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O Esplendor da Santidade – Dia 01: Santidade: Maçante ou Maravilhoso?

Publicadas: ago 27, 2024

Raquel: Santidade – a palavra pode evocar imagens de alguém que é maçante ou sem entusiasmo. Aqui está Nancy DeMoss Wolgemuth para nos trazer uma perspectiva diferente sobre esse tema.

Nancy DeMoss Wolgemuth: Acho que é hora de entendermos a santidade como ela realmente é apresentada nas Escrituras, em sua beleza e esplendor; de vermos que a verdadeira santidade é algo extraordinário.

Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, na voz de Renata Santos.

Nancy escreveu uma trilogia de livros sobre atitudes de um coração piedoso. O primeiro sobre “Quebrantamento – o coração que Deus reaviva”. Nós falamos sobre isso há duas semanas.

Na semana passada, nos concentramos em “Rendição: O Coração controlado por Deus“. Hoje, começamos uma série sobre santidade – o terceiro tópico dessa trilogia, chamada “O Esplendor da Santidade“.

Nancy: Esta semana quero falar sobre uma palavra que Andrew Murray chamou de a palavra mais profunda na Bíblia. 

Eu não sei qual foi a palavra que te veio à mente, mas a palavra sobre a qual vamos falar é santidade.

Agora, tenho que admitir que a santidade é uma palavra que perdeu um pouco do significado, assim como modéstia ou castidade. Geralmente não é tema de conversa num jantar.

O assunto da santidade não é exatamente fácil. Não acho que seja um dos dez principais tópicos que as pessoas procuram em uma livraria cristã, por exemplo. Eu não acho que existem muitas músicas de sucesso, pelo menos que eu tenha ouvido, sobre santidade. Na verdade, acho que posso contar nos dedos o número de mensagens que já ouvi sobre esse assunto. É algo sobre o qual falamos em aulas de teologia, mas não em conversas cotidianas.

Talvez as palavras santo ou santidade sejam mencionadas em algumas músicas de louvor e corinhos, mas certamente não fazem parte do vocabulário diário. Quantos cristãos contemporâneos você consegue pensar que estão seriamente interessados não apenas em falar sobre santidade, mas em se tornarem santos?

Não nos importamos de falar sobre santidade, desde que seja um conceito abstrato, apenas uma ideia teológica. Mas se esse conceito se torna muito pessoal ou começa a interferir na minha vida ou estilo de vida ou escolhas, então, espera aí, queremos recuar dessa conversa. Ficamos rapidamente muito desconfortáveis.

Acho que parte do problema pode ser que essa palavra, santidade, que soa tão desatualizada para muitos evangélicos modernos, é uma palavra que acumulou muita negatividade, que compreensivelmente deixa algumas pessoas desconfortáveis. Eu acho que se você perguntasse para alguém na rua: “O que você pensa quando pensa em uma pessoa ‘santa’?” Talvez essa pessoa pensaria que um homem super magro retrata um homem “santo”. Talvez ele seja pobre por escolha, tenha feito votos de pobreza, esteja andando por aí com uma túnica branca e sandálias.

Mesmo como cristãos, temos algumas concepções errôneas, algumas imagens que vêm à mente quando pensamos em santidade. Talvez alguns possam pensar em pessoas sombrias, pessoas sisudas; eles não são estilosos, são bregas; essa é a imagem de pessoas “santas”.

Ou talvez outra imagem venha à mente: uma pessoa com um estilo de vida super rígido. Sem alegria, apenas muitas regras, alguém com muitas coisas que não pode fazer e muitas coisas que tem que fazer para ser “santo”.

Ou talvez pensemos que pessoas “santas” falam em tons sussurrados. Elas estão sempre cantarolando hinos bem baixinho. Elas passam muitas horas por dia de joelhos em oração. Elas não largam a Bíblia ou um livro espiritual. Elas não têm interesse em atividades normais da vida cotidiana. Elas são de outro mundo. São pessoas “santas”.

Ou você pode pensar em alguém que tem uma atitude de julgamento para com todos que não veem a vida cristã exatamente como eles. Bem, quando você pega esses preconceitos ou percepções distorcidas da santidade e as apresenta, você pensa: “Não é de se admirar que as pessoas não estejam realmente empolgadas com a santidade”. Não é pra menos, quem quer isso? É tão atraente quanto beber água salgada ou algo assim. Quem quer ser santo se for para ser assim?

Agora, a santidade pode não ser o seu assunto favorito, mas deixe-me lembrar que no céu eles nunca param de falar sobre santidade. Essa é a principal questão de interesse no céu. Pense no versículo 9 do Salmo 96, que diz que devemos “adorar o SENHOR na beleza da Sua santidade”.

