Três mentiras, um amor verdadeiro

Desde a infância a sociedade nos alimenta com uma constante dieta de mentiras: encontre o homem certo e você se sentirá realizada, alcance o peso certo e ficará linda, vista as roupas certas e será aceita. E tentamos seguir “as regras”, apenas para descobrir que ainda carregamos uma dor silenciosa. Como um barco sem âncora, nossos corações flutuam inquietos numa constante busca por realização. E pode crer, o mundo oferece muitas sugestões de onde poderemos encontrá-la.

Não sou leitora assídua de revistas, mas um tempo atrás peguei uma cópia antiga da revista americana Redbook na casa da minha mãe. Estava folheando a revista quando me deparei com um artigo intitulado “12 coisas que aprendemos sobre o amor em 2012”. A lista era devastadora, promovia o romance pornográfico 50 Tons de Cinza e o filme Magic Mike sobre um clube de strip-tease.

Sério? É isso que aprendemos sobre o amor? Mas a triste realidade é que sim, são esses os “professores” que moldam os corações e as mentes de inúmeras mulheres. E é tudo falsificado. Desejamos intimidade e nos oferecem ostentação. Ansiamos por significado, e recebemos um catálogo de uma loja de roupas. Queremos um herói, e o mundo sugere um musculoso ator de cueca. Ridículo, não é?! Mas caímos nessas ciladas repetidamente.

Existem algumas mentiras que parecem atingir o pico de propagação próximo ao Dia dos Namorados.

A mentira da solidão

Não posso ser feliz sem um homem.

Essa é uma mentira muito dolorosa, porque nos leva a pensamentos do tipo: Se não estou namorando ou casada, algo deve estar errado comigo. Ficaria feliz se pudesse encontrar o homem certo! Deus não me ama o suficiente para me enviar alguém?

Na verdade, Ele te ama. Ele te ama muito, e anseia por ser o seu Alguém. Admito que quando eu era solteira, isso parecia uma desculpa. (Entendi, Deus é como meu “marido”, mas gente! Eu quero um marido de verdade!) No fundo, acreditava que Deus era um fraco substituto para um homem humano. Afinal, é isso que a mentira nos diz, certo? Sr. Perfeito, como o homem naquele filme, é a resposta para todos os nossos desejos mais profundos! Na realidade, o oposto é a verdade: os homens humanos são fracos substitutos para Deus. Deixe-me dar um exemplo.

Em Ezequiel 16, Deus conta essa história louca sobre seu amor por Israel. Acontece quase como num filme: Deus passa por uma bebê abandonada que foi deixada para morrer em seu próprio sangue. (Fica melhor, eu prometo.) Ela é tão mal amada que ninguém cortou seu cordão umbilical. Mas com grande compaixão, Ele a resgata. Sob os Seus cuidados, ela floresce, até que um dia ela se torna uma mulher.

Desta vez, quando Deus passa por ela, Ele casa com ela. Ele a lava, a adorna com seda e joias, e se compromete com ela. Seu amor a torna incrivelmente bela – na verdade, a Bíblia diz que sua beleza é perfeita porque Deus a cobriu esplendorosamente. Mas ela usa sua beleza para atrair outros homens. Repetidamente ela age como prostituta, até que seu Marido ciumento fica enfurecido. Por fim, Deus diz que, embora ela tenha desprezado a aliança que fizeram, Ele fará uma aliança eterna com ela. Ele expiará tudo o que ela fez e, quando o fizer, isso mudará seu coração.

Isso sim é um herói! Você percebe que nesta história Deus desempenha todos os papéis que nossos corações sempre desejaram? Ansiamos pela compaixão de um pai, pelo ardor de um marido, pela redenção de um Salvador. E nesse anseio, Deus prova que Ele é o Pai dos indesejados, o Marido das mal amadas, e o Salvador das infiéis.

