Refresh – Dia 1: como evitar o esgotamento, a síndrome de burnout
Raquel: Quando Shona Murray passou por um período de depressão e esgotamento, seu pai compartilhou algumas perspectivas interessantes. Não se tratava apenas de uma questão espiritual.
Dr. Shona Murray: Existem consequências espirituais, mas o problema principal é emocional e físico.
Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, na voz de Renata Santos.
Durante esta semana, vamos refletir sobre a síndrome de burnout e suas consequências físicas, emocionais e espirituais. Hoje em dia é difícil não conhecer alguém que esteja passando por algum tipo de esgotamento. Por isso, vamos aproveitar esse tema tão importante para trazer discussões e conselhos para estimular uma saúde mental saudável, e tudo, é claro, baseado na Palavra.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Vou ler algumas palavras aqui, e me diga se alguma delas descreve você ou se você se reconhece em alguma delas. Vamos lá: sobrecarregada, exausta, deprimida, ansiosa, estressada, esgotada, paralisada, afundada, vazia. …
Raquel: Quando Shona Murray passou por um período de depressão e esgotamento, seu pai compartilhou algumas perspectivas interessantes. Não se tratava apenas de uma questão espiritual.
Dr. Shona Murray: Existem consequências espirituais, mas o problema principal é emocional e físico.
Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, na voz de Renata Santos.
Durante esta semana, vamos refletir sobre a síndrome de burnout e suas consequências físicas, emocionais e espirituais. Hoje em dia é difícil não conhecer alguém que esteja passando por algum tipo de esgotamento. Por isso, vamos aproveitar esse tema tão importante para trazer discussões e conselhos para estimular uma saúde mental saudável, e tudo, é claro, baseado na Palavra.
Nancy DeMoss Wolgemuth: Vou ler algumas palavras aqui, e me diga se alguma delas descreve você ou se você se reconhece em alguma delas. Vamos lá: sobrecarregada, exausta, deprimida, ansiosa, estressada, esgotada, paralisada, afundada, vazia.
Isso soa familiar para você? Bem, se sim, você não está sozinha. Essas são algumas das palavras mais comuns que ouço quando converso com mulheres hoje em dia, e algumas expressam o que sinto alguns dias ao administrar minha própria agenda e meu casamento com Robert.
Então fiquei super animada ao encontrar um livro, lançado em 2018, que aborda algumas dessas questões e como Deus pode, com Sua graça, nos permitir ter uma experiência diferente, que seja mais tranquila, alegre e contente.
Vamos falar sobre isso hoje com a autora, Dra. Shona Murray, e seu marido, Dr. David Murray. Bem-vindos ao “Aviva Nossos Corações”. Agradecemos a sua presença conosco hoje.
Dr. David Murray: Obrigado, Nancy. É bom estar aqui com você.
Shona: Obrigada.
Nancy: Sabemos que vocês são especialistas em como ter uma vida tranquila e feliz, sem problemas. Vocês têm tudo sob controle. Certo?
Shona: Quem me dera! Ainda estamos aprendendo.
David: Aprendemos muito e temos muito a aprender.
Nancy: Deixe-me apresentar os Murrays.
David Murray é professor do Antigo Testamento e Teologia Prática em um seminário em Michigan. Ele também é pastor e conselheiro. Ele e Shona estão casados há mais de vinte e cinco anos e têm cinco filhos.
Shona é formada em medicina e também é autora e educa os filhos em casa.
Ambos estão envolvidos em vários ministérios práticos com as quais muitas de nossas ouvintes vão perceber que têm muito em comum com eles e suas rotinas.
Bom, vocês dois escreveram um livro chamado “Refresh: Vivendo no ritmo da graça em um mundo acelerado“, que está disponível em nosso site, www.avivanossoscoracoes.com
Quando eu li esse título, pensei: “Esse livro foi escrito para mim!” (risos)
Shona: Eles foram escritos para nós também.
Nancy: Vocês escreveram esse livro baseado em suas próprias jornadas de vida. Eu amo isso, aprecio muito livros assim.
David, você escreveu sobre o esgotamento, e não escreveu apenas como um professor de seminário ou um teórico. Você escreveu baseado na experiência que teve.
