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A Transformação de Jackie Hill Perry – Ep3: Poder para resistir a tentação

Publicadas: jun 19, 2024

Nancy DeMoss Wolgemuth: Em 2008, o Senhor reuniu um grupo de mulheres em Schaumburg, Illinois, para a primeira conferência Mulher Verdadeira. 

O Movimento “Mulher Verdadeira” nasceu ali naquele fim de semana e, pela graça de Deus, continuou a crescer nos corações e lares ao redor do mundo. 

Agora, mais de 15 anos depois, estamos celebrando o que Deus já fez e queremos observar o que Ele está fazendo na vida das mulheres hoje e o que Ele tem reservado para os anos futuros.

Raquel Anderson: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mentiras em que as mulheres acreditam, na voz de Renata Santos. 

Esta semana, Nancy tem conversado com a poetisa da palavra falada, Jackie Hill Perry. Ontem, ouvimos sobre o poder do evangelho para salvar Jackie de um estilo de vida de homossexualidade. 

Para ouvir essa parte da história, vá para nossos arquivos em www.avivanossoscoracoes.com 

Agora, aqui está Nancy continuando essa conversa com Jackie Hill Perry. E se você tem crianças pequenas em casa, saiba que este episódio inclui uma discussão sobre alguns temas adultos. 

Nancy: Jackie, como uma jovem cristã você disse que experimentou tentações, vindo de algumas das coisas que fizeram parte da sua vida antes da conversão. A tentação começou a diminuir? Como ocorreu o processo do Senhor mudar você nessas áreas?

Jackie: Acho que provavelmente os dois primeiros anos foram os mais difíceis porque as tentações ainda eram tão frequentes, tão reais, tão tangíveis.

Nancy: Você chegou a ceder?

Jackie: Sim. Não fisicamente, mas emocionalmente. Eu tinha um relacionamento com uma amiga, também ex-lésbica. Acho que emocionalmente estávamos num relacionamento. 

Não era “declarado”. A gente se chamava de “bff” (melhores amigas). Mas era um relacionamento que não era “Okay”. Era sem dúvida idolatria — precisando uma da outra de maneiras que a gente não deveria precisar, estando juntas com muita frequência.

“Se afastar” é um dos conselhos que tento oferecer às pessoas. O que acontece é que a gente pode sair desse estilo de vida e dizer: “Agora, preciso salvar todo mundo nele. Preciso discipular todo mundo que é gay.”

Sabe de uma coisa? Na moral, “Não sei se isso é sábio para você agora. Acho que agora você precisa ser discipulada. Acho que você precisa de alguém derramando verdades bíblicas na sua vida. Acho que você precisa se preocupar com Deus ancorando seu coração, porque é perigoso fugir de algo que era um ídolo para você, voltar àquilo, e pensar que não cairá nas garras do inimigo novamente.”

Me tornei um produto disso em nome do evangelismo, então caí muito, eu acho. Quando fui discipulada, aprendi a ser honesta comigo mesma sobre minhas tentações; como ser honesta com outras pessoas e ficar ok em me expor, mas também como temer a Deus e amá-Lo e aplicar Seu evangelho às minhas tentações. 

Não significa que as tentações tivessem diminuído, mas acho que tinham menos poder sobre mim, sobre minha mente — enquanto estava aprendendo a amar a Deus em tudo.

Percebi que o orgulho é um problema maior do que a homossexualidade. A submissão é um problema maior. Acho que muitas vezes ser gay é uma manifestação de outros problemas. 

Cara, quando comecei a crescer em amor com Jesus, as coisas começaram a melhorar.

Isso não significa que eu ainda não era tentada, porque ainda via as mulheres como sendo… bonitas. 

Havia momentos em que minha mente criava fantasias em relação à beleza, em uma luz que é pervertida e uma luz que não está certa. Tenho a opção de escolher a Deus como sendo “melhor”.

Acho que o que tenho tentado aprender a fazer é tipo, “Você pode desejar ela ou pode ir atrás. Mas isso não vai te deixar feliz. Isso não deixa Deus feliz. Isso não vai te satisfazer. Deus é bom. Ele é melhor. Ele é digno. Ele é misericordioso. Ele é gracioso. Escolha a Ele neste momento.”

Acho que é difícil até pensar sobre as características de Deus e depois olhar para uma mulher e pensar que elas são melhores do que Ele. É tipo, “Não. Ele é bom. Ele é misericordioso. O que Ele fez? O que Ele fez na cruz?” Então, parte desse processo me ajudou.

Nancy: Então, houve um momento em que você se viu se identificando internamente em sua mente, seus pensamentos e suas emoções mais como mulher e mais como heterossexual? Sentindo, “Isso é quem eu sou. Isso é o que eu sou.” No início foi mais no intelecto? As emoções vieram depois?