Algumas traduções dizem: “no esplendor da Sua santidade”. Eu amo esse versículo. Acho que é hora de entendermos a santidade como ela realmente é apresentada nas Escrituras, em sua beleza e esplendor; de vermos que a verdadeira santidade é algo extraordinário, é algo desejável. É algo que almejaríamos se realmente pudéssemos entender e ver sua beleza, e seu esplendor.

Conforme é revelado na Palavra de Deus, a santidade é algo lindo. “Adore o Senhor no esplendor da Sua santidade.” Eu também acredito que a santidade do povo de Deus é uma das maiores necessidades na igreja e no mundo hoje.

Gostaria de refletir esta semana sobre que tipo de santidade Deus quer que tenhamos como Seu povo. Como podemos vivê-la? O que significa ser santo? E por que é tão importante que recuperemos a santidade bíblica?

Há vários anos, quando comecei a fazer estudos sérios sobre o assunto da santidade, dediquei tempo para ler os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, o Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; e depois as epístolas do Novo Testamento, as cartas às igrejas, e escrevi, à mão, cada versículo que pude encontrar relacionado à santidade.

Acho que comecei realmente no livro de Êxodo, porque é onde há muita ênfase na santidade. E enchi página após página de um bloco de notas com versículos sobre santidade, apenas nesses livros da Bíblia.

Por exemplo, apenas no livro de Levítico, encontramos trezentas e oitenta e seis vezes palavras relacionadas à santidade: limpo, impuro, santo, santificado, pureza, lavar, contaminado – palavras que estão nessa família de palavras, isso só no livro de Levítico.

Se você já estudou o livro de Levítico, percebeu que nesse livro Deus deu instruções detalhadas e minuciosas ao Seu povo sobre purificação, pureza cerimonial. E é natural que se pergunte ao ler esse livro, por quê? Por que Deus gastou tanto tempo e esforço para detalhar essas instruções minuciosas sobre todos os aspectos da vida cotidiana e do culto e da purificação cerimonial?

Bem, essas regulamentações eram destinadas a ser uma lição objetiva para o povo de Israel. O que Deus queria que eles vissem nessas lições objetivas? Bem, Ele queria que eles, em primeiro lugar, vissem que Ele é santo, que Deus é Santo. Essas regulamentações eram uma representação da santidade de Deus.

Então, Deus queria que Seu povo percebesse que Ele se preocupa com a santidade em todos os detalhes e aspectos de nossas vidas, que isso importa para Deus, que sejamos limpas, puras, santas, e que essa santidade afete todas as áreas de nossas vidas.

Vou dizer mais uma coisa que Deus queria que Seu povo entendesse (e que perdemos de vista hoje), Ele queria que o Seu povo visse as bênçãos que vêm com a santidade; que viver de maneira santa é uma maneira abençoada de viver. E Deus também queria que Seu povo visse que o pecado tem consequências; que quando não vivemos vidas santas, há consequências. Há resultados que não são agradáveis. São mortais, na verdade.

Agora, às vezes pensamos que Deus tinha padrões mais elevados para Seu povo no Antigo Testamento do que no Novo; que no Antigo Testamento, Deus é esse Deus santo que julga o pecado. Pessoas que violam os mandamentos de Deus ou Suas leis no Antigo Testamento às vezes são mortas.

Depois pensamos: “Uau, quando chegamos ao Novo Testamento, podemos respirar aliviados. Deus é um Deus de misericórdia, amor e bondade, o evangelho, as boas novas.” 

Mas, ao ler toda a Bíblia, você percebe que Deus nunca muda. O Deus do Antigo Testamento é o mesmo do Novo Testamento, e o Deus do Novo Testamento é o mesmo do Antigo. Em todo o Antigo Testamento, vemos a graça e a misericórdia de Deus, e no Novo Testamento, também vemos a justiça e a retidão de Deus.

É na cruz de Cristo que elas se casam. Como o Salmo diz, “A justiça e a paz se beijarão” (Salmo 85:10). É aí que elas se encontram em grande alívio. Mas o Novo Testamento não enfatiza menos a santidade do que o Antigo. Continuamente, Jesus e os autores do Novo Testamento nos chamam para uma vida de pureza. Deixe-me apenas ler vários desses versículos. A maioria deles são bem conhecidos.

Jesus disse em Mateus 5:48: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” Agora, não sei como podemos ter um padrão muito mais alto do que esse. Isso é no Novo Testamento.