David: Sim.
Nancy: E, Shona, você também escreveu seu livro a partir de sua experiência. Então, gostaria hoje, ao começarmos esta série, de ouvir um pouco sobre sua jornada, talvez, David, começando com você e esse assunto de esgotamento. Como foi sua experiência?
David: Sim. Abordo esse tema não tanto como um professor em um seminário teológico, mas como um colega aprendiz.
Estive envolvido no ministério por muitos anos. Eu amo o ministério. Esse é um dos problemas do ministério – é tão prazeroso. Nancy, tenho certeza de que você se identifica com isso.
Nancy: Entendo completamente!
David: Na verdade, você tem que praticar dizer “não” para preservar a si mesmo, seus relacionamentos e sua saúde. Eu não estava fazendo isso, especialmente desde que me mudei da Escócia para os Estados Unidos.
Houve uma multiplicação de oportunidades. E, ao longo de vários anos, esqueci como dizer “não” e disse “sim” para praticamente tudo.
Ainda tentando equilibrar várias outras frentes – como meu casamento, minha família, meu trabalho. Eu estava viajando para conferências e coisas assim.
Deus me enviou várias advertências e eu não prestei atenção. Ao longo de talvez um ano, tive vários problemas de saúde que deveriam ter me feito parar e refletir sobre a minha rotina, mas eu não parei. Então, eventualmente, o Senhor mesmo me parou.
Ele permitiu que eu sofresse com coágulos sanguíneos nas pernas que foram para os pulmões na forma de embolia pulmonar – que é fatal para muitas pessoas.
Felizmente, Shona me persuadiu, contra a minha vontade, a ir para o hospital e fazer exames. Você imagina como eu fiquei feliz com isso, né?
Nancy: O que acontece que os homens não gostam de ir ao médico?
David: Não, não gosto mesmo! Quando finalmente aceitei ir pro hospital, falei pra Shona: “Estou fazendo isso por você, não por mim.”
Nancy: Ahhh que bonzinho… (risos)
David: Sim, sou muito gente boa… mas, brincadeiras à parte, sou muito grato a Deus por ter ido. Eles diagnosticaram coágulos sanguíneos espalhados pelos meus pulmões, que acontecem por muitas causas.
Não foi encontrado nada genético. Acreditei, com reflexão, que era estresse, excesso de trabalho e a mão de Deus.
Mudei depois disso, mas não o suficiente e não por tempo suficiente. Voltei aos meus velhos hábitos, e em três anos estava de volta ao hospital com mais coágulos sanguíneos nos pulmões.
Nancy: Uau!
David: A maioria das pessoas não tem uma chance. Eu tive duas. E naquela vez pensei: Deus está tentando chamar a minha atenção, e tenho que ouvir.
Foi quando o trabalho espiritual realmente ficou mais profundo. Comecei a pesquisar e a procurar entender o que causa isso e o que eu podia aprender com essa situação.
Então, oportunidades começaram a se desenvolver para ministrar a homens, muitos que estavam em situações semelhantes – muitos pastores.
Com o tempo, desenvolveu-se um sistema, podemos chamar assim, ou um método de prevenir ou se recuperar do esgotamento, que está resumido no livro Reset.
Posso compartilhar uma história? Há muitas histórias desses homens, e como todos nós juntos aprendemos as maravilhosas provisões que Deus fez, tanto para prevenir quanto para se recuperar do esgotamento e viver uma vida mais equilibrada, no “ritmo da graça”, que tem sido uma alegria para mim e para muitos outros, porque muitos de nós simplesmente seguimos em frente mesmo em total esgotamento.
Nancy: Sim – mesmo fazendo coisas boas.
David: Sim, mas pode haver um exagero mesmo no que é bom.
Nancy: Quero explorar um pouco, daqui a pouco, o que você quer dizer quando fala em “ritmo da graça”. Mas antes disso, Shona, você tem sua própria história e jornada que inclui a palavra que começa com a letra “D”.
Shona: Sim.
Nancy: Nem sempre é fácil para os cristãos reconhecerem essa palavra que começa com a letra “D”.
