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A Transformação de Jackie Hill Perry – Ep2: Ser gay não era o único problema

Publicadas: jun 18, 2024

Raquel Anderson: Depois de se converter a Cristo e deixar seu estilo de vida homossexual, Jackie Hill Perry conheceu outra cristã que começou a discipulá-la na verdade do evangelho.

Jackie Hill Perry: Ela foi bem franca “Ela me disse: “Jackie, a homossexualidade não é o seu único problema. O orgulho é um problema. O medo é um problema. A cobiça é um problema. O zelo é um problema. Você precisa aprender a deixar Deus ser o seu Senhor como um todo, não apenas em sua sexualidade.”

Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mentiras em que as Mulheres Acreditam, na voz de Renata Santos.

Se você tem crianças pequenas em casa, esteja ciente de que o programa de hoje não é gráfico, mas inclui uma discussão sobre alguns temas adultos. 

Talvez você prefira não ouvir este programa na presença de seus filhos pequenos. 

A vida de Jackie Hill Perry inclui muitos capítulos sombrios. Ela cresceu sem a influência de um pai forte. Ela foi molestada quando criança e, na adolescência encontrou sua identidade num estilo de vida lésbico. Mas sua história mostra a beleza de uma vida transformada! Para ouvir a primeira parte da entrevista de Nancy com Jackie Hill Perry, visite nosso site www.avivanossoscoracoes.com/podcasts. Vamos continuar com o segundo episódio desta série.

Nancy DeMoss Wolgemuth: Então você, Jackie, estava com dezenove anos, e o “Cão Farejador do Céu”, como um poeta o descreveu, estava, como você disse, te perseguindo, mas você ainda não sabia quem Ele era ou como se relacionar com Ele. 

Você estava vivendo uma vida desregrada em muitas áreas.

Sua consciência estava lhe dizendo, “Isso não está certo!” mas você não sabia como mudar. Descreva para nós quando você encontrou Cristo pela primeira vez. Você se referiu à sua conversão várias vezes, e eu gostaria de ir mais a fundo nessa história, começando com a primeira vez que você soube que Jesus estava realmente te chamando.

Jackie: Eu estava no meu quarto. Eu estava literalmente relaxando—não estava fazendo nada. Eu não estava lendo a Bíblia. Eu não estava ouvindo música de louvor. Eu não fazia nada disso, mas eu senti Deus falar ao meu coração. Eu senti esse forte pensamento de que o estilo de vida que eu estava vivendo seria minha morte.

Isso me abalou! Eu sentei na minha cama, e minha reação foi do tipo, “Isso vem de Deus, ou é o diabo? Hein? Eu não acho que o diabo me condenaria por pecado. Eu não acho que eu me diria isso.” Eu simplesmente comecei a acreditar que era Deus, então comecei a pensar em tudo o que fiz e suas consequências.

Pensei sobre o lesbianismo, e vi que a consequência seria o inferno. Pensei sobre masturbação, e pensei sobre pornografia. Todas as áreas em que me envolvi eram contra Deus, e eu sabia que eram contra Deus. Eu estava convencida de que Ele seria justo em permitir que eu fosse julgada por causa disso.

Eu sabia que não poderia fingir que Deus estaria de boa com isso. Eu pensava: “Não, Deus estaria completamente certo em me mandar para o inferno por causa dessas coisas.” Também senti uma urgência, como se Ele pudesse fazer isso naquele momento!” Foi assim que me senti.

Eu tive ciência de que Deus poderia me mandar para o inferno a qualquer momento, poderia ser durante a noite ou poderia ser no próximo dia; Vai saber. Então comecei a pensar sobre isso, e disse a Deus, “Mas, eu não quero ser heterossexual. Eu não gosto de homens; eu não quero ficar com homens.”

Acho que, sempre que você tem conversas com pessoas naquela comunidade, elas acreditam que o cristianismo é sinônimo de heterossexualidade … quando acho que Deus simplesmente estava me chamando para Ele mesmo. Ele resolveria o restante, trabalharia nisso, enquanto eu crescia em amor por Ele.

Nancy: Então você teve essa certeza de que o que você estava fazendo era…

Jackie: … completamente errado!

Nancy: … completamente errado, contra Deus, e que Deus é santo.

Jackie: Sim, e que Ele vai me julgar por causa disso.

