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Refresh – Dia 2: Desenvolvendo hábitos saudáveis

Publicadas: Maio 14, 2024

Raquel: Shona Murray fazia homeschooling, ou seja, havia optado por educar seus filhos academicamente em casa… e ela estava esgotada.

Shona Murray: Comecei como idealista, como perfeccionista: “Vou educar meus filhos até o ensino médio, depois eles vão para a faculdade, e depois estarei livre e tranquila.” Mas eu estava esgotada.

Raquel: Ela ligou para o marido, David.

Shona: Eu estava chorando ao telefone. Eu disse: “David, não consigo mais fazer isso. Não posso! Estou no meu limite!”

Raquel: Este é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, na voz de Renata Santos.

Nancy DeMoss Wolgemuth: Se você não ouviu o episódio de ontem aqui no Aviva Nossos Corações, você precisa acessar o nosso site ou nosso canal do Youtube e ouvir o programa de ontem ou pelo menos ler a transcrição, porque ouvimos uma história muito honesta e sincera dos corações de David e Shona Murray sobre passar pelo burnout e depressão, mesmo ele sendo um pastor e ela médica e esposa de um pastor. Este é um casal que ama o Senhor, mas se encontraram em um vale.

Talvez você não esteja passando por nada parecido, talvez você esteja em uma fase muito saudável da sua vida, mas é provável que haja pessoas ao seu redor (você pode nem perceber), que estão passando por um vale muito escuro. E Deus a colocou em suas vidas para ser um meio de graça e um meio de encorajamento.

David e Shona escreveram juntos um livro chamado “Refresh: Vivendo no ritmo da graça em um mundo acelerado“. Este livro está disponível em português, e queremos sugerir que você leia e, em seguida, o compartilhe com alguém de sua família ou de seu convívio que possa precisar dessa sabedoria prática e ajuda.

Então, Shona e David, obrigado por não manterem essa história apenas para vocês, por estarem dispostos a compartilhar sua jornada com outros peregrinos que precisam dessa mão amiga.

David Murray: Guardamos isso para nós mesmos por muito tempo. Essa foi nossa instintiva reação inicial. Olhando para trás, em reflexão, foi uma decisão errada, porque significou que não recebemos a ajuda que poderíamos ter recebido do povo de Deus e de todos os recursos que Deus derramou em Sua Igreja.

Isso significou que carregamos o fardo sozinhos em vez de compartilhá-lo, como somos comandados a fazer. Havia orgulho nessa decisão, eu acho; havia medo. Acho que é apenas a reação humana instintiva de se fechar, se encolher e se isolar. Mas foi inútil.

Nancy: E não é verdade que, desde Gênesis capítulo 3, nossa tendência é se esconder em vez de ir para Deus e buscar relacionamentos. Temos medo; temos orgulho. 

Você disse que havia orgulho, havia medo, talvez a incerteza que poderia haver alguma ajuda. Essas são todas as razões pelas quais ficamos em silêncio.

E então, à medida que Deus conduzia vocês por essa jornada, a tendência natural de vocês foi dizer: “Ninguém precisa saber disso; isso vai ficar somente entre nós”. Mas Deus quer usar nossas experiências para ser um meio de graça para outras pessoas.

Shona: Ele quer, e veja como é glorioso o trabalhar de Deus, porque você olha para trás em sua vida em algo assim, e o que você pensa que não foi útil para o Reino… Eu costumava dizer muitas vezes: “Essa situação não serve pra nada; não serve para o Reino de Deus.”

E agora eu posso dizer: “Isso foi bom”. Como David disse: “Foi bom ser afligido.” (Salmo 119:71). Deus vê muito além do que nós vemos, e podemos nos alegrar e ficar contentes por isso.

Nancy: Achamos que nossas forças são o que nos tornará úteis, mas muitas vezes é realmente nossa fraqueza que nos torna mais úteis para os outros.

Shona: É. Quando você é vulnerável com os outros, eles sentem que também podem ser vulneráveis com você, e juntos aceitamos humildemente que somos humanos, que não somos perfeitos. Não estamos na época pré-queda. Ainda não estamos no Céu.

Este mundo, como Deus disse, é um véu de lágrimas, vales, tribulações. Mas se pudermos nos ajudar ao longo do caminho como peregrinos, como O Peregrino, então é uma jornada gloriosa – mesmo com dificuldades e vales.

Nancy: Sim, sim. Agora, Shona, quando você estava no meio deste vale muito escuro, profundo e difícil – no início dos anos 2000 – havia pessoas ao seu redor que realmente não sabiam o que você estava passando?

Shona: Eu acredito que sim. Minha personalidade tende a ser extrovertida, enérgica, animada. Lembro-me de David ter começado uma série sobre depressão. Lembro-me dele pregando sobre Deus, que é altíssimo e santo, habitando com os humildes e os contritos de coração e espírito, conforme Isaías fala.

