icon-newsletter

Adornadas Ep. 33: Nossas prioridades, valores devem ser diferentes dos que são comuns ao mundo.

Publicadas: out 30, 2023

Raquel Anderson:  Nancy DeMoss Wolgemuth diz:

Nancy DeMoss Wolgemuth: O lar não é um complemento para a nossa vida espiritual. A casa, a família, o lar são partes essenciais do nosso discipulado e do nosso chamado como filhas de Deus.

Você e eu podemos conhecer as Escrituras de cor e salteado. Podemos ter nossa Bíblia sublinhada e colorida por tópico. Mas se não estivermos praticando o autocontrole em casa, não adianta nada.  

Raquel Anderson:  Este é o Aviva Nossos Corações, com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mulheres atraentes adornadas por Cristo, na voz de Renata Santos. 

Temos estudado Tito 2:1-5 já há algumas semanas, e temos aprendido sobre muitos tópicos práticos e importantes para a vida cristã. Hoje vamos explorar a recomendação de que as mulheres devem estar ocupadas em casa. Nancy vai nos ajudar a entender esta frase.

Nancy: Este estudo tem sido muito útil para mim e espero que também seja para vocês. Como tem sido importante ver cada uma dessas palavras, cada uma dessas frases, especialmente em Tito 2:3-5, e analisá-las como se fossem uma pedra preciosa, olhar para essa jóia por vários ângulos e assim ver suas diferentes facetas.

Nesses versículos, vemos a sabedoria, o aprendizado e o crescimento de uma vida inteira.  Vamos desvendá-los aos poucos, sem apressar as coisas.  Esta série tem levado várias semanas e vai se alongar por outras mais. Vou ler de novo os versículos que estamos examinando e vamos selecionar uma frase desta passagem que vamos estudar hoje e nas próximas semanas. 

E lembre-se de que Paulo está falando sobre uma visão radicalmente contracultural para os crentes da ilha de Creta, onde Tito era o pastor. Ele diz: “Vocês não devem se parecer com o mundo. Se vocês quiserem sobreviver e prosperar como igreja, como povo de Deus, nessa cultura pagã, o evangelho deve influenciar a sua maneira de viver e vocês devem vivenciá-lo juntos”.

A seguir ele diz no versículo 3 de Tito 2 que “as mulheres mais velhas devem ensinar o que é bom e assim orientar as mais jovens”.

Que orientação elas devem dar às mais jovens? “A amarem seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras.”

Já abordamos todas essas coisas e agora chegamos a outra frase: “A estarem ocupadas em casa.”

E ele continua: “E a serem bondosas e sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada.”

Nada como discutir assuntos polêmicos, não é? Estamos falando de coisas difíceis. Quero frisar que eu não sou Deus, eu não sou uma super intérprete das Escrituras.  É por isso que Deus nos concedeu o Espírito Santo. Só estou tentando trazer esses versículos à luz e dizer como eu os vejo, para que depois vocês possam digeri-los e aplicá-los às suas vidas. 

Então, chegamos à frase de hoje: “Estarem ocupadas em casa”. Esse é um conceito estranho para grande parte de nossa cultura atual. E para alguns, é uma ideia profundamente controversa, até mesmo ofensiva. E mesmo entre algumas mulheres cristãs, esse conceito de trabalhar em casa pode ter um grande peso emocional e gerar muita discussão. Não é verdade? O que ele significa? E como devemos lidar com isso?

Por ter estudado tanto ao longo dos anos, o meu pensamento evoluiu com relação a esta frase e hoje eu a ensino de uma forma um pouco diferente de como eu ensinava há vários anos. Isso porque eu me aprofundei mais sobre o tema, o contexto cultural e histórico e a interpretação das Escrituras.  Então, quero compartilhar o que eu entendo ser uma melhor compreensão desta passagem.

Se você é uma mulher mais velha, quando lê o currículo de Paulo para as mulheres mais jovens, pode ser que te venha à memória um casal de uma série de TV da década de 1950, como por exemplo “Papai Sabe Tudo”. Talvez algumas se lembrem daquela época e pensem: “Não seria maravilhoso se pudéssemos voltar ao passado? Que bons tempos eram aqueles!”

Mas se você é uma mulher mais jovem, e você nem sabe que série era essa, você pode considerar isso que Paulo está compartilhando aqui em Tito 2, muito preocupante e até ofensivo.