Em 1 Timóteo 5:22, Paulo diz: “Conserva-te a ti mesmo puro.” Em 1 Tessalonicenses 4:3, “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação.” Em 1 Coríntios 15:34, “Vigiais justamente e não pequeis.” Em 2 Timóteo 2:19, “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” E em Romanos 12:9, “Aborrecei o mal, apegai-vos ao bem.”

Você não pode ler essas e outras Escrituras com cuidado sem ser impactada pela sensação de que a santidade importa para Deus, que Deus leva a santidade, a dEle e a nossa, muito a sério.

Enquanto eu escrevia esses versículos no Antigo e Novo Testamento, fui obrigada a me perguntar: “Por que algo que é tão vitalmente importante para Deus é de tão pouca preocupação e prioridade para tantos cristãos professos? Se isso importa tanto para Ele, como pode ser que importe tão pouco para tantos de nós?”

Conforme penso sobre esses versículos do Novo Testamento que acabei de ler, várias coisas ficam claras. Primeiro, a santidade não é opcional. Não é algo como “Torne-se um cristão e, se quiser ser santo, isso é uma segunda opção. Você pode fazer isso se quiser.” Porém, ela não é uma disciplina eletiva. Esta é a vontade de Deus, que você seja pura, que seja santa; é a sua santificação.

E então é óbvio, enquanto lemos esses versículos, que o padrão de Deus para a santidade é absoluto, que não deve haver nem mesmo uma abertura ao pecado em nossas vidas. A questão não é como nos comparamos com algum outro membro da família ou algum colega de trabalho ou alguém mais na nossa igreja. Podemos apontar para eles e dizer: “Ok, comparados a eles, estamos indo bem”.

A questão é como nos medimos em relação à santidade de Deus? Esse é o padrão absoluto, e digo mais, impossível para seres humanos caídos. E é por isso que precisamos de Jesus. É por isso que precisamos da graça de Deus. É por isso que precisamos da cruz de Cristo.

Ao ler esses versículos, também percebo que temos a responsabilidade de sermos proativas e intencionais em nossa busca pela santidade. Não é algo que acontece por osmose. Não simplesmente acontece quando vamos dormir à noite e nos cercamos por Bíblias e comentários bíblicos. Ter todos os recursos não faz de você uma pessoa santa. A santidade é algo que precisamos almejar, que precisamos buscar, que precisamos ser intencionais a respeito.

E então vejo também que a santidade não é apenas para algumas poucas pessoas que amam a Deus, selecionadas: pastores, missionários, evangelistas. Claro, eles devem ser santos, é para isso que eles são pagos, certo? Mas de acordo com esses versículos, a santidade é uma obrigação e um privilégio para cada filho de Deus.

Como as Escrituras dizem: “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” (2 Timóteo 2:19)

Pai, oro para que restaures em nossos corações um senso do esplendor e da beleza da santidade. Que possamos vê-Lo como o Deus Santo que és. E que nossos corações anseiem por serem santos como Tu és santo. Obrigada por Jesus que torna isso possível. Obrigada por Sua graça que faz em nós o que nunca poderíamos fazer por nós mesmas. Oh Senhor, faça-nos santas como Teu povo. Eu oro em nome de Jesus, amém.

Raquel: Nancy DeMoss Wolgemuth tem falado sobre o esplendor da santidade. Espero que você explore este tópico ainda mais com Nancy, ao ler seu livro Santidade: O Coração que Deus Purifica. Este livro tem tido grande efeito sobre seus leitores, incluindo uma jovem que entrou em contato com Nancy após lê-lo.

Nancy: Recebemos um e-mail encorajador de uma aluna da Liberty University que escreveu o seguinte:

“Para uma das minhas aulas avançadas, meu professor usou seu livro Santidade. Este livro mudou completamente minha visão de Deus e me permitiu vê-Lo como Ele deveria ser visto. Mudou minha maneira de pensar. Tornou-me consciente da santidade nas pequenas coisas. Falo sobre este livro o tempo todo e sobre a seriedade da santidade.”

Bem, essa aluna estava prestes a se casar e acrescentou: “Estou pensando em conseguir cópias para minhas seis madrinhas para que elas também possam crescer em seu entendimento do Senhor.”

As pessoas às vezes pensam na santidade como um conceito antiquado, desatualizado, para pessoas mais velhas. Mas estou tão feliz que essa aluna universitária esteja pensando na santidade e em espalhar a mensagem para os outros.

Espero que você também busque esse estudo.