Shona: Não. E não é fácil para médicos que são cristãos, especialmente, reconhecerem essa palavra.
Experimentei isso na minha vida – como criança e adolescente – com o versículo das Escrituras: “O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força.” (Eclesiastes 9:10).
Vivi isso à risca na minha vida. Eu era entusiasmada. Sempre dizia “sim”. Amava esportes. Amava meus estudos. Amava minha família. Amava o Senhor acima de tudo.
Terminei a faculdade de medicina e comecei a trabalhar por longas horas. Tudo parecia normal – sem altos, nem baixos.
Nos casamos. Tivemos dois filhos. David terminou seus estudos. Tivemos nossa primeira congregação. Tudo parecia realmente resolvido, feliz.
Ambos os nossos pais estavam vivos, e eu estava aproveitando a maternidade. Eu também trabalhava meio período como médica de família.
Mas durante esse tempo, nossa denominação passou por alguns anos muito tumultuados e eventualmente houve um racha.
Como consequência disso, David e muitos outros ministros tiveram que sair da nossa denominação, o que significava dizer “adeus” à nossa amada congregação e mudar, porque David, naquele momento, não tinha uma congregação para liderar.
No entanto, pela providência de Deus, Ele nos trouxe a um bom lugar novamente. Em um ano e meio, tínhamos uma congregação de bom tamanho e era exatamente na ilha onde eu havia crescido. E, imediatamente, eu já estava de volta à rotina, trabalhando meio período.
Tivemos mais alguns filhos, inicialmente, dois meninos e duas meninas, mas durante minha quarta gravidez, não muito tempo depois de engravidar, comecei a sentir sensações estranhas de medo e ansiedade. Comecei a me sentir incrivelmente sobrecarregada.
Comecei a educar os filhos em casa. Passamos pela divisão na igreja. De repente, eu senti uma responsabilidade avassaladora por meus filhos, meu marido, nossa congregação, meus pais idosos e, onde quer que houvesse uma necessidade, eu queria atendê-la.
Se tivéssemos pacientes vindo para o consultório, eu queria atender às suas necessidades e fazer um bom trabalho.
Ao mesmo tempo, dois casamentos de pessoas muito próximas a mim se desfizeram. Ambos eram casais cristãos, e isso foi devastador para mim – realmente devastador.
Todas essas pressões estranhas começaram a drenar minhas forças. Mas eu não parei para agir com bom senso, e o que pareciam golpes que eu deixava pra lá estavam minando minha saúde mental, meu bem-estar emocional.
Nancy: E você apenas continuou na correria.
Shona: Continuei correndo porque era o que sempre fiz. Eu sempre adorei correr e praticar esportes. Mesmo ferida, a gente simplesmente não para. E eu pensava que se eu corresse ainda mais rápido e fosse forte o suficiente, iria chegar bem na linha de chegada.
E eu realmente queria ser usada na causa do Senhor. Eu pensava: “Tudo o que estou fazendo é por causa do Senhor; portanto, Ele me dará forças, e eu não preciso cuidar de mim mesma.”
Até que, gradualmente, os sintomas físicos começaram a se desenvolver, e comecei a perder o sono, não conseguia mais dormir.
Estava exausta, mas ficava acordada a noite toda. Fiquei muito assustada e, aos poucos, comecei a ter muito medo de Deus – Deus que era meu amigo mais próximo.
Sentia que Ele estava muito, muito longe e não apenas isso, mas que Ele estava contra mim.
Nancy: Uau! Você sentia isso ao ler as Escrituras?
Shona: Sim. E as Escrituras que deveriam ter sido um conforto para mim, eu as virava contra mim mesma, meu raciocínio era o seguinte: “se o coração a condena, Deus é maior do que o seu coração. Certamente, se você se condena, Deus vai condená-la mais.”
Meu tipo de personalidade tende a ser excessivamente consciente, então eu nunca conseguia satisfazer minha própria consciência de que havia feito um trabalho bom o suficiente.
E acho que eu transferia isso para como Deus é. E para Deus, a graça se estende para a sua vida cotidiana, assim como em sua salvação do pecado.