Jackie: Acho que nunca me rotulei assim. Nunca disse que era gay. Disse que era heterossexual, mas não sei se realmente pensei  tanto nisso. 

Acho que estava apenas vivendo. Não acho que comecei a pensar conscientemente sobre minha condição de ser mulher até me casar e me tornar mãe. Foi quando isso se tornou real.

Nancy: Vamos falar sobre como você chegou a esse ponto. Quando você se tornou cristã, naquele momento você já se imaginou se casando com um homem? Era isso que você queria?

Jackie: Eu queria. Não porque achava que seria demais ou super legal, mas achava que casar era o certo a fazer porque era cristã agora. Eu não necessariamente achava que poderia me sentir completamente feliz. 

Acho que é por isso que eu estava ‘ok’ em permanecer solteira por tanto tempo. Não é que eu estava contente em ser solteira, eu simplesmente não queria estar com homens e cara, eu tava bem com isso.

Eu precisava aprender sobre Jesus, gostar das pessoas, amar as pessoas e servir como Jesus serviu. Eu amava a Deus, mas  de boa, ainda não gostava de homens.

Eu sabia que teria que ser uma obra divina para eu sequer pensar em ficar com um cara. Então, quando comecei a sentir uma afeição pelo Preston, pensei que estava apenas com tédio da vida. 

Pensei que talvez só quisesse alguém com quem trocar mensagens quando estivesse em casa. Não achei que fosse real.

Nancy: Conte pra nós como ele entrou em sua vida.

Jackie: Quando eu estava em Los Angeles, houve um evento chamado “A sala dos letristas”. E esse cara se aproxima com outra garota para fazer um dueto poético chamado “Laços da Alma”. 

Eu nunca tinha visto duas pessoas fazerem poesia ao mesmo tempo antes. Isso era novo para mim.

Eu fiquei observando ele, e pensei, “Ok, isso foi um poema ‘da hora’.” Mas achei que ele poderia ter feito melhor. Quando nos esbarramos, Preston falou comigo e disse: “Seu poema foi ótimo. Foi ‘da hora’.”

Eu disse, “Cara, seu poema foi da hora, mas senti que você tava segurando um pouco, saca?”

Ele disse, “Como assim?”

Nancy: Essa foi a primeira vez que você o encontrou?

Jackie: Sim. Ele disse, “Como assim? Eu disse, “Tipo, solta a voz, manda bala na escrita, sem medo de se jogar de verdade, sabe?”

Ele me disse que ficou surpreso porque, nas palavras dele: “Eu tinha acabado de conhecer essa mina e ela me corrigiu, mas foi isso que me fez gostar dela.” 

Ele gosta de pessoas honestas com ele. Ele disse, “Eu tava me segurando — muito.”

Foi assim que a gente se conheceu. Eu ouvi o testemunho dele; ele ouviu o meu testemunho. Eu ajudei ele um pouco, e nos tornamos amigos por uns três anos.

Nancy: Ele morava em Los Angeles?

Jackie: Não, ele morava em Chicago, e eu morava em Los Angeles.

Nancy: Então era uma amizade à distância?

Jackie: Sim. Mas a gente se via muito por causa da poesia—a gente viajava e fazia poesia. Eu ia pra Chicago. Ele vinha para Los Angeles. Então tava tudo bem. 

Ele me ligou muitas vezes e gostava de falar muito comigo. Eu tava tentando proteger meu coração. Eu não queria gostar de ninguém porque não achava certo. 

Não dava pra conversar tanto quanto ele provavelmente gostaria. Daí, comecei a sentir uma atração por ele. Pensei que poderia ser tédio ou por me sentir sozinha. 

Então falei com minha mentora, tipo de boa, “Tô começando a gostar do Preston, e não sei o que fazer com isso. Acho que é só desejo mesmo. Sei lá.”

Ela disse, “Entregue esse desejo ao Senhor. Submeta isso a Ele. Deixe Deus lidar com os seus sentimentos.” Então isso rolou por quase um ano. Nunca tomei iniciativa. Nunca contei para ele. Nunca dei a entender que gostava dele. Me lembro até de perguntar pros nossos amigos, “Eu ajo como se gostasse do Preston?” Eles falavam, “Não. Na verdade ele é que age como se gostasse de você.”

Finalmente, fui a Deus. Eu disse, “Senhor, meu interesse pelo Preston está aumentando, e não sei o que fazer com isso. Preciso da Tua ajuda. Se for Tua vontade que a gente fique junto, então coloca no coração dele para tomar a iniciativa, porque não sinto que eu deveria. 