Nancy: Então, quando você diz, “Isso pode ser ou será a minha morte,”—você achava que isso literalmente ia te matar, ou estava pensando mais sobre o julgamento após esta vida?

Jackie: Ambos. Eu senti como se Deus pudesse tirar minha vida, se Ele assim decidisse. Foi como uma consciência do poder Dele—acho que é como eu poderia descrever isso. Era tipo, “Você não pecou contra um ser humano.  Ele é Deus!”

Eu sabia que não estava respirando simplesmente por respirar. Eu sabia que estava viva por causa Dele. Era tipo, “Se Ele está me oferecendo a Si mesmo (o que eu acreditava que Ele estava. Mesmo naquela época eu sabia: ‘Tu estás me chamando para Ti!’), então tenho que ter medo do que a alternativa ou a consequência da rejeição [de Deus] seria, que era: ‘Estou rejeitando Deus!’” Eu estava com medo disso.

Eu nem acho que me afastei do meu pecado por medo do inferno. Também não foi isso. Foi, enquanto comecei a pensar sobre isso … Eu sabia um pouco sobre o evangelho, que Jesus morreu por pecadores, e que Ele os perdoaria.

Eu não tinha palavras para isso. Eu não sabia o que era “arrependimento” ou “fé.” Eu não sabia o que era “propiciação” ou “regeneração.” Eu não sabia de nada disso. Mas eu sabia que a Bíblia dizia que Deus odeia o pecado e julgará os pecadores. Eu sabia disso.

Mas, também sabia que a Bíblia dizia que Jesus morreu por pessoas como eu. Então eu sabia que só precisava acreditar nisso—em ambos. Eu disse a Deus, “Eu não consigo fazer isso sozinha, porque tentei. Eu recitei a oração do pecador. Tentei fazer um monte de boas obras e tentar ser santa.” Eu me sentia incompetente. Eu sentia que não era capaz de ser cristã sem Ele.

Nancy: O que é a mais pura verdade!

Jackie: Exatamente. Eu sabia que não podia fazer isso sozinha, então disse a Deus: “Não consigo fazer isso sozinha, mas eu tenho certeza que o Senhor vai me ajudar.” E foi isso. Eu liguei para uma das minhas amigas, que meio que frequentava a igreja, eu sabia que precisava terminar com minha namorada, e precisava de ajuda.

Nancy: Você sabia disso, tipo, imediatamente?

Jackie: Sim. Eu soube enquanto Deus me chamava, que tudo tinha que acabar.

Nancy: Então seu relacionamento não estava em crise com essa garota?

Jackie: Estávamos ótimas; estávamos em um ótimo lugar.

Nancy: Então isso está totalmente abalando o seu mundo.

Jackie: Totalmente! Eu sabia que Deus estava me chamando para sair de tudo, e era aterrorizante, mas senti que não tinha escolha. Era tipo assim: “Ou você se arrepende e crê, ou enfrenta as consequências da sua rebelião e sua rejeição [de Mim].”

Nancy: Ao ouvir você falar, fica muito claro a intervenção do Espírito de Deus, que não foi algo que fluiu naturalmente de você.

Jackie: Sim, foi algo tipo a estrada de Damasco.

Nancy: Abrindo os seus olhos!!

Jackie: Cara, foi assim mesmo! Tudo aquilo que eu pensava sobre Deus, tipo, só de ouvir na igreja, de repente, era como se tivesse virado real. Tipo, Deus estava lá, presente, sabe? Não é aquele lance de “Ah, a gente peca, mas Deus sempre perdoa”, não, não é assim não, foi mais pra “Pecamos, e Ele vai julgar! Mas Ele abriu um caminho através de Seu Filho, Jesus Cristo!”

Então liguei para minha amiga e contei o que tinha acabado de acontecer. Nem lembro o que ela disse. Só lembro que ela me deu uma força: “Siga a convicção do que Deus colocou no seu coração e Ele vai te ajudar.” Então no dia seguinte liguei para minha namorada, e falei: “Não podemos mais ficar juntas.”

Eu tava chorando quando falei pra ela que “Deus tá me chamando para ser crente e eu sei que não posso ser crente se estiver com você. Eu te amo, mas simplesmente não posso. Sei que Deus quer que eu seja a mulher que Ele me chamou pra ser … nem sei mais o que significa ser uma mulher. Não me visto como uma, não me comporto como uma. Quando me olho no espelho, nem vejo quem eu costumava ser, então tenho muita coisa pra mudar.”