Minha leitura da Bíblia ficou tão confusa. Eu estava tão cansada que não conseguia me concentrar. Perdi o apetite. Perdi a alegria. Sentia-me sem esperança, em uma escuridão profunda, como se tivesse perdido minha bússola.
Minha Bíblia agora se tornou como um livro estranho com o qual eu não conseguia me conectar emocionalmente. Eu não conseguia me conectar emocionalmente com Deus.
Eu estava cercada por pessoas, como meu marido e minha família, que me amavam, e eu os amava, mas não sentia nada, apenas frieza e entorpecimento.
Os céus e o mar, tudo ao meu redor que eu costumava amar contemplar e ver o amoroso poder criador de Deus, tornaram-se como uma tela preta, sem conexão.
Não sei como é um divórcio, mas basicamente senti o que imagino que seria como se o amor da sua vida literalmente saísse da sua vida e você nunca mais o visse. Senti que era isso que tinha acontecido, que Deus havia me abandonado.
Uma noite em particular, enquanto clamava ao Senhor em lágrimas e estresse, literalmente senti como se tivesse sido jogada de um penhasco e não houvesse nada para me segurar, e eu estava caindo e caindo e caindo. Os meses que se seguiram foram muito angustiantes e muito sombrios.
Foi por volta desse tempo que eu me abri para David e disse: “Minha vida acabou. Sinto como se fosse um navio esmagado nas rochas. Seja lá o que minha vida era antes, não consigo dar mais um passo à frente. Acabou. Não há sentido nisso.”
Eu estava grávida de doze semanas e tinha as crianças e meu marido pelos quais eu era responsável, e eu não sabia como dar um passo à frente. Mas Deus me carregou por esses dias, e de várias maneiras, e isso foi um milagre.
Acredito que grande parte de nossas vidas é um milagre do poder e da intervenção de Deus – e Ele fez isso por mim. Essa preciosa criança hoje é minha adorável filha de treze anos.
Nancy: Uau! Bem, quero falar sobre alguns dos meios da graça que o Senhor trouxe para ambos vocês durante esses momentos difíceis. Apenas para termos uma ideia cronológica aqui, David, sua experiência de esgotamento foi anterior a tudo isso?
David: Não. Shona está falando de um período no início dos anos 2000 – 2002-2004, não é, Shona?
Shona: Sim, foi.
David: Comigo, foi de 2013 em diante.
Nancy: Então, vocês podem agradecer que não foi tudo ao mesmo tempo.
David/Shona: Sim.
David: Bem, Nancy, ouvindo Shona relembrar, foi doloroso para mim como marido porque quando lembro daqueles dias…
Eu era um pastor e, no entanto, não conseguia ajudar minha esposa. Eu falhei. Fui treinado no seminário que quando ocorre algo como depressão, deve haver um terrível pecado na vida de um cristão para haver depressão em sua vida.
E eu sabia que minha esposa era mais piedosa do que eu, mais espiritualmente consciente. E eu sabia que não havia nenhum pecado grave na vida dela, então logicamente não poderia ser depressão.
Em noites que passamos juntos em lágrimas, eu tentando animá-la, dizia a ela coisas como: “Você tem uma casa maravilhosa, uma igreja incrível e filhos adoráveis. Acima de tudo, você tem a mim! O que mais você precisa?”
E ela dizia: “David, todas essas coisas são verdadeiras, mas eu não consigo parar de chorar. Não consigo parar essa ansiedade.”
Não havia nada racional; não havia lógica. Eu estava totalmente despreparado e desprovido de ferramentas para lidar com situações assim. Foi nesse ponto, realmente, acho que Shona estava muito perto de ter que ir para o hospital.
Nancy: Você sentia que havia outras pessoas com quem poderia falar? Ou sentia que precisava manter isso em segredo?
David: Oh, não, não. Tínhamos medo de falar. E, novamente, olhando para trás, isso foi um grande erro.
Sentíamos que se admitíssemos a depressão, a esposa do pastor admitir estar com depressão, o ministério do pastor acabou.
Shona: E eu também, tinha medo de que as pessoas pudessem culpar o David.
É irracional, mas as pessoas são pessoas. Eu tinha esse medo. Além disso, eu era médica e eu deveria saber sobre isso. Eu prescrevia remédios para os pacientes, e eu atendia muitos pacientes, mas como eu não conseguia consertar isso em mim mesma?