Prometo que não há um homem no planeta que possa competir com Deus! Isso significa que a vida de uma mulher solteira é livre de mágoa? Certamente não. Mas se você está em Cristo, significa que você tem alguém muito especial para celebrar neste Dia dos Namorados.

A mentira do coração partido

Um relacionamento fracassado me faz um fracasso.

Esta segunda mentira é especialmente devastadora numa data que glorifica o “felizes para sempre”. Como encaramos os doces em forma de coração quando o conto de fadas se dissolve em um pesadelo? Quando o homem que prometeu nos amar nos trai? Quando “para sempre” é interrompido com papéis de divórcio e batalhas de custódia? Como juntamos as peças quando tanto se perdeu?

O mundo nos diz para endurecer nossos corações, correr para refúgios falsos, envolver nossa identidade em nossos relacionamentos. Mas Deus diz que nossa identidade está firme e eternamente estabelecida em torno de quem Ele é e do que Ele fez a nosso favor. Isso significa que os homens não nos definem. Falhas não nos definem. A cruz de Jesus Cristo nos define.

Minha querida amiga, quando você sente que está na pior, você deve se apegar à cruz como nunca antes! Não ouça as superficiais canções de amor; ouça Aquele que cuida do coração quebrantado e coroa o desolado com beleza em vez de cinzas (Isaias 61: 1–3). Ele está escrevendo uma história muito maior do que você pode imaginar, e Ele é o Herói que deseja conhecê-la, mesmo – e talvez especialmente – nas páginas mais confusas da sua vida.

A mentira idólatra

Meu homem é tudo que eu sempre precisarei!

Por fim, devemos fazer uma parada rápida no ensino médio, onde aquele garoto com um ursinho de pelúcia do tamanho do Godzilla declara seu amor eterno pela garota com quem namora desde terça-feira. (Oh, espere, olhe! Agora ele está colocando um anel de compromisso no dedo dela!) A primeira vez que a mentira idólatra aterrissa em nossos corações, nos sentimos eufóricas: finalmente o encontrei! Ele é perfeito! Ele é tudo! Ele vai me fazer feliz para sempre! Mas dê um tempo e essa mentira com certeza ficará amarga: como ele poderia falhar comigo? Por que ele está me decepcionando? Não era para ser tão difícil!

Neste Dia dos Namorados, talvez você seja a garota que gira um anel de noivado no dedo com os olhos brilhando como estrelas. Ou talvez você é aquela que carrega uma criança chorosa no colo enquanto observa as meias sujas do seu marido com veneno nos olhos. (Já fui ambas!) Curiosamente, essas duas garotas precisam da mesma verdade: um marido piedoso é um presente maravilhoso, mas ele é um deus terrível.

Uma das escolhas mais libertadoras que já fiz foi desobrigar meu marido do peso de ser “Deus” em minha vida. Escolhi viajar ao lado dele em direção ao Verdadeiro Herói, em vez de pressioná-lo para ser o verdadeiro herói. Para o mundo, isso parece pouco romântico, mas isso é apenas porque o mundo perdeu a “Grande história de amor”. Não vamos cometer o mesmo erro.

Amanhã é o Dia dos Namorados, e não tenho ideia em quais dessas mentiras você pode estar acreditando. Mas uma coisa eu sei: esse desassossego em seu coração e no meu não é a necessidade de um novo par de skinny jeans, ou de um galã, ou de um buquê de Sonho de Valsas. É o lembrete suave para nossa alma de que fomos feitas para Cristo. É o convite para vir e ser realizada em nosso Salvador.

Sobre o Autor

Jeanne Harrison

Jeanne Harrison cresceu como filha de missionários nas Filipinas. Hoje, ela é uma blogueira assídua e autora, apaixonada por compartilhar suas experiências e sabedoria com futuros transformadores do mundo. Jeanne e seu marido, Clint, que é pastor, vivem na Georgia, Estados Unidos, com suas quatro filhas.