Quero dizer uma coisa àquelas que são das gerações mais antigas: Idealizar ou tentar voltar àquela época seria um grande erro. Foi Deus quem nos colocou nesta época em que estamos e é aqui que devemos viver e refletir a luz do evangelho de Cristo.

E para as mulheres de todas as idades quero dizer que seria um grande erro desprezar essa porção das Escrituras como se ela fosse arcaica ou irrelevante.  “Isso servia para outra cultura e não se aplica hoje”.  Toda a Escritura é inspirada – cada palavra dela. E tudo se destina ao nosso crescimento, à nossa santificação e toda ela deve ser levada a sério.

Portanto, não podemos simplesmente ignorar, descartar ou pular esta parte. Temos que nos aprofundar para entender como aplicar esta verdade duradoura à nossa própria era, cultura, contexto, incluindo esta pequena frase em Tito 2: “Estarem ocupadas em casa.” As mulheres mais velhas devem orientar as mulheres mais jovens a fazer isso.

Mas será que Paulo está dizendo com esta frase que o lugar da mulher é no lar? Paulo está sendo machista, como muitos sugerem? Ele estaria dizendo: “Lugar de mulher é na cozinha, esquentando a barriga no fogão e esfriando na pia.” Esta é a mentalidade que Paulo tem sobre as mulheres? Sei que muitas sabem que não é esse o caso, mas existem mulheres que leem Paulo no Novo Testamento e pensam exatamente assim. Como podemos responder a elas?

A frase que Paulo usa aqui é traduzida de forma um pouco diferente em outras versões da Bíblia, por uma razão importante. Quem costumava usar a versão Ferreira de Almeida da Bíblia se lembra como essa frase foi traduzida? “Boas donas de casa”.

A tradução que estou usando hoje, a NVI, diz: “ocupadas em casa”.

Algumas outras traduções dizem: “trabalhar no lar” ou “dedicadas ao lar”.

Então, existem duas situações: aqueles que falam sobre “cuidar do lar” e aqueles que falam sobre “estar ocupadas em casa”. E há uma razão para essa diferença nas traduções.

Há um desacordo relacionado à palavra que é usada no Grego original, e aqui vamos para uma pequena aula de Grego novamente. Os manuscritos gregos mais antigos usam a palavra oikourgos. É uma palavra composta que combina oikos, que significa lar ou casa, com urgos, que significa trabalho.

Literalmente: alguém que trabalha em casa, referindo-se a uma mulher que não está ociosa.  Ela está ocupada em casa, ativa nas tarefas domésticas. Isso é oikourgos, essas duas palavras combinadas: oikos e urgos.

Existem outros manuscritos no grego original que usam uma palavra ligeiramente diferente. É oikosoros, que vem de duas palavras: oikos, casa ou lar, e oros, que significa guardião ou guarda.  É aí que encontramos as palavras “dona de casa” da versão Ferreira de Almeida. Então uma palavra, se estiver correta, traria o sentido de: “Trabalhar no lar”. A outra palavra, se for a correta, seria “guardiãs do lar”, alguém que cuida do lar, responsável pelos assuntos domésticos.

Felizmente, para nós – inclusive para mim – que não somos estudiosas do Grego, isso realmente não importa muito, porque ambas as palavras:  “trabalhar no lar” ou “dona de casa” esclarecem a nossa missão e nosso chamado como mulheres cristãs.

Em ambos os casos, o sentido geral da palavra é o de uma mulher devotada ao seu lar. Ela ama o seu lar, está ativamente empenhada e envolvida em sua vida doméstica, dando alta prioridade a ela. Seu lar importa para ela.

Por todo o livro de Tito, vemos como a vida dos cristãos deve contrastar com a vida dos ímpios. O povo de Deus deve viver de maneira diferente do restante da cultura. Nós deveríamos estar nadando contra a maré. Deveríamos ser contraculturais.

Mas, isso não significa que devemos ser ofensivas, ter uma atitude ruim, de desdém ou desprezo com relação aos que não veem a vida do nosso jeito. Nós devemos resplandecer como luzes brilhantes em meio à escuridão.  Devemos ser diferentes.