Raquel: Para fazer sua doação, simplesmente acesse www.avivanossoscoracoes.com e clique na aba “doações” para informações bancárias e informações sobre o nosso Pix.  Após fazer sua doação, mande um email para contato@avivanossoscoracoes.com para que possamos enviar esse livreto para você.

Amanhã, Nancy voltará com a série “O Esplendor da Santidade“. Mas abriremos um parêntese agora para examinar a importância da santidade na igreja no restante desse nosso episódio de hoje.

Nancy: Há um homem no Antigo Testamento que realmente admiro. A razão pela qual o admiro é que ele era um homem que se recusou a ser seduzido pelas atrações do mundo. Seu nome era Neemias. Neemias nunca se acostumou ao pecado.

Você já ouviu a história sobre o sapo e a panela? Se você jogar o sapo em uma panela de água fervente, ele imediatamente saltará. Mas se você o colocar em uma panela de água à temperatura ambiente e, em seguida, aumentar lentamente o calor, você pode cozinhar esse sapo até a morte porque ele vai se acostumando. Ele se acomoda e não percebe que está sendo cozido até a morte.

Acho que a história do sapo na água que está gradualmente aquecendo é uma imagem de como muitas de nós funcionam hoje. Nossos olhos gradualmente se acostumaram à escuridão ao nosso redor. Então tendemos a nos encaixar e nos ajustar a ela.

Neemias nunca se ajustou à escuridão. Ele nunca se acostumou ao pecado, mesmo quando todos ao seu redor haviam se dessensibilizado. Eles estavam apenas aceitando as coisas e se adaptando aos tempos. Mas não Neemias. Ele era um homem que tinha a lei de Deus escrita em seu coração.

Ele tinha um amor por Deus, uma paixão por Deus e uma paixão pela santidade que o compeliam a se importar quando a lei de Deus estava sendo desconsiderada. Isso importava profundamente para ele.

Deixe-me dar um pouco de contexto para preparar uma história que quero contar sobre a vida de Neemias. Neemias era um dos judeus exilados que vivia na Pérsia por volta de 400 a.C. Em um ponto, Esdras, que era contemporâneo de Neemias, liderou um grupo desses exilados de volta à sua terra natal, de volta a Jerusalém, para reconstruir o templo que havia sido destruído.

Quatorze anos depois, depois que esses exilados originais voltaram para reconstruir o templo, Neemias, que ainda estava na Pérsia, recebeu a notícia de que os muros da cidade ainda estavam derrubados e mal cuidados, que ainda havia trabalho a ser feito em sua terra natal em Jerusalém.

Então Neemias (para encurtar a história) deixou seu confortável emprego, onde tinha uma posição de destaque servindo ao rei, e fez uma jornada de aproximadamente 1.500 quilômetros para ajudar seus colegas judeus a restaurarem a cidade, a reconstruir os muros. Quando Neemias chegou a Jerusalém – você lembra da história – ele enfrentou uma incrível oposição de várias fontes.

Três pessoas são mencionadas como as que lideraram a oposição. Você se lembra de Sambalate, Tobias e Gesém? Esses eram três estrangeiros determinados a não permitir que os judeus reconstruíssem Jerusalém. Mas, apesar da oposição, os muros finalmente foram reconstruídos.

Neemias tornou-se governador de Judá e, junto com seu amigo Esdras, o sacerdote, voltou sua atenção para reconstruir os fundamentos espirituais e morais que haviam se erodido. Eles haviam reconstruído os muros físicos; agora precisavam reconstruir os fundamentos espirituais e morais.

Portanto, em Neemias capítulos 8-10, você lê a história do grande avivamento que ocorreu quando o povo foi desafiado a se arrepender e voltar para a Palavra de Deus que havia sido negligenciada por tanto tempo. É uma ótima história. Um dia eu adoraria ensinar apenas sobre esse avivamento do Antigo Testamento. É um dos grandes avivamentos do Antigo Testamento.

Como parte desse avivamento (ainda como contexto aqui), o povo fez uma aliança com Deus. Nessa aliança, eles concordaram com três coisas.

Em primeiro lugar, concordaram que não se casariam com pessoas das nações incrédulas ao seu redor. Você lê essas três partes do acordo no capítulo 10 de Neemias. O versículo 30 diz: “Concordamos que não nos casaremos com as nações incrédulas ao nosso redor” (paráfrase).

Deus pretendia que Seu povo fosse uma semente santa, uma linhagem santa, por meio da qual viria Cristo, o Messias, o Salvador do mundo. Então Deus disse para se casar dentro da fé. Mantenha essa linhagem pura. Não sejamos desigualmente unidos com não-cristãos. Mantenha a linha pura. E o povo disse: “Vamos obedecer a Deus neste assunto. Não nos casaremos com as nações estrangeiras ao nosso redor, as nações incrédulas.”