Ela disse, “Eu sabia que isso ia acontecer.” Não sei o que ela quis dizer com isso, mas provavelmente porque eu falava tanto sobre Deus, ela sabia que um dia trocaria ela por Ele.

Nancy: Então isso foi uma mudança dramática no seu caminho para Cristo, atraída pelo Espírito de Deus. Não há outra explicação para isso.

Jackie: Sim, absolutamente. O véu foi rasgado dos meus olhos para que eu pudesse ver a glória de Cristo.

Nancy: Descreva como foram os próximos dias. O que estava acontecendo dentro de você? O que estava mudando? Você se mudou?

Jackie: Eu morava com minha mãe, então continuei morando com ela. No dia seguinte, fui trabalhar e me senti uma pessoa nova. Não consigo explicar, sei lá, me senti nova. Eu me senti feliz. Eu tinha alegria! Eu costumava fumar maconha o tempo todo com o meu melhor amigo e quando a gente se viu, e ele não sabia o que tinha acontecido naquela noite ele disse: “Você tá diferente, parece mais leve, sei lá.”

Eu disse, “Ah, tá.”

Teve outra situação que eu fiquei espantada comigo mesma. Eu costumava roubar no trabalho o tempo todo—dos clientes e coisas assim. Então tive a oportunidade de roubar dinheiro e não ser pega. Lembro que, assim que a oportunidade de roubar surgiu, senti essa consciência de Deus de uma forma que nunca tinha sentido antes.

Foi como, “Deus está vendo. Ele não gosta disso. Feche.” E eu disse, “Ok,” então fechei o caixa. Fiquei me perguntando: “Será que isso que é reverência?” Era um negócio muito louco considerar Deus antes de tomar uma decisão, foi aí que eu percebi que eu tava mesmo diferente.

Naquela semana, tive que esperar pelo meu pagamento. Sabia que precisava trocar de visual. Eu costumava me vestir como homem, com o cabelo sempre amarrado num rabo de cavalo, usando jeans largos e cuecas. Deixava as calças meio caídas para mostrar as cuecas. Usava sutiãs esportivos para achatar o peito e parecer mais masculino. Geralmente vestia uma camiseta branca e sentava com as pernas abertas, agindo como um cara. Mas sabia—sem conselho, porque não estava na igreja ainda—sabia que precisava mudar minhas roupas e ser uma mulher.

Eu tinha consciência de que, se continuasse vestindo daquele jeito, acabaria atraindo todas as mulheres das quais queria fugir. Naquela época, eu não tinha forças para resistir às investidas femininas. Se me vissem assim, com certeza viriam me paquerar, como sempre faziam, e eu sabia que não teria coragem o suficiente para recusar. Entendi que precisava me assumir como mulher. A questão era que não conseguia entender como Deus ficaria de boa com isso, mas tive que aguentar firme até receber meu pagamento.

Nancy: Então inicialmente essa mudança foi algo que você sabia que era o certo, ou seus desejos estavam começando a mudar ao mesmo tempo? Você estava começando a se sentir mais como uma mulher, ou estava apenas começando a agir de uma maneira que você sabia …

Jackie: Acho que agi antes de sentir. Levou anos para eu realmente começar a incorporar a feminilidade, porque acho que era mais uma coisa mental do que um sentimento. Eu tive que chegar ao entendimento de que “Deus me criou para ser uma mulher, e isso é bom.” Acho que quando comecei a abraçar isso como algo bom foi quando meus afetos e minha teologia se uniram.

Nancy: Quero que repita essa última frase, esse conceito novamente, porque isso é tão rico. Isso é poderoso, e tem relevância para cada uma de nós.

Jackie: Quando vi que Deus me criou para ser uma mulher, e que ser uma mulher é algo bom, foi quando comecei a incorporar a feminilidade . . . porque minha teologia precedeu meus afetos. Cara, quando entendi isso, meus afetos e minha teologia se reconciliaram e se tornaram um só.

Então comprei um monte de roupas femininas e comecei a usá-las. Encontrei uma igreja. Acho que estava em uma igreja sete dias após a minha conversão.

Nancy: Vestida como mulher.

Jackie: Com certeza, mas na primeira vez que fui à igreja, ainda não tinha roupas de mulher, então peguei emprestado da minha amiga. Só não queria que as pessoas olhassem para mim de forma estranha. Assim que saí da igreja, voltei a usar minhas roupas masculinas, e disse a Ele, “É um processo. Preciso da Sua ajuda!”