Nossa cultura se caracteriza por coisas como violência, promiscuidade sexual, ganância, mentira, gula, devassidão, embriaguez, rebelião, ódio. E o mundo deveria enxergar em nós uma enorme diferença.  As nossas características deveriam ser amor, gentileza, pureza (falamos sobre isso nos últimos episódios), domínio próprio (já falamos sobre isso também), verdade, submissão, relacionamentos familiares bem ordenados.

Nossos lares devem ser diferentes. Nossas vidas devem ser diferentes. Nossas prioridades, valores devem ser diferentes dos que são comuns aos do mundo. E uma das características das mulheres cristãs deveria ser amar seus lares, o que era conhecido no século XIX como a virtude da domesticidade.

Domesticidade, quase não ouvimos mais falar sobre essa virtude, mas é uma virtude importante para as mulheres em todas as épocas. E creio que é uma maneira essencial de revelar o fundamento do evangelho em nossa geração que tem tão pouco senso de lar.

A ideia de lar do mundo é muito confusa, fraturada e fragmentada, o que não quer dizer que os cristãos não tenham problemas familiares. Nós temos. Mas deveríamos ter a graça à nossa disposição para lidar com essas questões. E os corações das pessoas que vivem a realidade de várias gerações de divórcios e novos casamentos, promiscuidade e confusão de gênero, estão ansiando por um lar. E são os lares cristãos cuidados por mães, esposas e mulheres cristãs que devem criar na mente do mundo e em seus corações o desejo pelo nosso lar final no céu.

Hoje, infelizmente, é comum que os lares, as casas, sejam só estruturas físicas onde as pessoas descansam seus corpos à noite, tomam banho pela manhã e depois se dispersam em direções diferentes quando começam o dia. E as pessoas que vivem nessas estruturas, ocasionalmente voltam para pegar um lanche e saem correndo novamente. Há pouca vida compartilhada. Há pouca oportunidade de convivência. As pessoas estão vivendo mais como colegas de quarto do que como uma família.

E essa ainda é uma visão menos pior, infelizmente. Em muitos lares cristãos, as pessoas mostram sinais significativos de negligência e estão em total desajuste.

Mas também existe o outro extremo: pessoas que adoram seus lares. Eles têm casas chiques que poderiam estar em capas de revistas. Existem pessoas que adoram seus filhos. Tudo gira em torno de suas famílias e mais nada.  Não há nenhuma percepção da família maior de Deus ou da missão maior do reino de Deus.

E mesmo dentro de algumas dessas casas, aparentemente perfeitas, as de capa de revista, descobrimos que os relacionamentos dentro dessas quatro paredes estão seriamente rompidos. Eu poderia contar muitas histórias assim e sei que vocês conhecem algumas. Em alguns casos, se não estiverem rompidos, alguns relacionamentos são emocionalmente distantes e desonestos.

A casa pode parecer perfeita no “Pinterest”, mas não é na vida real. É possível ver isso nas fotos no Natal. As pessoas postam as fotos das famílias, todo mundo está sorrindo, feliz, todos unidos.  Eles estão tão próximos uns dos outros.

Durante anos, eu costumava colocar na porta da minha geladeira e do meu freezer as fotos que eu recebia de natal, mas não faço mais isso. Eu olhava para aquelas fotos e as pessoas que eu conhecia e pensava: “Esta família acabou de perder um dos pais para o câncer.” ou “Este pai tem um filho pródigo rebelde.” ou “Esta família está passando por um divórcio.”

Vemos fotos belíssimas e muitas vezes elas não são o que parecem. Certo? Muitas mulheres de hoje cresceram presenciando esse tipo de distância, desonestidade, rompimento ou algo assim, e esse é o único conceito de lar que elas conhecem.

E Deus nos chama para ser luz nesse mundo confuso. Ele traz Tito 2 para esse tipo de realidade, lembrando-nos de que o lar não é um complemento para a nossa vida espiritual. A casa, a família, o lar são partes essenciais do nosso discipulado e do nosso chamado como filhas de Deus.

Você e eu podemos conhecer as Escrituras de cor e salteado. Podemos ter nossa Bíblia sublinhada e colorida por tópico. Mas se não estivermos praticando o autocontrole em casa, não adianta nada . Se nossos maridos, filhos, ou nossos convidados não nos descrevem como amorosas e gentis, as palavras que lemos em Tito 2 não estão fazendo efeito em nós. 