Então, no versículo 31 do capítulo 10, eles concordaram com uma segunda coisa. Eles disseram: “Não compraremos nem venderemos nem faremos comércio no sábado. Honraremos o dia do Senhor” (paráfrase). Essa era uma lei que havia sido dada a eles muitos anos antes, mas eles haviam negligenciado a Palavra de Deus e voltaram nesta época de avivamento. Fizeram uma aliança e disseram: “Vamos começar a observar o sábado novamente. Não faremos negócios no dia do Senhor.”

Em seguida, o terceiro, no versículo 32 e seguintes no capítulo 10, eles disseram: “Vamos apoiar as necessidades do templo e as necessidades dos levitas.” (paráfrase) E novamente, isso não era algo novo. Mas haviam negligenciado. Então eles disseram: “Mais uma vez, daremos nossos dízimos e ofertas para apoiar a obra do Senhor, para manter o templo e cuidar daqueles que servem no templo” (paráfrase). Eles disseram, no versículo 39: “Não negligenciaremos a casa do nosso Deus.”

Então eles fizeram essa aliança, concordando com isso. Acho que na época eles provavelmente tinham a intenção de cumpri-la. E eles a cumpriram por um tempo.

Depois de servir em Jerusalém por doze anos, Neemias voltou à Pérsia por algum motivo. Não nos é dito por que ele voltou. Não nos é dito por quanto tempo ele voltou. Acreditamos que tenha sido provavelmente por alguns anos.

Então ele voltou a Judá, voltou a Jerusalém. E quando o fez, ficou chocado ao descobrir que o povo havia deixado de cumprir a aliança. Eles haviam deixado de cumprir os compromissos que tinham feito com o Senhor. Estavam desobedecendo flagrantemente a Palavra de Deus.

Você pode ler essa história em Neemias capítulo 13. Eu não vou ler o texto inteiro. Vou ler partes dele. Mas gostaria de incentivá-la a voltar e ler todo esse trecho, porque você vai sentir, ter uma ideia do que Neemias experimentou, do que ele encontrou quando voltou a Jerusalém e – o que eu realmente quero que você veja – como ele lidou com o que viu.

Começando no versículo 10, por exemplo, ele diz: “Descobri que as porções dos levitas não lhes tinham sido dadas, de modo que os levitas e os cantores, que faziam o trabalho, tiveram que voltar cada um para o seu campo.”

O povo tinha prometido cuidar dos levitas, cuidar do templo, dar os dízimos e ofertas. Mas eles tinham parado de dar, e os levitas tiveram que voltar para seus campos para ganhar a vida porque suas necessidades não estavam sendo atendidas.

Então, lemos, a partir do versículo 15, que o povo tinha parado de observar o sábado. Ele diz: “Naqueles dias, vi em Judá pessoas pisando lagares no sábado e trazendo montes de grãos e carregando-os em jumentos, bem como vinho, uvas, figos e toda sorte de carga, que eles traziam para Jerusalém no dia de sábado.”

Eles tinham dito: “Não faremos isso.” Mas eis que Neemias volta e eles estão fazendo exatamente o que tinham prometido não fazer.

Continuamos lendo e no versículo 23 do capítulo 13 de Neemias. Ele diz: “Naqueles dias também vi os judeus que tinham se casado com mulheres de Asdode, Amom e Moabe. E metade de seus filhos falava a língua de Asdode, e não podiam falar a língua de Judá, mas apenas a língua de cada povo.”

Então, os judeus se integraram às culturas pagãs, ímpias e incrédulas ao seu redor. E começou com encontros, namoro e casamento que Deus tinha proibido e que eles tinham dito: “Não faremos isso.” 

À medida que Neemias via essas transgressões à lei de Deus, via que eles tinham quebrado a aliança, ele ficava mortificado. Ele ficava horrorizado. Ele estava intensamente angustiado. Ele confrontou ousadamente o povo por sua condição de apostasia.

Lemos, por exemplo, no versículo 11, ele diz: “Então, repreendi os oficiais e disse: ‘Por que a casa de Deus está desamparada?'” Ele lidou com a situação e fez o povo voltar ao caminho certo.

E no versículo 15, quando viu que o sábado estava sendo violado, viu que o povo estava fazendo negócios no dia do Senhor, ele disse: “Eu os adverti no dia em que venderam comida.” Depois, no versículo 17: “Então, repreendi os nobres de Judá e disse a eles: ‘O que é essa coisa má que vocês estão fazendo, profanando o dia de sábado?'”