Na verdade, para ser honesta com você, Nancy, naquele momento, eu estava convencida de que meu problema era espiritual.
Eu pensava, talvez podem ser sintomas de depressão, mas com certeza é um problema espiritual. Esse, para mim, era o foco.
Nancy: Acredito que muitas pessoas fazem essa suposição. E o fato é que você não pode separar corpo, alma e espírito. Eles estão interligados. Tudo é espiritual, e somos corpos físicos, então você não pode separar.
Shona: Sim. Você não pode. E isso é algo que o tempo nos ensinou. Você pode saber na teoria, mas não completamente…
Com que frequência você já pensou: “Eu não consigo me entender?” Somos tão complexos.
Nancy: Certo.
Shona: Corpo, mente, alma, emoções.
Nancy: Muito menos tentar entender um ao outro como marido e mulher.
Shona: Sim. Exatamente. Mas é bom ter alguém ao seu lado que pode se afastar e olhar para você com atenção e dizer:
“Acho que é isso o que está errado com você.”
David: E foi aí que seu pai entrou, literalmente.
Shona: Sim, meu pai.
David: Eu estava desesperado. Você estava desesperada. E ele, como pastor muito experiente entrou e imediatamente colocou o dedo na ferida.
Nancy: Vocês foram até ele?
David: Sim, chamamos ele. Esse foi como o nosso “último suspiro”. Do tipo, no dia seguinte ela iria para o hospital se não fôssemos ajudados.
Nancy: Então foi por puro desespero.
David: Foi.
Nancy: Você já sabia que ele era um homem sábio?
Shona: Sou próxima de ambos os meus pais, mas meu pai me ajudou muito espiritualmente enquanto eu crescia.
Eu era uma dessas crianças que nunca teve um dia em que tivesse certeza de que estava convertida, então a incerteza era frequentemente um problema.
Eu sempre fui muito introspectiva, então tínhamos longas conversas. Ele me aconselhava muito. Éramos muito próximos.
Eu sabia que ele entendia questões da mente, do coração, da alma e podia distinguir e orientar.
Me lembro muito bem daquela noite. Ele tinha estado fora e tinha acabado de pegar a balsa para a ilha. Liguei para minha mãe, ou David ligou. Assim que minha mãe conseguiu falar com ele, ele veio nos visitar.
E uma coisa que ficou na minha mente que ele disse foi: “Shona, tente se afastar de si mesma. Tente olhar para isso de longe, como se fosse outra pessoa.”
Porque ele conseguia ver que eu estava indo em círculos dentro da minha própria mente, e uma mente adoecida não consegue processar e analisar o problema, e esse era o problema.
Eu costumava ficar trancada no quarto lendo livros como “Graça Abundante ao Principal dos Pecadores” de John Bunyan, “O Cristão e a Armadura Completa” de William Gurnall.
Eu era obcecada por esses livros, lendo coisas o tempo todo, e saía dessas leituras em frangalhos. O que deveria me ajudar, eu estava virando contra mim mesma.
Era tudo demais. Era muito exaustivo. E em vez de me ajudar, eu estava drenando ainda mais minhas emoções.
Até chegarmos a um ponto em que David basicamente disse: “Você tem que parar de ler esses livros.” Literalmente.
David: Chegou ao ponto de eu impedi-la de orar, Nancy, porque eu subia para o quarto, e ela estava orando. Eu voltava quinze minutos depois e ela ainda estava orando, trinta minutos, ela ainda estava orando.
Eu podia ver, era quase como uma tortura. Eu disse: “Shona, isso não está te ajudando. Vamos apenas orar por um minuto e sair e deixar sua alma com o Senhor.”
O cansaço só aumentava com esse foco intenso em “Qual é o problema espiritual?” Acho que foi aí que seu pai…
Ele tinha essa frase: “Você está experimentando consequências espirituais, mas não é uma causa espiritual.
A causa é mental, emocional, física, e se perceber esses outros pontos, então eu acredito que as bênçãos e os confortos espirituais voltarão.”
