, abrigos contra tempestades… A lista poderia continuar. Essas “salvaguardas” são projetadas para oferecer tranquilidade.
Mas Jesus disse no meio do versículo 27: “Não a dou como o mundo a dá”, o que significa que Sua paz não é definida por boas circunstâncias. Ela acontece apesar das más circunstâncias.
Quando as fechaduras são quebradas, quando a igreja fecha, quando a multidão vem, quando a segurança de nossos filhos é incerta, quando o tratamento medicamentoso não é bem sucedido, quando não recebemos a aprovação que achamos que merecemos, quando os sistemas de segurança falham, Jesus diz: “Eu dou uma paz que não oscila”.
Quando cometi o roubo, não poderia me importar menos com aquilo que roubei. Eu nem mesmo guardei o objeto, eu o dei para meus amigos que me pressionaram para roubá-lo. Mas o que me importava era a aprovação. A aprovação foi a minha paz. Eu estava concorrendo com o público errado e desejava profundamente amigos que me aceitassem. Se eu tivesse aprovação, pensei, encontraria a paz. Meu coração buscava segurança e paz em lugares mundanos e inconstantes, em vez de algo que é eternamente seguro.
Quando confio em Deus, em Seu caráter e em como Ele está trabalhando em minha vida, recebo a paz sobrenatural de Cristo. A perfeita paz é encontrada quando meus olhos estão fixos em Jesus, não na tempestade ou nas ondas ao meu redor.
Paz com os outros
Porque recebemos o ministério e o dom da reconciliação, somos chamados a reconciliar e fazer as pazes com os outros:
- “Bem-aventurados os pacificadores” (Mateus 5.9).
- “Façam todo o possível para viver em paz com todos” (Romanos 12.18).
- “Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz” (Romanos 14.19).
- “Quem quiser amar a vida e ver dias felizes… busque a paz com perseverança” (1 Pedro 3.10–11).
Três vezes nos versículos acima somos chamados a buscar a paz e procurar por ela. A palavra procurar é na verdade traduzida da mesma palavra que perseguir. Quando alguém está sendo perseguido, é intencionalmente escolhido, procurado. Há um esforço intenso para rastrear essa pessoa ou grupo de pessoas. É assim que devemos buscar a paz. Com todo esforço, devemos buscar a paz com todos os homens. Não apenas algum esforço, nem um pequeno, mas com todo o esforço.
É claro que “todo o esforço” pode não resolver todos os problemas. Houve situações em minha vida em que posso estar confiante diante do Senhor e dizer: “Fiz tudo o que pude”, mas a pessoa em questão não queria se reconciliar ou fazer as pazes. Isso acontece. Mesmo assim, fiz o que o Senhor me pediu. Eu oro por ela e não guardo rancor em meu coração.
Produzindo o Fruto da Paz
Você pode não ter um registro criminal que precise de restauração, mas cada um de nós deve produzir o fruto da paz porque somos chamados a compartilhar Cristo, o Príncipe da Paz, com um mundo perdido e quebrado. Deve ser um alívio que não possamos produzir o fruto da paz por nós mesmos: precisamos depender do Espírito Santo para produzi-lo em nós. Precisamos permanecer na videira.
Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. (João 15.5)
Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos. (João 15.8)
Observação: Este post foi adaptado do estudo original de Amanda Kassian, usado com permissão.
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Informamos que essa sessão estará disponível somente às participantes presentes no evento.
1 “Peace – Definition, Meaning & Synonyms,” Vocabulary.com, accessed April 12, 2022, https://www.vocabulary.com/dictionary/peace.
2 Timothy George, New American Commentary: Vol. 30: Galatians (Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers, 1994), 402.