Note, ele encarou-os de frente. Ele disse: “Isso não está certo. Deus disse não. E vocês disseram que seguiriam a lei de Deus, mas não estão seguindo a lei de Deus.” Ele foi muito direto com o povo.

E então, quando viu os casamentos mistos, sua reação foi bastante extrema, mas vou ler. Começando no versículo 25, ele diz: “Repreendi-os e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles e arranquei seus cabelos. E fiz com que fizessem um juramento em nome de Deus, dizendo: ‘Vocês não darão suas filhas para os filhos deles, nem tomarão as filhas deles para seus filhos ou para vocês mesmos. Não pecou Salomão, rei de Israel, por causa de tais mulheres?”

Ele continua dizendo: “O que é essa coisa má que vocês estão fazendo?” (versículo 27, paráfrase).

Quero dizer que o Novo Testamento nos dá, como igreja, diretrizes específicas sobre como lidar com essas situações. Não que devamos arrancar os cabelos das pessoas ou amaldiçoá-las. Mas o que eu quero que você veja é que Neemias levou o pecado a sério, que ele era apaixonado pela santidade; que ele disse: “Isso tem que ser resolvido. Não pode ser varrido para debaixo do tapete.”

Uma das ofensas mais graves que Neemias encontrou quando voltou a Jerusalém envolveu um homem chamado Tobias, o Amonita. Lemos sobre esse incidente nos versículos 4-9 do capítulo 13.

Tobias era o homem que, anos antes, havia feito de tudo para se opor à obra de Deus quando estavam tentando reconstruir os muros da cidade. E ao longo dos anos, os israelitas passaram a conhecer Tobias melhor.

Ele começou sendo inimigo deles, oponente deles, mas depois eles se conheceram. Os israelitas começaram a socializar com Tobias. Estabeleceram um relacionamento com ele. Gradualmente, eles baixaram a guarda, e o relacionamento casual acabou levando a relacionamentos mais íntimos.

Esses relacionamentos íntimos incluíam laços matrimoniais entre a família de Tobias e a família de Eliasibe, o sacerdote. Seus filhos e filhas se casaram entre si. Com o tempo, as diferenças entre Tobias e os Amonitas e o povo de Deus, que estava separado para Deus, praticamente desapareceram.

Inacreditavelmente, quando Neemias voltou, esse inimigo jurado de Deus, Tobias, estava realmente vivendo no templo. Isso estava em violação direta ao comando de Deus, anos antes, de que nenhum Amonita jamais deveria ser permitido entrar em Seu templo. E Deus tinha dado razões para isso. No entanto, lá estava Tobias vivendo em um quarto que lhe tinha sido dado pelo sacerdote.

Sem dúvida, essa mudança de situação não aconteceu da noite para o dia. O pecado geralmente não entra em nossas vidas, em nossas casas ou em nossas igrejas da noite para o dia. As pessoas não passam de um dia estar casadas felizes, comprometidas fielmente uma com a outra, para simplesmente pular na cama com o cônjuge de outra pessoa. Geralmente, não acontece da noite para o dia. Há um processo que leva à invasão do pecado em nossas vidas e na igreja.

Acredito que provavelmente aconteceu nessa situação da mesma forma que muitas vezes acontece em nossas vidas. Uma concessão provavelmente levou a outra e depois outra. Logo, os sacerdotes e o povo encontraram maneiras de justificar coisas que, anos antes, nem mesmo teriam considerado justificar.

Um espírito de tolerância se elevou acima de um espírito de verdade.

Consigo imaginá-los apenas pensando e dizendo: “Sabe, Tobias não é realmente um cara tão ruim. E sua família, sua esposa é legal e ele tem filhos legais, e eles se encaixam tão bem aqui. Não parece certo dizer a ele que ele não pode ficar apenas porque ele não é judeu. Não queremos ser legalistas nisso.”

Você pode imaginar como o raciocínio foi se desenvolvendo? Então, o ímpio Tobias, o Amonita, mudou-se para o templo enquanto as pessoas continuavam a frequentar a igreja, a praticar sua religiosidade, a passar pelas formalidades. E eles não estavam nem um pouco preocupados com o estado das coisas quando Neemias chegou de volta a Jerusalém.

Mas para Neemias, que se importava profundamente com Deus e com a santidade, essa era uma situação impensável. Para ele, era como jogar o sapo na panela de água fervente. De jeito nenhum! Ele não tinha se ajustado a isso. Ele estava furioso, e agiu de forma decisiva.