Mas se Tua vontade for que sejamos apenas amigos, por favor, me dê o autocontrole para tratá-lo como um irmão e não como um ‘crush’ ou uma paixão.”

Umas duas semanas depois, ele me ligou e disse, “Preciso te contar uma coisa.”

E eu disse, “O quê?”

Ele disse, “Humm. Acho que Deus está falando ao meu coração sobre você. Nem sei se você gosta de mim, mas eu gosto de você. Você gosta de mim?”

E eu disse, “Sim. Gosto.”

Ele disse, “Sério? Não dá pra perceber.”

Eu disse, “Sim. Eu gosto de você há um ano.”

Nancy: Que ótimo que ele deu o primeiro passo.

Jackie: Eu sei. Cara, ele tava apavorado. Mas quando descobriu que eu gostava dele, ele disse, “Isso foi importante pra mim porque, mano, a maioria das minas que me curtiam davam em cima de mim primeiro. Isso meio que tirava minha pegada de ser o cara que toma a iniciativa no relacionamento, saca?

Nancy: Ao entrar nesse relacionamento, nesse namoro, vocês foram muito corajosos. Vocês gravaram partes disso e expuseram pro mundo. Não foi um mar de rosas.

Jackie: Não, foi terrível.

Nancy: Como assim, terrível?

Jackie: Foi terrível. Foi um tempo bem difícil. Preston foi o primeiro relacionamento masculino que tive. Além disso, não só estava me ajustando a estar com um homem, tipo como os homens pensam, como os homens agem, mas também a estar com um homem fisicamente. 

Eu não estava acostumada com barbas. Eu não estava acostumada com alguém sendo mais forte do que eu. Eu não estava acostumada com um homem me segurando como uma mulher. Eu não estava acostumada com isso, e não gostava disso.

Tipo assim, sentia que a força dele me fazia me sentir inferior. “Não gosto do fato de você ser mais forte do que eu. Não gosto que você tenha a possibilidade de me dominar de certas maneiras.” Foi um ajuste difícil.

Até mesmo o abraço, tipo, quando os homens te abraçam, te fazem sentir feminina. Eu não queria me sentir feminina porque associava isso com ser fraca. Foi difícil nesse sentido.

Também, estar com ele trouxe à tona muitas das mentiras que eu acreditava sobre homens. Eu lutei contra isso. Não confiava nele. Achava que ele iria me machucar. Achava que qualquer acesso que ele tivesse ao meu coração seria um jeito pra, depois, ele virar as costas para mim—como meu pai fez.

Eu tinha medo da dor, e eu tinha medo da palavra submissão. Em minha mente, eu não ia me submeter a ele porque me submeter a ele significava que ele poderia me controlar, então eu queria mostrar que era mais forte do que ele.

Durante dois anos, nosso relacionamento foi dando cabeçada o tempo todo. Enquanto eu tinha medo de que ele fosse me machucar, eu resistia a ele e não confiava nele, e ele ficava tentando me consertar. 

Eu sentia que ele tava tentando me consertar, que ele tava tentando me dominar. Ele queria ter uma conversa sobre submissão nas Escrituras toda semana … e isso e aquilo e aquilo mais. Eu resistia o tempo todo, cara, era uma luta mesmo. Foi terrível.

Nancy: Foi uma guerra dos sexos.

Jackie: Realmente foi. E isso não mudou até nos casarmos.

Nancy: Vocês se casaram depois de passar por tudo isso?

Jackie: Sim.

Nancy: Na verdade, me lembro de ver um vídeo em que vocês gravaram uma sessão de aconselhamento que tiveram com seu pastor, Pastor Brian. Se me lembro corretamente, vocês tinham acabado de ter uma grande discussão a caminho da sessão de aconselhamento.

Jackie: Provavelmente. Acho que sim.

Nancy: Acho que foi sobre isso que vocês falaram naquela sessão de aconselhamento.

Jackie: Sim. Estávamos chateados um com o outro.

Nancy: Então, por que vocês se casaram?

Jackie: Tipo, a gente tinha essa certeza que a gente tinha sido chamado um para o outro. Eu sabia que o Preston era meu marido por razões muito práticas. 

Ele era o único homem que eu respeitava como homem. Ele era um dos poucos homens na minha vida que eu realmente respeitava. Vi que ele amava a Deus. Ele amava as pessoas. Ele era consistente. Consistência é muito importante para mim. Ele me amava consistentemente.

Lembro que, em junho, perto do meu aniversário, antes da gente ficar noivos, eu tava lutando com depressão. Quando a depressão ataca, sou automaticamente atacada com a homossexualidade porque quero voltar para o que é reconfortante.