E um senhor veio até ele um dia e disse: “David, você conhece alguém que está sofrendo de depressão, porque você está abordando coisas no púlpito que sugerem que você conhece isso profundamente.”

Nancy: “Você parece saber do que está falando.”

Shona: “Você sabe. Você sabe do que está falando.” Naquele momento, David não se sentiu livre para divulgar quem ou o quê.

David: Mas acho que foi significativo, mostrando que minha pregação mudou de tal forma que pessoas que nunca vieram até mim antes para aconselhamento estavam se aproximando porque obviamente detectaram uma nova simpatia, uma nova compreensão, uma empatia. E é isso que tenho visto repetidamente no aconselhamento para ministros,  pastores com burnout, depressão: a necessidade de ajuda prática é incrível. Às vezes, é quase avassalador, o número de pessoas que tomam a coragem de começar a procurar ajuda.

Nancy: É muito diferente de ter um livro didático de seminário do qual você está ensinando. Você está falando de sua própria experiência, e Deus quer usar isso.

Eu diria para nossas ouvintes que estão ouvindo esta mensagem e estão lidando com o burnout ou depressão, uma luz de esperança pode ser que, Deus queira usá-la a partir de sua experiência.

Isso não significa necessariamente que você não será útil até ter tudo resolvido e restaurado, porque, como você compartilha neste livro, Shona, há desafios contínuos que você enfrenta em algumas dessas questões que vamos discutir. Não está tudo resolvido e acabado até que esta vida termine.

Shona: Não está mesmo. Exatamente. E seja uma mulher que trabalha em tempo integral, ou uma dona de casa, ou uma jovem estudante universitária, não faz diferença. Se você ama o Senhor, enfrentará desafios.

A experiência ajuda, mas se o Senhor permitir, podemos ter mais dez, vinte, trinta – quem sabe – quantos mais anos neste mundo? E seremos muito diferentes do que somos agora. Todo dia, cada ano traz uma nova experiência de andar com Deus.

Nancy: Bem, quando você estava no seu vale – ou em um ponto muito baixo – vocês, como casal, decidiram ir ao seu pai, Shona, que era pastor, e se aconselhar com ele. E ele disse algo que foi um avanço – pelo menos para você, David – ao dizer que você está experimentando consequências espirituais, porque você presumiu que essa depressão era em grande parte espiritual, mas existem componentes físicos e emocionais que são fatores aqui, que influenciaram. O que aconteceu depois que ele disse isso? Como vocês começaram a identificar o que alguns desses componentes eram e a lidar com eles?

Shona: Durante esse período, duas coisas aconteceram. Eu já estava tão imersa na depressão que sentia estar à beira, até mesmo, da minha própria sobrevivência. Em certo ponto, pensei: “Preciso sobreviver por mais um ano para que essa criança nasça.”

Nancy: Você estava esperando seu quarto filho.

Shona: Eu estava esperando meu quarto filho. Lembro-me de olhar o ultrassom e me sentir desconectada – era como se eu estivesse analisando o ultrassom de forma acadêmica. Lembro-me de concluir que, “Sim, preciso viver e sobreviver, ficar saudável, até o nascimento do bebê. O que acontece comigo depois disso não importa.”

Nancy: E você é médica, então sabia muito sobre o corpo e as necessidades físicas.

Shona: Eu era, e eu sabia. Isso me fez perceber, de forma muito objetiva: “Você está mal, muito mal!” Eu falei com uma colega. Eu sabia que havia outra coisa que poderia fazer; poderia considerar tomar remédio.

Porque eu tratei muitas pessoas, aconselhei muitas pessoas, e eu sabia que um bom número dessas pessoas melhorava. Eu não acreditava que eu melhoraria, mas pensei: “Bem, se Deus disponibiliza algo, é minha responsabilidade aceitar o presente que Ele dá. Não é meu trabalho determinar se vai funcionar ou não, mas devo fazer o que eu chamo de bom senso, ou bom senso santificado.” Então comecei a tomar remédio.

 Nancy: E David, como você se sentia em relação a isso?

David: Bom, estávamos desesperados!

Nancy: Porque eu sei que a decisão de tomar remédios pode ser muito controversa.

David: E eu era totalmente contra. Como expliquei no programa de ontem, todo o meu treinamento tinha sido muito, “Qual é o pecado? Onde está o arrependimento? Qual é o pecado? Onde está o arrependimento?” E não havia o conceito de uma abordagem mais holística e ampla de tratamento que poderia envolver alguns fatores físicos.

Mas, sim, estávamos desesperados, e, novamente, o pai de Shona disse que não era a resposta completa, como Shona explicará, mas poderia ser parte da resposta. Então não víamos a medicação como uma solução certeira, mas estávamos vendo como, “Ok, vamos dar o próximo passo e buscar a bênção, a ajuda e a orientação do Senhor.”