Lemos sobre isso nos versículos 4-9 do capítulo 13. Neemias fisicamente arremessou Tobias e todas as suas posses para fora do templo. Depois, deu ordens para purificar os quartos que haviam sido profanados. Ele denunciou a situação maligna e chamou os sacerdotes e o povo ao arrependimento.

Por que essas transgressões eram tão importantes para Neemias? E por que ele sentiu a necessidade de interferir na vida dos outros? Afinal, hoje, se você for falar com sua irmã, seu irmão, alguém de sua igreja, seu filho, sua filha ou um amigo e confrontá-los sobre algo que não agrada ao Senhor, o que você provavelmente ouvirá hoje é: “Isso não é da sua conta.”

Por que Neemias sentiu que isso era da sua conta ou que ele precisava tornar isso da sua conta? Por que ele não estava simplesmente contente em obedecer a Deus sozinho e deixar os outros em paz?

Ele foi compelido pela necessidade de ver o povo manifestar sua paixão pela glória de Deus. Se hoje em dia você tem amor pela santidade, estará em uma pequena minoria, mesmo entre o povo de Deus.

Mas Neemias não pareceu notar ou se importar. Ele não estava tentando vencer o concurso de popularidade. Tudo o que importava para ele era que o nome santo de Deus havia sido profanado, e ele ansiava ver o nome de Deus novamente sendo santificado.

As semelhanças entre a história de Neemias e a igreja em nossos dias, eu acredito, são impressionantes. Temos muitas pessoas hoje que se autodenominam cristãos, membros ativos de suas igrejas; eles estão produzindo muitas atividades religiosas.

Mas em grande parte de nossas igrejas hoje, lançamos fora ou reescrevemos a lei de Deus. Agora, temos Bíblias – algumas igrejas têm Bíblias à disposição de seus membros. Alguns até mesmo levam suas Bíblias para a igreja. Ainda temos a Bíblia no púlpito; o pastor ainda abre a Bíblia durante o culto.

Mas em nossos corações, em grande parte, jogamos fora a lei de Deus ou a reescrevemos para se adequar às nossas sensibilidades modernas. Nós prostituímos a graça de Deus. Nós dizemos: “Não estamos sob a lei. Estamos sob a graça! Então somos livres!” E o que estamos dizendo com isso é: “Somos livres para pecar.”

Mas a graça de Deus, de acordo com Tito capítulo 2 e de acordo com todo o conjunto das Escrituras, não nos dá a liberdade ou a licença para pecar. A graça de Deus nos ensina a negar a impiedade. Ela nos ajuda a viver vidas livres do pecado.

Com que frequência olhamos ao redor em nossas igrejas hoje e vemos que um espírito de tolerância triunfou sobre um espírito de verdade? E agora, de uma maneira moderna, Tobias, o inimigo de Deus, está vivendo no templo.

Você pode estar se perguntando: “O que você quer dizer com isso? Quem é Tobias e como ele está vivendo em nosso templo?”

Pense em alguns dos inimigos de Deus que permitimos entrar em nossa igreja hoje: Luxúria, ganância, materialismo, raiva, egoísmo, orgulho, amargura (alguns exemplos que penetram e se infiltram em nossas igrejas hoje; é um inimigo de Deus), sensualidade, divórcio, engano, entretenimento ímpio, filosofias mundanas.

Pouco a pouco, baixamos a guarda. Cultivamos um relacionamento com esses inimigos jurados de Deus. Os recebemos em nossas igrejas, ou simplesmente não notamos quando eles entraram. Os ajudamos a se sentirem em casa ali.

Além disso, trabalhamos tão duro para fazer com que as pessoas perdidas e desviadas se sintam confortáveis em nossas igrejas que resta muito pouca convicção do pecado, muito pouco senso da santidade de Deus, muito pouca transformação de vida, muito pouco arrependimento acontecendo, muito pouca manifestação da presença de Deus.

Você sabe por quê? Porque Deus é um Deus santo e Ele não pode se sentir em casa em um lugar que não é santo.

Não estou sugerindo que devemos tentar alienar os não cristãos em nossas igrejas. Não estou sugerindo que a irrelevância seja uma virtude ou que devemos fazer um esforço para tornar as igrejas o mais desconfortáveis possível para as pessoas.

Acredito que, às vezes, algumas das coisas que fazemos nas igrejas são simplesmente nossas tradições e nossas maneiras de fazer as coisas que não têm nada a ver com as Escrituras, que não têm nada a ver com Deus nos guiando dessa forma; é apenas o que nos deixa confortáveis. Acho que às vezes as pessoas perdidas devem entrar e se perguntar: “O que está acontecendo aqui?”