Lembro que disse pra ele, “Não sei por que estou com você. Eu deveria estar com mulheres. Não sei por que estamos juntos. Não gosto de você. Não te amo. Não acho que isso vai funcionar.”

Preston chorou, e ele não é de chorar. Estávamos em Trinidad. Então no dia seguinte, quando voltamos para os Estados Unidos, simplesmente paramos de conversar um com o outro. 

Eu tava no trabalho um dia, e ele me mandou uma mensagem dizendo: “Eu te amo.”

Cara, eu fiquei arrasada. Eu tinha acabado de rejeitar esse homem e dizer que eu deveria estar com mulheres e que não deveria estar com ele. E ele me manda uma mensagem, não faz nenhuma menção sobre isso, simplesmente diz “Eu te amo.” 

Foi tipo, “Eu não posso não me casar com ele. Eu não posso não me casar com alguém que me ama como Jesus.”

Isso misturado com termos os mesmos objetivos e visões, e que ele me amava.

Nancy: Então vocês se casaram antecipando que continuariam a ter desavenças? Ou vocês achavam que após o casamento a situação se resolveria como num passe de mágica? 

Jackie: Não. Na verdade, as brigas me motivaram. A gente recebeu aconselhamento durante o namoro e durante o noivado porque a gente precisava de ajuda de pessoas mais sábias. 

Mesmo que a gente tivesse muitas desavenças, a gente estava aprendendo a resolver nossos problemas de uma maneira funcional, não disfuncional.

O que me motiva é que eu sabia que a fase de namoro de muitos casais é um mar de rosas, e quando se casam tudo dá errado porque foram pegos de surpresa com as dificuldades que surgem num casamento. 

Então eu sentia que, diferente dos outros, de certa forma a gente estava tipo “preparado” para lidar com as dificuldades no casamento.

Quando nos casamos, uma coisa que mudou completamente foi quando começamos a confiar mais um no outro.

Tipo, a gente tinha TV a cabo, mas teve uma vez que a gente ficou sem por algum motivo, acho que a grana tava curta.

Então a gente foi forçado a conversar mais e fazer coisas juntos por semanas. Naquele mês, que a gente só tinha um ao outro, foi quando nossa amizade voltar a ser o que era antes.

Cara, depois disso, começamos a confiar mais um no outro de maneiras em que ele me amava e deixava o Espírito Santo agir do jeito Dele, não tentando me forçar ou me mudar ou me consertar, mas me amando, tipo, confiando em Deus para fazer a obra.

E seu amor por mim… Vi que ele estava relaxando. Ele me ama. Ele não está me forçando a ser algo que não sou. Comecei a me submeter com amor e respeitar o Preston de um jeito muito legal, com muita confiança e amizade. Antes disso, a gente brigava todos os dias.

Eu sei que brigar não é o termômetro de um casamento, mas agora a gente mal discute. De verdade, a gente se ama e curte um ao outro. Acho que passar tempo juntos, cada um confiando em Deus para lidar com o outro, mudou a gente.

Nancy: Você não teve muitos modelos positivos de homens ou mulheres no casamento. Toda a questão do respeito, isso era algo novo para você?

Jackie: Ah, claro! Eu não sou uma mulher naturalmente respeitosa. Fui ensinada a dizer o que quisesse, e como me sentia. Cara, eu posso ser muito afiada e rápida, sabe? Qualquer coisa que eu sentisse, punha pra fora.

Preston teve que me dizer, “Eu não gosto quando você fala comigo assim.” Eu achei estranho. Eu fiquei pensando: “Eu só te perguntei o que você quer fazer!” Mas a maneira como eu o perguntava era de uma forma dominadora, desrespeitosa.

Acho que eu precisava ver que na minha submissão e no meu respeito, não era eu sendo inferior, era eu vivendo como Jesus! Era eu honrando a Ele. Era eu me humilhando e essas coisas são bonitas para Deus!

Acho que quando comecei a ver meu comportamento como esposa, pelas lentes das Escrituras em vez das lentes da cultura, foi quando encontrei alegria. Foi aí que tudo começou a fazer mais sentido. 

Acho que se a cultura definir minha feminilidade, então sempre vou ser muito rebelde e vou achar que as Escrituras de Deus são bobagem, quando não são—elas são boas.

Nancy: Você disse que quando se casou, lidou com sua feminilidade de uma maneira nova. Como isso aconteceu?

Jackie: Eu queria ser como Tito 2: ser sábia, ser uma dona de casa, respeitar e amar meu marido, para que a Palavra de Deus não fosse difamada. Eu não queria que a Palavra de Deus fosse difamada.