Provavelmente foi uma transição de duas semanas para mim, e acredito que minha mudança tenha sido mais rápida do que a maioria. Conheci mulheres que saíram desse estilo de vida e levaram de quatro a seis meses para se adaptarem. Acho que é porque é uma mudança mental, sabe? As roupas femininas têm uma maneira de te deixar mais vulnerável. Você se sente exposta de uma forma que não se sente quando tá usando roupas masculinas.

Muitas das mulheres que conheço que se vestem dessa maneira (não todas; não posso generalizar todo mundo, mas as que conheço) se sentem inseguras como mulheres. Tipo assim, as roupas elas se lembrarem do que acham que as pessoas não gostam, não acreditam ou não aprovam nelas e isso é meio assustador! Na verdade, é aterrorizante. Cara, é muito mais profundo do que roupas—é realmente identidade.

Nancy: Enquanto tudo isso estava mudando, suponho que suas amizades também estavam mudando. A maioria dos seus amigos estava no estilo de vida gay? O que aconteceu com seus relacionamentos?

Jackie: Já era! A maioria das minhas amizades era apenas com homens. Eu era muito legal com muitos caras. Estava cercada de pessoas que não amavam Jesus, que não tavam nem aí pra Ele, então cortei praticamente todos esses relacionamentos.

Cara, eu sabia que era muito suscetível a cair nisso se me cercasse de pessoas que não estavam buscando a Cristo. Mas Deus foi muito bom nessa área também. Na semana em que me converti, liguei para uma das minhas amigas (ela também estava nesse estilo de vida), e contei tudo pra ela, “Deus está fazendo isso em mim. Ele está mudando meu coração, mudando meus desejos.” Ela desligou o telefone e se arrependeu de seus pecados, então na mesma semana, nós viemos para Cristo juntas.

Eu tinha uma amiga chamada Tina que era crente, mas se sentia meio isolada. Então liguei para ela e disse, “Ei, agora estamos no mesmo time! Que igreja você vai?”

Então naquela semana, todas as três amigas encontraram uma igreja. Deus foi tão bom para mim, porque imediatamente me colocou em uma comunidade de cristãos. Eles não eram os cristãos mais fortes, porque éramos todos muito novos, mas ainda assim era uma comunidade e juntas a gente se fortalecia. Eu precisava disso, porque se não acho que teria voltado à vida que conhecia.

Nancy: E você acha que para algumas pessoas que saem desse estilo de vida há uma grande perda relacional—uma perda de comunidade?

Jackie: Sem dúvida! Cara, a comunidade LBGTQ é uma comunidade muito unida, porque você se sente aceito lá. E se você tem uma ideia errada de crente, se vê os crentes como pessoas que vão te envergonhar, julgar ou não vão te acolher, aí é que é aterrorizante dizer: “Você quer que eu saia dessa comunidade onde me sinto segura para uma comunidade onde vou me sentir sozinha ou isolada? Sem chance!”

Mas conheço o Corpo de Cristo como um povo que foi capacitado a amar e mostrar Jesus de maneiras que o mundo jamais será capaz de fazer. Então acho que enquanto a igreja continuar sendo a igreja, sempre vamos ser um lugar acolhedor … não acolhedor no sentido de que dizemos que o pecado não é pecado, mas acolhedor no sentido de que dizemos que Cristo pode te perdoar e te capacitar a fugir dele.

Nancy: Então qual foi sua experiência quando entrou na igreja?

Jackie: Cara, não era uma igreja biblicamente sólida, mas eram pessoas amorosas, e era o que eu precisava naquele momento! Eles me amavam. Lembro que na primeira vez que fui, uma das ministras da igreja me olhou e disse, “Qual é o seu nome?”

E só pelo fato dela perguntar meu nome, foi pessoal. Ela olhou nos meus olhos, e lembro que ela repetiu meu nome para mim. Ela disse, “Jackie.” Foi tipo, “Ok, ela quer se lembrar do meu nome.” São essas pequenas coisas. As pessoas querem ser conhecidas, e me senti vista e amada naquela igreja.

Nancy: Algumas daquelas pessoas com quem você estava envolvida nesse estilo de vida antes de vir para o Senhor, você viu algumas delas se converterem a Cristo?

