Os tempos em que vivemos não são para os fracos de coração. O aumento da incerteza e da divisão ameaçam nossa paz a cada manchete. Acrescente a isso a enxurrada diária de entretenimento e mídia que nos ataca com palavrões, violência, promiscuidade sexual aberta e infinitas variações do mal.
Muitas pessoas, sentindo-se sem esperança e desamparadas, recorrem às mídias sociais para trocar opiniões e expressar emoções, esperanças e medos. Mas não estamos desamparados e temos um lugar ainda melhor para recorrer porque podemos clamar a um Deus poderoso.
Olhando para Neemias
A história do Antigo Testamento de Neemias me chama muita atenção, um homem que cresceu como um judeu cativo na terra da Babilônia. Neemias desfrutou da posição privilegiada de copeiro e confidente do rei persa Artaxerxes, até que um de seus irmãos veio para a Babilônia de sua terra natal em Judá, para onde vários judeus haviam sido autorizados a retornar alguns anos antes. Em seu relato, Neemias diz:
“Hanani, um dos meus irmãos, veio de Judá com alguns outros homens, e eu lhes perguntei acerca dos judeus que restaram, os sobreviventes do cativeiro, e também sobre Jerusalém.
E eles me responderam: ‘Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província, passam por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo’.” (Neemias 1:2,3)
Esta notícia foi motivo de grande preocupação, porque os muros e portões das cidades antigas forneciam a proteção necessária contra os inimigos.
A resposta imediata de Neemias ao relato preocupante foi clamar a Deus, pedindo perdão pelos pecados que haviam precipitado essa situação e pedindo a Deus que tornasse possível que ele fosse a Judá para ajudar os judeus a reconstruir os muros.
Por mais de trinta anos tenho viajado pela América e ouço as histórias de mulheres, homens e jovens. E posso atestar algo que não é novidade – que os muros e portões espirituais desse país estão em grande ruína. Uma sociedade que abandona Deus e suas leis, rejeita os absolutos morais e sacrifica suas famílias por conveniência, carreira e felicidade pessoal é uma sociedade cujos portões foram derrubados.
Isso não é novidade para a maioria de nós. A questão é: como podemos agir para fazer a diferença?
Na história de Neemias, descobrimos um exemplo inspirador de como reagir a muros e portões derrubados.
1. Ele se entristeceu e lamentou
“Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando, jejuando e orando ao Deus dos céus.” (Neemias 1:4)
Não basta sentir remorso ou lamentar por nossas feridas pessoais. Deus disse ao profeta Oséias do povo de seus dias: “Eles não clamam a mim do fundo do coração quando gemem orando em suas camas. Ajuntam-se por causa do trigo e do vinho, mas se afastam de mim.” (Oséias 7:14)
Uma coisa é ficar perturbado com a carnificina que vemos, lamentar as estatísticas sombrias ou lamentar as feridas infligidas por cônjuges infiéis ou filhos rebeldes.
Outra coisa bem diferente é clamar com corações arrependidos, como Neemias fez, dizendo: “Ó Deus, pecamos contra ti. Nós violamos suas leis. Por favor, tenha piedade de nós.”
2. Ele se importou o suficiente para se envolver e estava disposto a pagar um preço por esse envolvimento
Lembre-se, Neemias tinha um emprego seguro e bem remunerado no palácio. O que ele poderia fazer pelos judeus que lutavam a mais de 1.000 km de distância em Jerusalém além de lamentar e deixar por isso mesmo? Mas não, Neemias disse: “Esse é o nosso problema. E eu vou fazer disso meu problema.”
Será que apenas sentimos pena pela situação das cidades, lares e escolas do nosso país? Ou reconhecemos que os problemas que vemos hoje são nossos problemas também? Estamos dispostos a arriscar nossas posições, conforto, conveniência e segurança para nos envolvermos?
Precisamos de homens e mulheres de convicção que defendam o que é certo, independentemente do que possa custar.
3. Ele se humilhou e orou
A cada passo, a resposta de Neemias era erguer os olhos para o céu, buscando sabedoria e ajuda do alto. Ele sabia que a tarefa para a qual foi chamado era muito maior do que ele mesmo, que não poderia ter sucesso sem a intervenção divina.
Os problemas que nossa nação enfrenta hoje são muito maiores do que meros programas e esforços humanos podem resolver. Nenhuma quantia de dinheiro que investimos para solucionar os problemas fará com que eles desapareçam. As soluções definitivas não serão encontradas apenas em melhores escolas, leis de controle de armas mais rígidas ou melhores governos.
Estamos testemunhando o confronto entre dois reinos. A batalha que travamos não é física, mas espiritual. E deve ser combatido, antes de tudo, de joelhos.
Sim, são dias difíceis. Há muito que não podemos fazer. Mas há uma coisa que podemos fazer. Podemos orar. E essa é a única coisa que devemos fazer.
Uma versão deste artigo foi originalmente publicada no The Gospel Coalition. Usado com permissão.