Eu queria descobrir isso para que pudesse ser agradável pra Jesus. Além disso, sabia que Deus tinha me dado muita influência com as pessoas. Então, eu querendo honrar a Deus, também era eu não querendo levar outras pessoas ao erro.

Era tipo, “Se você seguir a Jesus Cristo, como eu sigo a Cristo, então preciso segui-Lo direito. Preciso segui-Lo bem.”

Eu realmente tentei viver minha fé: O que significa ser respeitosa? Como a linguagem impacta minha adoração? Como a linguagem impacta meu marido?

Acho que ver o quanto eu posso influenciar ele … Eu tenho o poder de influenciar ele de um jeito que outras pessoas não podem. Então, foi tipo, “Eu quero afetar ele de maneiras que o impeçam de viver como Deus o chamou para viver?” 

Se ele é meu líder, se ele é a autoridade sobre mim, então quero ajudar de uma maneira que faça Jesus feliz—até com minhas palavras, até com meu tom, até com minhas expressões faciais. Minhas sobrancelhas dizem muita coisa!

Nancy: Mesmo sem abrir a boca.

Jackie: Mesmo sem dizer nada.

Então, sendo esposa, me senti obrigada de certa forma a descobrir o que significava ser uma esposa bíblica e não apenas ser uma mulher com uma aliança no dedo.

Nancy: Como você descreveria seu relacionamento hoje? Como é diferente de quando vocês se casaram?

Jackie: Nos divertimos juntos. Ouvimos um ao outro. Consideramos os sentimentos um do outro nas pequenas coisas. Eu amo o canal “Food Network”. Ele ama o “Animal Planet”. Então, muitas vezes é, tipo, “Você quer o controle remoto para assistir ao Animal Planet?” E ele responde, “Vou assistir a um programa e depois você pode assistir o resto.” São nas pequenas coisas, onde consideramos os sentimentos um do outro.

Nossas agendas são loucas muitas vezes. Eu tento honrar meu marido até com minha agenda. Tipo, se eu sei que vou viajar sexta e sábado, então vou garantir que minha agenda esteja livre no domingo para poder passar tempo com ele. 

Ou digo: “Fique à vontade para sair com seus amigos porque sei que você ficou em casa o dia todo. Vá fazer o que quiser.” Tentamos encontrar meios de honrar um ao outro de um jeito que não fazíamos antes.

Se ele pede para eu fazer alguma coisa, tento o meu melhor para não responder de um jeito rebelde porque ele não está tentando me controlar. Eu tenho sempre que me lembrar que ele está sempre tentando fazer o que é melhor pra mim.

Nancy: Jackie, eu gostaria que o Preston estivesse aqui hoje como parte desta conversa. O plano era que ele estaria, mas está em casa hoje cuidando da sua filhinha que está com um resfriado. Poderíamos ligar para ele? Eu amaria ter a opinião dele sobre o que estávamos falando.

Jackie: Sem problema. Vá em frente.

Nancy: Ei, Preston. Aqui é sua amiga, Nancy, e sua esposa, Jackie.

Jackie: Oi, bombonzinho!

Preston: Bombonzinho?

Jackie: HA! Eu nunca te chamei assim na minha vida!

Nancy: Estávamos tendo essa conversa incrível com sua esposa e ouvindo o lado dela, a versão dela da história, primeiro, sobre como ela chegou a conhecer a Jesus, depois sobre o namoro e o casamento de vocês.

Então acho que seria muito legal ter a sua perspectiva sobre tudo isso. Você tem alguns minutos para continuarmos a conversa?

Preston: Sim. Claro.

Nancy: Então, Jackie estava nos dizendo que durante seu namoro vocês brigavam muito. É assim que você se lembra?

Preston: Sim, a gente brigava. 

Nancy: Por que você acha que isso acontecia?

Preston: Acho que foram várias coisas. Eu sei que, da minha parte, Deus realmente me tocou quando Ele me mostrou que eu estava tentando moldar a Jackie do jeito que eu queria que ela fosse como esposa, em vez de só cuidar dela com amor e discipular a ela como deveria. Eu acabei agindo mais como um fariseu do que como Cristo.

Houve uma época no início do nosso casamento em que ela disse que odiava voltar para casa porque eu sempre queria conversar e apontar seus defeitos. Da minha parte, eu sei que esse foi um dos motivos.

Depois, acho que o principal motivo foi que simplesmente não nos conhecíamos. Acho que nós nos conhecíamos em um nível pessoal, de amizade, mas a dinâmica do nosso relacionamento mudou drasticamente.

O namoro é uma coisa, mas o casamento é um bicho diferente. Então, quando a gente casou, foi quando a gente teve que aprender um sobre o outro.