Jackie: Sim e não. Algumas delas voltaram atrás—o que é bastante frequente. Muitas das pessoas que conheço que saem geralmente voltam.

Nancy: Você basicamente cortou esses relacionamentos?

Jackie: Comecei a me reaproximar de certas amigas—não namoradas—após alguns anos. Não achei que seria sábio me envolver em certos relacionamentos muito cedo. Mas depois de um tempo, depois de começar a postar vídeos e coisas assim, algumas pessoas começaram a me procurar.

Recebi consistentemente (até amigos que eram homens) pessoas dizendo, “Cara, no começo, quando você se tornou crente, eu não achava que era real.”

Um amigo meu disse, “Já faz seis anos, e você continua nessa vida de crente. Agora eu consigo acreditar que Deus te salvou, e é bom ver isso!”

Foi legal ser pioneira, de certa forma, para dizer, “Deus pode de fato, mudar seus afetos. Ele te capacita a fazer o que não achava possível. Você pode amar Ele de verdade, de coração. Não é cumprir uma lista de deveres, mas realmente é um prazer. Isso é realmente possível.”

Nancy: O que sua mãe achou disso tudo? Você estava morando com ela na época?

Jackie: Sim. Ela não acreditou em mim por um bom tempo, o que eu entendo. Eu enganei ela por tanto tempo que ela não sabia no que acreditar mais. Mas lembro quando contei pra ela. Fui até o escritório e disse, “Mãe, sou crente agora, e vou começar a me vestir como menina de novo.”

Comecei a chorar. Ela também começou a chorar, mas acho que ainda havia um pouco de ceticismo, sabe? Quando ela começou a me ver consistentemente agindo de forma respeitosa e também a me tornar um ser humano respeitável… Eu não era respeitosa. Tinha problemas com autoridade. 

Quando comecei a respeitar, servir e honrar minha mãe, e a viver de acordo com o que acredito, ao invés de ser aquela crente de fachada que só aparece na igreja, acho que foi aí que ela notou a diferença. Ela viu que eu não voltava pra casa drogada, estava ajudando com as tarefas, lavando a louça, arrumando o quarto e fazendo o que ela me pedia.” Isso não quer dizer que não tinha problemas, teve muitos problemas enquanto eu tive que lidar com algumas falhas de caráter, mas acho que, na maior parte, foi muito bom pra ela ver o que Deus estava fazendo por mim e em mim.

Nancy: Fale sobre seu início de discipulado. Você se envolveu com um grupo na Califórnia que teve uma forte influência em sua vida. Como foi isso nos primeiros anos como cristã?

Jackie: Bom, primeiro, quando cheguei à fé, não sabia o que era discipulado. Não sabia que era uma coisa. Fui criada nesses ambientes de igreja onde as pessoas simplesmente frequentam a igreja, entram e saem.

Eu nem fazia ideia de que era importante andar com pessoas que te ajudassem a crescer e a amar a Jesus. Foi quando me mudei para Los Angeles por dois anos e fiquei na casa de uma mulher chamada Santoria. Ela me apresentou ao Aviva Nossos Corações e usou o livro Buscando a Deus para me convencer completamente e me mostrar o quanto eu precisava de Jesus.

Cara, acho que uma coisa que me ensinaram e que revolucionou completamente a maneira como lido comigo mesma e com as pessoas é que o evangelho não termina na conversão. O evangelho me ajuda com as minhas tentações, os meus desafios, as minhas provações, e até com as minhas vitórias!

Foi muito difícil! Porque, embora eu tivesse me convertido, ainda tinha atração por mulheres. Ainda tinha tentações. Ainda sentia falta da minha namorada. Tive todos esses desafios. Não sabia o que fazer, nem tinha alguém ao meu lado que já tinha passado por isso. Me sentia sozinha nesse sentido.

E ela me disse, “Você sabe, quando Jesus morreu, Ele te deu poder para fugir do pecado. Ele não morreu apenas para que você pudesse ser salva, Ele morreu para que você pudesse andar com Ele.

E lembro que fiquei tipo, “Sério! Então você está dizendo que Jesus pode me ajudar?” Eu não sabia disso.

Ela disse, “Sim. Quando você for tentada, lembre-se do evangelho, lembre-se do que Cristo fez.”