Portanto, não importa se você é um gênio em teologia. Se as coisas não vão bem em sua casa, se você não está cumprindo o chamado de Deus para o seu lar, então algo está fora de ordem. Não podemos separar a nossa vida doméstica da nossa vida cristã, sem perder algo que é essencial para nossa comunhão com Deus e nossa utilidade para Sua missão no mundo.

E quando minimizamos a importância de estabelecer e manter lares centrados em Cristo, lares que amam a Cristo e que revelam o evangelho, quando não achamos que isso tenha grande importância ou mesmo quando nosso principal objetivo para nossos lares é apenas manter tudo funcionando no tempo certo, de maneira alinhada e dentro do cronograma, quando não damos prioridade a Deus sobre esse assunto, então nós diminuímos o enorme impacto que a nossa vida no lar deveria ter.

Em Tito 1, Paulo fala sobre falsos mestres que estavam “arruinando famílias inteiras”. Eles estavam virando-as de cabeça para baixo e de dentro para fora. Paulo não menciona nessa passagem o que essas pessoas estavam dizendo, mas ele indicou que eles estavam fazendo isso “por ganância”.

Pode ser que o que esses falsos mestres ensinavam estava agradando a população. O conteúdo agradava, vendia bem. E, aparentemente, parte do que eles estavam vendendo e ensinando estava subvertendo, minando o desígnio de Deus para as famílias. E vemos o mesmo acontecendo hoje.

Se uma jovem tem como principal ambição ser uma esposa, mãe e dona de casa, ao invés de almejar ser, digamos, fisioterapeuta ou arquiteta, ela é tratada como se ela não tivesse um cérebro. As pessoas pensam: “O que há de errado com você?”

Há vários anos, um importante seminário evangélico anunciou que planejava oferecer um curso de economia do lar. Bem, isso causou uma avalanche de comentários. 

Um pastor escreveu sobre eles em seu blog, caracterizando o curso como “frívolo e tolo”. Ele disse: “Um diploma do seminário em ‘como preparar biscoitos’ é tão útil quanto um mestrado cristão em reparo automotivo”. Ele estava simplesmente afirmando que era uma tolice mulheres cristãs serem treinadas para serem boas donas de casa.

Considerando esses posicionamentos e suposições, mesmo entre os cristãos, o que devemos fazer a respeito do fato de que a Bíblia inclui “trabalhar em casa” ou ser uma “dona de casa” no currículo básico para o treinamento de jovens mulheres? E essas jovens mulheres são as que, por definição, estão na época da vida que terão filhos e os criarão. E as mulheres mais velhas, que passaram por essa experiência, deveriam estar orientando essas mulheres mais jovens, com base em suas experiências de vida, seus fracassos e seus sucessos.  Elas deveriam estar orientando essas mulheres mais jovens a “trabalhar em casa” ou a serem boas “donas de casa”.

É importante darmos uma olhada na história do trabalho e do lar. Ao fazer isso, tive uma compreensão maior do que Paulo está descrevendo aqui e sobre o que ele está e não está dizendo para nós hoje.

Eu tenho uma amiga chamada Carolyn McCulley, ela já participou de um episódio antes. Ela escreveu, em coautoria com outra mulher, um livro chamado Mulher, Cristã e Bem-sucedida: Redefinindo Biblicamente o Trabalho Dentro e Fora do Lar. Esse livro e as conversas com Carolyn têm sido extremamente úteis para mim, me ajudando a entender o que Paulo está dizendo aqui quando ele fala sobre estarmos “ocupadas em casa” ou sermos “donas de casa”.

Em geral, existe uma divisão clara entre o que acontece em casa e o que acontece no trabalho e isso é algo muito antigo. A maioria das pessoas que “trabalham” se levantam, saem de casa e vão para outro local para fazer seu trabalho.

Essa localização, poderíamos chamar de “a esfera pública”. Está lá fora. Está longe de casa. Elas estão fazendo seu trabalho. Estão ensinando na escola, ou estão cuidando de pacientes, ou estão sendo cientistas, ou estão sendo engenheiras, ou estão sendo – o que quer que seja – longe de casa. Isso é a “esfera pública”.

Nessa esfera, elas fazem aquilo que são pagas para fazer e então voltam para suas casas, a “esfera privada”, onde gastam seu salário e começam o processo todo de novo: tomam banho, limpam, alimentam-se retornam para a “esfera pública”, para fazer seu trabalho. Certo?