Nancy: Isso foi uma mudança de paradigma enorme para você pensar assim?
Shona: Sim e não. Eu acreditava nisso teoricamente, até certo ponto.
Nancy: Por que você é médica?
Shona: Sim.
David: E você estava tratando pessoas.
Shona: Eu conhecia meu pai. Eu sabia que ele estava certo.
Mas há algo sobre a depressão que é quase delirante, e você se inclina para a ilusão. Sua mente te engana, te convence, e você pensa:
“Sim, isso é verdade, mas não é verdade para mim. Não há ninguém no mundo que entenda isso, e 99% das pessoas podem se recuperar, mas eu faço parte do 1% que não vai.”
E esse era o problema.
Muitas pessoas perceberão, ao falar com pessoas deprimidas, que podem convencê-las até certo ponto, e depois, dois dias depois, elas voltam e estão de volta àquele mundo. De volta aos mesmos pensamentos.
Nancy: Então, Shona, gostaria de ouvir você reformular o que David acabou de dizer, porque acho que essa é uma observação-chave que seu pai fez e que, no seu caso, foi realmente útil. Você achava que tudo isso era uma questão espiritual.
Shona: Sim.
Nancy: E ele disse…
Shona: Existem consequências espirituais, mas o problema principal é emocional, um problema físico, um esgotamento.
E ele e minha mãe me viram em ação por semanas, meses, e estavam preocupados que eu fosse entrar em colapso e ficar com estafa mental ou burnout. Não foi uma surpresa completa para ele quando isso aconteceu.
Nancy: Essa observação te libertou para começar a lidar com as questões emocionais e físicas?
Shona: Sim, temporariamente, é verdade, mas não de forma sustentável, pois, mais uma vez, você está lidando com algo que está doente.
Pode ser comparado a colocar um curativo em uma ferida que está sangrando; talvez por um ou dois minutos, a hemorragia seja contida. No entanto, se esperar mais cinco minutos, o sangue começará a escorrer novamente.
Essa é a realidade, a menos que você aborde a raiz do problema: o que te levou a esse momento? O que pode ser feito para tratá-lo? É fundamental refletir profundamente sobre isso.
David: Acredito que foi uma revelação para mim, como se fosse um momento de “Ahá! Agora compreendi!”. Enquanto Shona concentrava-se no aspecto espiritual, eu também o fazia.
Então, surge alguém que diz: “Sim, você está experimentando efeitos espirituais, mas para alcançar a cura, Shona, é preciso começar a considerar também o estado físico, cognitivo e outros aspectos relacionados ao estilo de vida.”
Isso me proporcionou uma compreensão abrangente da situação, à medida que aprendia sobre o que Deus tão generosamente ofereceu para Seu povo em necessidade nessas circunstâncias.
Essa experiência trouxe uma perspectiva holística, contrapondo-se à abordagem simplista e unidimensional que anteriormente adotávamos.
Nancy: E acho que temos muitas pessoas ouvindo agora que, ao ouvir a história de Shona ou a história de David, homens ou mulheres ouvindo, estão dizendo:
“Você está descrevendo alguns dos sintomas com os quais estou lidando.” Os detalhes podem ser diferentes, mas você realmente se identificou. Você deve estar pensando: “Ela colocou palavras na minha história.”
E talvez você esteja, neste momento, se sentindo sem esperança ou impotente ou se afogando ou sobrecarregada.
Eu não gosto de encerrar um episódio nesse tom, porque ainda não chegamos ao alívio, mas quero apenas encorajá-la a permanecer conosco nos próximos dias porque há esperança.
E alguns dos meios de graça que Deus trouxe para a vida de David e Shona serão muito encorajadores para você nos próximos dias.
Talvez seja apenas começar com esse despertar de que há componentes físicos, mentais e emocionais em nossas vidas que têm consequências espirituais. Apenas reflita sobre isso. Pense nisso.
Raquel: Obrigada, Nancy.
Você se preocupa que Deus está sempre insatisfeito com você? Amanhã, Shona Murray falará sobre a tentação do perfeccionismo.
Aguardamos você amanhã, aqui no Aviva Nossos Corações.
O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, plenitude e abundância em Cristo.
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