Então comecei a fazer isso: comecei a ver minhas tentações através das lentes do evangelho e que o que estava acontecendo não muda minha identidade. Não significa que não sou salva, não significa que ainda sou incrédula. Significa que sou um ser humano, MAS o evangelho comunica que tenho poder para fugir — mesmo que não sinta, tenho poder para fugir! Isso foi muito louco!

Ela me discipulou de forma integral. Ela me disse, “Jackie, homossexualidade não é seu único problema. Orgulho é um problema, medo é um problema, cobiça é um problema, zêlo é um problema. Você precisa aprender a deixar Deus ser Senhor de tudo, não apenas em sua sexualidade.” Se não tivesse sido discipulada, não seria quem sou hoje.

Provavelmente estaria no mundo se não fosse pela mão de Deus enviando pessoas para minha vida para andarem comigo e me dar amor por Ele e igualmente disciplina por Ele — oração, jejum, seja qual for o caso.

Quando falo com pessoas que estão naquele estilo de vida ou estão saindo… Tive uma conversa com uma jovem outro dia. “Não pense que pode estar nessa comunidade e pecar e depois sair e pensar que pode fazer isso sozinha. Não fomos criadas para o isolamento. Não vai funcionar, porque você vai voltar para as pessoas que fazem você se sentir em casa. Você precisa de pessoas para te ajudarem a amar mais a Jesus! Se você não tiver essas pessoas, a vida será difícil para você. Você precisa de mulheres te ensinando a ser uma mulher.”

Nancy: As mulheres que fazem parte desse grupo da Jackie — várias delas participaram da conferência True Woman ’08, que foi praticamente quando você conheceu o Senhor. Pouco antes de você conhecer aquele grupo de mulheres, elas participaram dessa conferência, e foram impactadas!

Na verdade, entrevistamos algumas delas, incluindo a mulher que te discipulou (ela já esteve neste programa antes). Elas te apresentaram ao Aviva Nossos Corações e a alguns dos nossos recursos. Você mencionou o livro Buscando a Deus. Conte-nos sobre a parte que Deus usou ali.

Jackie: Então, a mulher que me discipulou queria que eu lesse o capítulo sobre orgulho. Ela deu uma lista de comportamentos, onde você sabe que é uma pessoa orgulhosa…

Nancy: …versus uma pessoa humilde.

Jackie: Senti como se estivesse ticando todas as caixinhas! E eu só pensava, “Cara, sou realmente uma pessoa arrogante!” Porque eu achava que arrogância era pomposidade. Achava que era alguém que se achava melhor que as pessoas. Não percebia que arrogância era a falta de vontade de admitir falhas ou a recusa em se humilhar quando ofendida. Não sabia que se manifestava de maneiras tão sutis. Então, aquele livro foi a primeira vez que soube que era orgulhosa. Obrigada por escrever o Buscando a Deus.

Nancy: Se humilhar é a chave para receber a graça de Deus, certo?

Jackie: Sim, com certeza.

Nancy: Acho que talvez a primeira vez que nos encontramos, em Chicago, você me disse algo sobre como o Senhor usou o Aviva Nossos Corações para ajudá-la, como uma jovem cristã, a ter uma compreensão melhor — ou nova — do que significava ser uma mulher. Você pode explicar isso melhor?

Jackie: Em muitos dos meus círculos, a feminilidade não era muito discutida. Acho que Aviva Nossos Corações foram os meios que ouvi falar dessa coisa chamada feminilidade, e que era uma coisa, e que era um chamado, e que se manifestava em certos comportamentos e ideologias.

Então, li muitos livros. Ouvi muitos podcasts e palestras sobre feminilidade e modéstia e mansidão e gentileza e respeito… como você fala e como se comporta. Era tipo, “Cara, isso faz Deus feliz se eu viver como a mulher que Ele me chamou para ser!”

Acho que Aviva Nossos Corações definitivamente foi um caminho louco no meu aprendizado. É por isso que tenho tentado ser uma ponte para pessoas que podem ou não saber disso. Tento dizer, “Vá para este site. Procure isso no Google. Você não sabe como se submeter ao seu marido — não sabe o que isso significa? Seu marido é incrédulo — você não sabe como ainda respeitá-lo e responder à liderança dele? Vá para Aviva Nossos Corações. Eles vão te apontar para as Escrituras, mas darão explicações para te ajudar.” Então, sem dúvida tem sido uma bênção.