Analisando esse modelo, com a casa sendo a “esfera privada” e o sair para trabalhar a “esfera pública”, vemos que ele é um avanço relativamente recente.

Antes da Revolução Industrial, durante os séculos XVIII e XIX, não havia separação entre trabalho e casa. O lar era o motor econômico da sociedade. Era um lugar de produtividade e toda a família (homens, mulheres e crianças) fazia parte disso. Não era apenas como se o pai ou a mãe saíssem para trabalhar. Todos eles se empenhavam em produzir bens que tornassem possível que suas necessidades fossem atendidas e também permitissem que eles cuidassem das necessidades de outras pessoas.

Assim, tanto a casa em si quanto o trabalho que ocorria dentro e ao redor dela eram considerados essenciais. Eles eram altamente valorizados. Mas no século XX, tudo isso mudou. E podemos falar sobre a Revolução Industrial, e sobre a guerra ou as guerras mundiais e outras coisas que, juntas, fizeram isso acontecer.

Mas, em vez de ser um lugar de produtividade, de ter todas as mãos no arado, todos trabalhando juntos para obter sucesso, a casa se tornou um lugar de consumo.  As coisas que ganhamos fora de casa, nós usamos em nossas casas.

Então, hoje, decoramos nossas casas para expressar a nossa personalidade única, nosso estilo único. Mostramos nossas casas no Pinterest e no Instagram para que possam ser admiradas por outras pessoas. Mas elas não são, na maioria dos casos, um lugar de produtividade.  São locais de consumo e, em alguns casos, de um consumo ostensivo.

Na maioria dos casos, nosso trabalho e nossas casas, hoje, tendem a correr por trilhas separadas. Existem exceções, mas, em geral, a “esfera pública”, que é o mercado onde a pessoa é paga por seus trabalhos, tornou-se o reino mais valorizado.

A “esfera privada”, por outro lado, o lar que costumava ser o centro da produtividade e o motor econômico da sociedade, a “esfera privada” foi desvalorizada – justo o lar onde os casamentos amorosos são nutridos, onde as crianças são discipuladas e treinadas, onde os membros deficientes da família ou idosos podem ser cuidados e a hospitalidade e o cuidado podem ser estendidos a amigos e vizinhos. Coisas pelas quais não somos pagos para fazer, de forma que esse trabalho foi desvalorizado, enquanto o trabalho fora de casa, pelo qual recebemos pagamento, foi exaltado.

Assim, aos olhos do mundo, bem como aos nossos próprios olhos, muitas vezes as mulheres de hoje derivam seu senso de identidade e status do trabalho produtivo feito fora de casa, na “esfera pública”, trabalho pelo qual são compensadas financeiramente. Percebe? Menos status é dado ao trabalho diário que ocorre em casa e não é recompensado monetariamente.

Esta divisão entre a esfera “privada” e a esfera “pública” tem dado origem a um debate acalorado. Pense em algo que coloca as mães em “pé de guerra” – debates sobre o lugar das mulheres e o significado do lar.

Então, voltemos a Tito 2. Quando Paulo exorta as mulheres mais velhas a orientar as mulheres mais jovens para que estivessem “ocupadas em casa”, ou “cuidando da casa”, ele estava vivendo em um cenário totalmente diferente deste mundo pós-Revolução Industrial em que vivemos hoje. E é importante entendermos isso para evitar interpretar passagens como Tito 2 e Provérbios 31 apenas através do nosso próprio contexto cultural moderno.

Para nossos ouvidos do século XXI, poderia parecer que, ao incentivar as mulheres a se “ocuparem em casa”, “cuidando da casa”, Paulo estava diminuindo o valor das mulheres; que ele estava insinuando que elas eram menos importantes do que os homens, pois, afinal, o trabalho doméstico não remunerado não é tão importante quanto o trabalho feito no mercado, a “esfera pública”, essa noção moderna que nós temos.

Então, se você pegar esse contexto cultural, o nosso contexto moderno, você poderia concluir que Paulo estava desencorajando as mulheres a serem produtivas, a cooperarem em suas igrejas, suas comunidades ou suas culturas.  “Basta ficar em casa.  Não faça mais nada. E o que você faz em casa não é tão valorizado.”