Portanto, não estou dizendo que o antigo é melhor e o novo é ruim. Mas o que estou dizendo é que, se a relevância para um mundo incrédulo é nosso objetivo, então acredito que eventualmente faremos algumas coisas que irão sacrificar a presença de Deus.

Estou dizendo que os pecadores devem se sentir desconfortáveis na presença de um Deus santo. Estou dizendo que os pecadores nunca serão verdadeiramente convertidos até experimentarem a convicção do Espírito de Deus sobre o pecado deles. E isso não é confortável.

Quando o fogo e a presença de Deus em nossas vidas e em nossas igrejas são evidentes, quando isso é manifesto, as pessoas são atraídas para nossas igrejas, não por causa do entretenimento, não por causa dos programas, mas porque Deus está lá e elas estão vendo a realidade de um Deus santo.

Mas hoje temos tanto medo de parecermos diferentes, de sermos extremos, de sermos muito piedosos ou muito espirituais. A ênfase em muitos de nossos ministérios e igrejas hoje é: como podemos ser relevantes? Quão amigável para o usuário podemos tornar o evangelho? E como resultado, nos adaptamos à cultura em vez de chamar a cultura a se adaptar a Cristo.

Lembro-me de um amigo me dizendo uma vez: “Se um não-cristão entrasse na minha igreja, ele poderia pensar que está em uma boate ruim.”

Quando vamos perceber que o mundo não fica impressionado com a versão religiosa de si mesmo? Nossa maior eficácia, nossa maior arma, não está em ser como o mundo, mas em ser diferente do mundo, em ser como Jesus.

Então, em meio a um estado assim, minha pergunta é: Onde estão os Neemias de nosso tempo, os homens e mulheres que amam a Deus, que amam a santidade, que não temem nada e ninguém, exceto Deus? Onde estão os santos (e um santo significa um santo) que agem como santos?

Onde estão aqueles cujas vidas são irrepreensíveis em todos os aspectos? Em seus lares, seus trabalhos, sua fala, seus hábitos, suas atitudes, suas finanças, seus relacionamentos?

Onde estão os cristãos cujos olhos se enchem de lágrimas e cujos corações doem quando veem uma igreja não santa se divertindo até a morte e festejando com o mundo?

Onde estão os cristãos cujos joelhos estão doloridos de implorar a Deus para dar o dom do arrependimento e trazer um avivamento de santidade em nossos dias? E onde estão os líderes cristãos com a compaixão e a coragem para chamar a igreja a se purificar diante de Deus?

Agora, mulheres, não estou sugerindo que devemos sentar aqui e em nossos corações criticar líderes cristãos que talvez não estejam sendo tão ousados ou corajosos quanto deveriam ser. Não estou sugerindo que desenvolvamos um espírito crítico, mas estou dizendo que precisamos levantar nossos corações e mãos ao Senhor e dizer: “Senhor, conceda coragem a esses homens! Faça-os homens de convicção?” Precisamos orar por eles.

E precisamos ser responsáveis nas áreas pelas quais somos responsáveis. Onde estão as mães, os pais, os jovens dispostos a lidar de maneira completa e decisiva com tudo o que não é santo em suas vidas, em seus lares?

A igreja tem esperado que o mundo se acerte com Deus. Acho que precisamos perceber que o mundo está esperando que a igreja se acerte com Deus. E quando temos uma paixão pela santidade – e não estou falando do tipo de santidade que sai por aí arrancando cabelos das pessoas ou gritando com elas porque não estão obedecendo a Deus.

A propósito, a reclamação de Neemias não era com o mundo pagão incrédulo. Sua preocupação era com o povo de Deus. Quando o povo de Deus se acertar com Deus e quando tivermos essa santidade ardente, apaixonada e pura que ama a Deus, então o mundo vai parar e prestar atenção.

Quando nós, o povo de Deus, nos humilharmos, quando nos afastarmos de nossos caminhos perversos, então o mundo terá uma razão para conhecer e acreditar que nosso evangelho é verdadeiro e que nosso Deus é real. Então muitos deles também se prostrarão e O adorarão.

Raquel: Essa é Nancy DeMoss Wolgemuth falando sobre o poder que uma vida santa pode ter. 

Amanhã, Nancy vai retomar o tema do esplendor da santidade. Como a sua vida pode mostrar ao mundo algo belo sobre Deus? Esperamos por você aqui no Aviva Nossos Corações.

O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, plenitude e abundância em Cristo.