Me encorajou a ser isso para as pessoas — ser uma fonte de inspiração, mostrar às pessoas, “Ei, isso é bom!” Especialmente agora sendo uma mulher — não é como se fosse diferente nos anos setenta ou oitenta. Mas sinto um peso tão grande agora em exaltar verdadeiramente a feminilidade bíblica e divina e dizer, “Isso é algo bom. Suas distinções são algo bom! As coisas que Deus te chamou para fazer são algo bom!” Ande nisso, e esteja bem com isso, e encontre alegria nisso. Isso não é patriarcado. Isso não é uma coisa cultural cristã. Isso é a Palavra de Deus, e Ele supera o tempo.

Nancy: Você disse que viu que isso faz Deus feliz, mas o que percebo é que também te faz feliz.

Jackie: Com certeza, porque você está andando da maneira como Ele te criou. Acho que andar contrário à sua natureza criada, à sua função criada — na decepção — pode parecer ok, mas não é onde se encontra a verdadeira alegria. A verdadeira alegria é encontrada em amar Jesus e andar em Seus mandamentos e andar em nossa identidade como Ele nos criou para ser.

Eva não descobriu a alegria acreditando em mentiras. Ela não descobriu. É impossível. Ela tinha alegria quando estava andando como Deus a criou para andar.

Nancy: Sei que algumas mulheres do seu grupo na Califórnia tinham lido o livro Mentiras que as Mulheres Acreditam. Parece que isso fazia parte do processo pelo qual você estava passando, onde seu pensamento estava sendo renovado, sua mente estava sendo renovada. Havia mentiras que você havia acreditado que a levaram a se comportar de certas maneiras. Você estava substituindo as mentiras pela verdade.

Jackie: Isso me lembra que houve uma época em que estava sentindo muita falta da minha namorada. Estava me sentindo deprimida porque só queria estar com ela, mas sabia que precisava escolher Deus acima dela. Lembro que minha mentora disse, “Quero que vá passar um tempo com Deus. Tipo, quero que escreva cada mentira em que você acredita — em relação a ela — tudo o que acredita que ela pode te oferecer. Quero que vá para as Escrituras e então veja cada verdade sobre Deus que contradiz o que pensa que pode obter dela.”

Era tipo, “Acredito que ela vai me fazer feliz”, e então eu ia para as Escrituras e via que Deus é a única fonte de alegria que posso ter. Eu pensava, “Ela vai me dar uma identidade”, e então era tipo, “Não, você é uma nova criatura em Cristo!”

Esse estudo quebrou o domínio, sabe, que ela tinha sobre mim, porque finalmente pude identificar a mentira que acreditava que ela seria capaz de me satisfazer, mais do que Deus. E isso era mentira.

Raquel: Quando Jackie Hill Perry conheceu Jesus e abandonou seus relacionamentos lésbicos, ela ainda precisava de muito crescimento em sua nova fé. Nancy e Jackie conversaram hoje sobre como mulheres mais velhas no corpo de Cristo a discipularam.

Nesse processo, Jackie e sua mentora usaram pelo menos dois livros de Nancy, o Buscando a Deus, que é o livro de estudo sobre avivamento pessoal, e também o livro Mentiras em que as mulheres acreditam. Você pode encontrar esses dois recursos no nosso site avivanossoscoracoes.com

Ouvimos como Jackie era uma jovem cristã, ansiosa para aprender a verdade. E agora Deus a levou a um lugar de ensino dessa verdade para os outros. 

Nancy: Esta semana, ouvimos sobre alguns dos desafios enfrentados por Jackie Hill Perry quando criança. Como esses afetam seu papel atual como esposa?

Jackie: Ter problemas de confiança não é uma desculpa para não obedecer a Deus. Se você tem um problema de confiança, lide com ele, mas essa não é uma desculpa para não demonstrar amor. Tipo, “Eu tenho que morrer para mim mesma e amar este homem, independentemente do que meu passado possa ter feito comigo.”

Raquel: Ela falará sobre isso amanhã. Aguardamos você aqui no Aviva Nossos Corações.

Continuamos com o desafio de 30 dias de oração pelos filhos pródigos que começamos semana passada. Não deixe de participar deste desafio. Clique no link no final desta transcrição para ingressar no grupo do WhatsApp do Aviva Nossos Corações e receber um conteúdo guiado para te inspirar a orar por essa pessoa.

WhatsApp: Desafio de 30 dias de oração pelos filhos pródigos

O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, à plenitude e à abundância em Cristo.

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