Se enxergarmos essa passagem na nossa visão cultural, não vamos entender a sua intenção e importância. 

Longe de diminuir as mulheres nesta passagem, Paulo foi, na verdade, progressista para o seu tempo e a sua cultura, porque ele chamou as mulheres cristãs em todas as suas epístolas para serem intencionais quanto a usar suas mentes, seus corações e suas mãos pela causa do Evangelho.

O apóstolo trabalhou com Priscila e seu marido em seus negócios de fabricação de tendas.

Seu ministério em Filipos foi apoiado pelos sucessos comerciais de uma mulher chamada Lídia.

Paulo saudou a participação e a parceria dessas e de outras mulheres no ministério do Evangelho. Leia Romanos, capítulo 16 e veja todas as mulheres que Paulo menciona que foram parceiras no ministério do Evangelho.

Paulo nunca disse: “Você é menos valiosa. Você tem menos contribuição a dar. Basta ir para casa e assar biscoitos”. Não há nada de errado em ir para casa e assar biscoitos, mas ele não estava limitando a sua produtividade a uma única esfera menos valiosa. Ele estava dizendo: “O que você faz importa”. Ele nunca menosprezou o trabalho delas. Ele nunca menosprezou as suas contribuições. Em vez disso, ele encorajou mulheres e homens a cultivar suas habilidades e a maximizar suas capacidades para o avanço do Reino de Deus.

Então, o que Paulo quer dizer, no contexto e na cultura do primeiro século, com esse pano de fundo? E qual é a verdade atemporal que fala a nós, como mulheres hoje? O que significa estarmos “ocupadas em casa”, ou “cuidar da casa”, como Paulo diz que as mulheres mais velhas devem ensinar as mulheres mais jovens a fazer?

Responderemos a estas perguntas no próximo episódio do Aviva Nossos Corações. Junte-se a nós enquanto continuamos essa conversa sobre o que significa ser mulheres trabalhando em casa para a glória de Deus e o avanço de Seu Reino.

Raquel: Esta é Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de Mulheres atraentes adornadas por Cristo. Estamos nos aprofundando em Tito 2:1-5.

Nancy voltará para orar, mas antes disso, deixe-me compartilhar com vocês dez razões para obter o livro, Mulheres atraentes adornadas por Cristo.

10: Se Deus inspirou Paulo a dar instruções para as mulheres, devemos prestar atenção.

9: Nancy passou anos ponderando neste texto para nos ajudar a interpretá-lo corretamente.

8: Este livro irá inspirá-la a se conectar com outras mulheres em relacionamentos de discipulado.

7: Ele irá ajudá-la a aprender a amar seu marido mais profundamente.

6: Ele dará orientações para tornar sua casa uma prioridade.

5: Ele irá ajudá-la a desenvolver um pensamento sólido, sábio e piedoso.

4: Você pode adquirir esse livro no nosso site www.avivanossoscoracoes.com 

3: Quando você adquire um livro diretamente do nosso site, você está contribuindo para o sustento deste ministério e fazendo assim que mais e mais mulheres tenham acesso a um ensinamento sólido.  

2: O livro a ajudará a identificar quaisquer ídolos ou vícios em sua vida e mostrará como ser liberta.

1: Você estará enchendo sua mente com a verdade bíblica. Ao ler este livro, você crescerá, será encorajada e se maravilhará com a verdade de Deus.

Nancy está de volta para orar.

Nancy: Obrigada Senhor, pelo privilégio e pela alegria de nos aprofundar em mais uma frase da Tua Palavra. Há tanto significado nela e queremos entendê-la, e vivenciá-la. Queremos ser mulheres contraculturais.

E queremos, no contexto de nossas casas, quer sejamos casadas ou solteiras, jovens ou idosas, queremos honrar ao Senhor. Queremos glorificá-Lo. Queremos que nosso lar reflita o evangelho de Cristo.

Então, pedimos que o Senhor abra os nossos corações para a Tua verdade e mostre-nos o que ela significa, para que vejamos nossos lares da maneira que Tu vês. Que a nossa vida, então, possa direcionar as pessoas para Jesus, tanto na “esfera pública” como na “esfera privada”. Eu oro em nome de Jesus, amém.

Raquel: O Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth chama mulheres à liberdade, plenitude e abundância em Cristo.

Clique aqui para o original em inglês.