Nancy: Foi um desafio para você lidar com o passado dela, sabendo que ela lutava com a feminilidade, com a sexualidade dela? Isso foi um obstáculo para você? O Senhor te deu graça para amá-la com toda essa bagagem? Como você se sentiu em relação a isso?

Preston: Acho que foi uma mistura de o Senhor me dar muita graça e de preparar meu coração. Eu tinha o meu passado também, então durante nosso namoro e quando senti que o Senhor estava me guiando a ir atrás dela, acho que o Senhor preparou meu coração de tal maneira que essas coisas não foram tão difíceis de lidar.

Eu olhava para o passado dela como olhava para o meu passado. Ela lutava com pecado. Eu lutava com pecado. Era diferente do meu, mas era pecado. Eu sabia disso. E o Senhor preparou meu coração.

Acho que Deus foi soberano em permitir que a gente fosse amigos por três anos também, porque era como se eu soubesse que esses pequenos sentimentos poderiam surgir um dia, apenas pensando em tudo pelo que ela passou. 

Ela foi minha amiga por três anos antes de eu mostrar um interesse maior. A gente tinha um relacionamento super bacana, muito honesto e aberto antes de eu sequer pensar em namoro.

Tipo, quando eu costumava querer falar com alguma garota, eu ia até a Jackie e perguntava: “Jackie, o que você acha dessa garota?” E vice-versa. Às vezes ela falava, e ela me contava suas lutas.

Acho que, na verdade, o que me ajudou mais com isso em nosso casamento é que, embora eu soubesse que ela tinha suas ‘lutas’, porque eu a conhecia tão bem, eu confiava no caráter dela. Eu confiava que o Senhor realmente salvou essa moça. Eu confiava que o Senhor cuidaria dela. Então, era assim que eu pensava.

Já tive pessoas me fazendo essa pergunta antes, especialmente homens, tipo: “Você não tem medo do passado dela e das implicações disso?”

E eu digo, “Não, ‘na moral’, não confio tanto na Jackie assim. Tenho que confiar mesmo é no Senhor que a redimiu.” Com o passar do tempo, eu tive a certeza de que Deus a tinha libertado de seu passado.

Nancy: Ouvir você falar sobre como Deus tinha te perdoado me lembra daquele trecho em Lucas 7 que diz: “Aquele a quem muito foi perdoado, muito ama.” E acho que ter uma consciência de seu próprio pecado e necessidade dá muita graça então para estender aos outros e aos seus problemas.

Preston: Sim.

Nancy: Jackie falou um pouco sobre como não era respeitosa, porque ela não tinha realmente bons modelos de masculinidade ou feminilidade. Ela tinha um problema com autoridade e falou um pouco sobre como mudou.  

Aliás, amo como ela fala de você. É super fofo. Mas ela fala sobre como no começo do casamento ela sentia muita liberdade para dizer coisas desrespeitosas,  e ela teve que passar por muito aprendizado, e Deus a mudou. 

Como você a viu mudar nessas áreas? E o que isso significa para você como homem?

Preston: Cara. Significa muito. Vi Jackie mudar drasticamente. Essa é a beleza de estar em um casamento com alguém que tem o Espírito Santo. É tipo, se não fôssemos cristãos, não funcionaria.

Jackie: De jeito nenhum!

Preston: De jeito nenhum!

Nancy: Vocês se casaram sabendo que ambos têm problemas de confiança, que você, Jackie, tem problemas com o medo. E Preston, você casou sabendo que Jackie tinha medo de ser machucada, mas que escolheu confiar no Senhor. 

Como isso te motiva como homem a … que tipo de marido isso te ajuda a ser? O que isso faz em você como homem, percebendo a responsabilidade que você tem agora como marido dessa mulher que tem medo da dor?

Preston: Sim. Essa é uma boa pergunta. Muitas coisas, e para ser honesto com você, no início foi uma série de tentativas e erros. Deus fazendo uma obra em mim também. 

Uma das coisas que o Senhor me mostrou no início foi … Ele fez uma obra em mim que foi todo esse processo de tentar amar Jackie, se é que isso faz algum sentido.

Acho que Deus revelou meu egoísmo. Deus revelou o orgulho no meu próprio coração lidando com alguém que tem dificuldade em confiar em mim. 

Ele me mostrou, tipo: “Você está disposto a realmente amar como Eu te amo? Você está disposto a sacrificar seus sentimentos, suas próprias emoções, seu próprio orgulho, seu próprio egoísmo? Você está disposto a deixar tudo isso de lado para me agradar na forma como você ama Jackie?”

Fui confrontado constantemente com essas perguntas. Deus começou a fazer uma obra em mim. Então acho que muito disso foi um chamado pessoal do Senhor. 

Foi tipo, “OK, eu sei que Jackie está fazendo isso. Mas o que eu estou te dizendo para fazer? Eu sei que Jackie não está respondendo a você agora, mas o que é que eu estou te dizendo para fazer? Quem você está tentando agradar? Eu sei que você se sente rejeitado, mas Eu também fui rejeitado por você, sabia?”

Era sempre uma reflexão sobre mim mesmo. Era tipo, “Ahhhh Deus! Eu tô me cansando disso.” Eu ficava irritado muitas vezes. Acho que isso me ajudou, e acho que, por sua vez, me deu mais graça.

Acho que para Jackie também, ela teve que ter muita graça comigo no início e vice-versa. Acho que ao longo do tempo o Senhor fez uma obra no meu coração. Conforme Deus trabalhava em meu coração, foi ficando mais fácil lidar com a Jackie.

Nancy: É interessante ouvir vocês dois, que percebem que não é o casamento de vocês que é o problema tanto quanto o relacionamento com o Senhor. 

Ao passo que o Senhor trabalhava em você, então Ele também trabalhava no seu casamento. É interessante assistir ao vídeo de destaques no casamento que vocês têm no YouTube, ouvir a mãe da Jackie dizer: “Ela é teimosa e obstinada, e ele é teimoso e obstinado.” Vocês diriam que isso era verdade para ambos?

Jackie: Sim.

Preston: Muitas pessoas que conheciam nós dois, nos questionavam muito. Tinha um cara da minha igreja que caminhava comigo que me perguntou como nós coexistíamos.  

Ele conhece nós dois. Ele me conhece melhor. Ele ficava tipo, “Como vocês se dão bem? Vocês não brigam?”

Porque muitas pessoas nos veem como pessoas muito teimosas e obstinadas e com personalidades muito fortes. 

Então, tinha pessoas dizendo que o nosso casamento não daria certo – e no começo, era óbvio que não daria. Mas realmente acho que foi só a graça.

Jackie: Sim, Deus é bom.

Preston: Muita graça.

Jackie: Acho que tive que aprender que ter “problemas de confiança” não é desculpa para não obedecer a Deus. 

Realmente tive que me apegar ao fato de que os mandamentos principais são amar a Deus e amar as pessoas. 

Se você tem um problema de confiança, trate desse problema, mas isso não é desculpa para falta de amor. Não é mesmo!

Então, a maneira como trato o Preston é como estou tratando a Deus. Tenho que morrer para mim mesma e amar esse homem independentemente do que meu passado possa ter feito comigo. 

Isso não é uma desculpa para deixar as pessoas pisarem em nós, mas é simplesmente honrar a Deus amando a Ele mesmo que você esteja com medo. Ame mais a Deus. Não tema o que todos temem.

Nancy: Bem, eu só vou dizer, como uma observadora do seu relacionamento ao longo dos últimos anos, que tem sido realmente uma grande alegria para mim. 

Claro, quando comecei a assistir o desenrolar do namoro de vocês, eu não tinha ideia de que quando estivéssemos tendo essa conversa eu também estaria casada.

Mas assistir aos dois realmente buscar o Senhor e deixá-Lo moldar, formar e persuadir vocês, e assistir a duas pessoas fortes com muita bagagem e muitos problemas chegarem à cruz, chegarem à graça de Deus e continuarem bebendo profundamente da fonte do Seu amor e graça, e então assistir Ele construir este belo e crescente casamento e família, é um testemunho e tanto. 

É um testemunho enorme do poder de Deus para transformar, para renovar mentes.

Olho para vocês dois e penso que não há nada muito difícil para Deus. E ainda mais vê-Lo torná-los frutíferos e usá-los para ministrar e abençoar outros. Ainda há muito dessa história a ser escrita. Mal posso esperar para ver tudo o que Deus tem reservado e como Ele quer usá-los. 

Isso também me faz sentir a necessidade de realmente orar pela proteção dos seus corações, pelo seu casamento porque certamente o inimigo, na minha mente, não está aceitando isso de braços cruzados.

Preston: Quando você diz isso, não posso deixar de pensar em como você e Robert têm sido influentes para mim e Jackie. 

Eu sei que você pessoalmente tem investido na vida da Jackie e tem sido uma inspiração para Jackie há algum tempo.

Jackie e eu estávamos conversando durante o seu casamento, e queremos renovar nossos votos agora. Porque depois desse casamento, a maneira como vocês honraram o Senhor … 

Robert, no altar, citou as Escrituras para você. Foi como se ele me fizesse me autoavaliar. Sabe, cara, eu preciso chegar nesse nível!

Mas ver você solteira por tantos anos e depois confiar no Senhor quando Ele enviou Robert no seu caminho. Nós vimos uma submissão real ao Senhor que eu mesmo não tenho. Foi uma bênção ver! Então vocês têm sido uma inspiração para nós.

Nancy: Obrigada por compartilhar isso. Vocês nos inspiram, e estamos aprendendo com vocês. Todos nós realmente olhamos para o Senhor. Ele é o padrão, certo? Para a masculinidade, para nossa feminilidade, para o casamento, ou seja, Sua submissão ao Pai, Seu cuidado com Sua Noiva, a Igreja. 

Em todos os sentidos é Cristo quem nos dá o retrato, a imagem de quem Ele quer que sejamos.

Então estamos juntos nisso, crescendo, buscando a Ele. Obrigada por se juntar à nossa conversa. Quero orar uma bênção sobre vocês se eu puder fazer isso antes de encerrarmos aqui.

Preston: Sim. Sim.

Nancy: Senhor, ouço Jackie e Preston, e os observei e os ouvi ao longo dos anos e vi algo de sua jornada, sua peregrinação, seu discipulado. Tem sido uma alegria Te ver atraindo os corações deles para Ti mesmo, trazendo-os à fé, ao arrependimento, à graça. 

O trabalho transformador do Teu Espírito e da Tua Palavra em suas vidas tem sido realmente poderoso.

E agora, ver que Tu os juntaste e os mantém juntos e os mantém não apenas em um casamento tolerável, mas em um casamento que está crescendo e uma amizade crescente e uma frutificação crescente e agora os confiou com essa preciosa garotinha. 

E Senhor, somente Tu sabes o que tens reservado para eles nos anos que virão. Mas oro para que todos os Teus bons propósitos para eles sejam cumpridos. 

Agradeço porque aquilo o que o inimigo pretendia para prendê-los, para enredá-los, para colocá-los em escravidão, para finalmente trazê-los à morte, agradeço porque as obras das trevas foram vencidas por Cristo e Sua cruz e que agora eles estão andando na luz. Eles estão andando na verdade.

Oro para que suas vidas sejam frutíferas, que sejam protegidos de todo assalto do maligno. Nos dias em que forem enfrentar estresses, desafios ou obstáculos que talvez nem tenham antecipado neste momento, como Robert e eu também teremos, e nesses momentos, oro para que eles continuem correndo para Ti e possam mais uma vez provar que o Senhor é confiável, fiel, verdadeiro e poderoso.

E que Tua presença em suas vidas e em seu casamento e em seu lar não apenas seja uma luz e um poder para eles, mas também que então Tu os use para ser uma luz e trazer a presença de Cristo para outros lares, outros corações, outros casamentos e para esta cultura sombria que desesperadamente precisa ver a realidade de quem Tu és e a realidade do amor centrado em Cristo.

Então, obrigada, Senhor, por eles. Abençoe-os. Proteja-os. Apoie-os. Sustente-os. Santifique-os pela Tua graça. E continue a satisfazê-los com o Teu amor constante. Eu oro em nome de Jesus, amém.

Raquel: Essa foi Nancy DeMoss Wolgemuth orando por Jackie Hill Perry e seu marido, Preston Perry. Durante toda a semana, Jackie tem nos contado sobre sua jornada. 

Ela era uma garota cheia de feridas que entrou em relacionamentos lésbicos, mas tem experimentado e mostrado o poder do evangelho para transformar uma vida.

Seu crescimento e discipulado nem sempre foram fáceis ou simples, mas é algo bonito de observar. Se você conhece alguém que enfrentou feridas ou abandono em suas vidas, esta série seria encorajadora para elas. Você pode compartilhá-la pelo link do do nosso site: www.avivanossoscoracoes.com 

Quando Jackie Hill Perry ficou grávida de sua primeira filha, ela estava lutando para ver o bebê como uma dádiva. Ela ouviu o Espírito Santo falando ao seu coração.

Jackie: “Você não pode dizer que quer que Eu receba a glória de sua vida e depois andar por aí irritada com os caminhos que Eu escolho para você. Se você quer que Eu seja exaltado e glorificado, então me deixe ser Senhor nessa área.”

Raquel: Ouça mais sobre Jackie amanhã, aqui no Aviva Nossos Corações. Jackie também escreveu um livro, compartilhando um pouco mais sobre a sua história. O livro chama-se “Garota gay, bom Deus – a história de quem eu era e de quem Ele sempre foi” disponível no nosso site.

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O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, à plenitude e à abundância em Cristo.

Clique aqui para o original em inglês.