Shona: E foi meio que um tipo de bote salva-vidas. Você está lá em pé, e o navio está afundando. Você está no Titanic, e está afundando. Você tem uma escolha. Você pode pular naquele bote salva-vidas, ou pode simplesmente afundar com o navio. Eu estava afundando!

Nancy: Você e o bebê que você estava carregando.

Shona: Certo dia, acordei às cinco da manhã como um pássaro, assustada. Eu estava andando pela casa, perambulando pela casa, cheia de um terror absoluto. Meu coração estava disparado; eu estava suando frio. Eu desejava que alguém me acertasse na cabeça e me deixasse inconsciente até que tudo isso acabasse – seja lá o que estivesse acontecendo.

Então, eu comecei a tomar esse medicamento, não acreditando realmente que ia me ajudar. Outras pessoas, sim, mas não eu. Porque meu problema era espiritual, eu pensava. Levou um tempo para eu aceitar e para eu entender melhor que, não, isso era principalmente esgotamento mental-emocional com um desequilíbrio químico que se desenvolveu.

Mas também houve outras coisas que tiveram que acontecer. Naquele ponto, eu ainda não tinha definido o que eu faria além do medicamento, porque ele é apenas uma pequena parte do tratamento, mas foi muito significativo, ele me afastou do precipício. Dentro de duas a três semanas, eu estava mais calma.

Nancy: O remédio te estabilizou.

Shona: Eu estava um pouco mais estabilizada. Eu conseguia dormir, pelo menos. Eu não estava acordando em pânico no meio da noite, mas ainda estava longe de uma recuperação completa e de estar saudável. Honestamente, levou provavelmente três ou quatro anos para eu passar por coisas que tivemos que aprender. Agora podemos ajudar outras pessoas com mais propriedade. É o sono, é o exercício, é a dieta, é reduzir seu estresse, é definir prioridades, mas não sabíamos essas coisas na época.

Se eu soubesse de tudo isso na época, poderia ter tomado medidas e ficado mais saudável muito mais rápido.

Nancy: Ou talvez evitado chegar a esse ponto, possivelmente.

Shona: Sim, mas é por isso que estamos aqui hoje na providência de Deus. Queremos ajudar outras pessoas.

David: As pessoas podem não ter um caso tão grave quanto o de Shona, de estar sobrecarregada e deprimida, mas realmente não importa. As causas e as soluções são as mesmas em algum grau.

Uma coisa que eu gostaria de acrescentar à história da Shona: A principal coisa que me lembro sobre o remédio foi que permitiu que a Shona tivesse a capacidade de começar a processar as coisas mentalmente, pensar racionalmente.

A Palavra de Deus começou a ter um impacto sobre ela; ouvir sermões começou a ter um efeito abençoador sobre ela. Sabe, a mente estava agora começando a voltar a algum nível de normalidade, e havia uma calma. E o descanso e o sono, novamente, estavam restaurando um pouco de sanidade.

Mas, como ela diz, estávamos então, “Ok, isso não é tudo; este é um pequeno passo, um passo útil.” E então fomos encaminhados para um psiquiatra cristão.

Shona: Psiquiatras no Reino Unido fazem muita psicologia também. Eles não apenas prescrevem. Parte do tratamento deles é aconselhamento – uma grande parte é aconselhamento. Eu conhecia um colega que havia saído da medicina de família para entrar na psiquiatria. Ele era cristão, amava o evangelho da graça, e eu sabia que o que ele diria seria verdade.

Marquei uma consulta com ele. Viajamos para a Escócia para encontrá-lo, e foi revolucionário, porque ele ouviu minha história por duas horas e disse algumas coisas muito diretas.

Ele disse: “Você é extremamente dura consigo mesma!” Ele estava me ouvindo me rebaixar o tempo todo. Eu não tinha percebido, mas era verdade. Ele começou a me mostrar o quanto das minhas conclusões eram baseadas em opiniões que eu estava formando e em pensamentos negativos automáticos que eram direcionados contra mim mesma, e numa incapacidade de processar informações de uma maneira mais factual, de uma maneira mais objetiva.

Ele nos direcionou para um conceito chamado TCC: Terapia Cognitivo-Comportamental. Talvez as pessoas não estejam muito familiarizadas com a psicoterapia. Isso é na verdade algo que cada um de nós faz em maior ou menor grau todos os dias de nossas vidas.

Nancy: Conversar consigo mesmo.

Shona: Falar consigo mesmo. Algumas pessoas são melhores nisso do que outros. Para mim, acho que eu era provavelmente inútil nisso, ou pelo menos sempre me voltava contra mim mesma. Se algo acontecesse lá na frente, eu de alguma forma concluía que era minha culpa, mesmo que não tivesse nada a ver comigo.

Esse tipo de coisa, que não é racional. Se você sentar e fixar o olhar no incêndio de uma casa vizinha, o fato de eu ter passado por aquela casa naquela tarde não significa que tive alguma coisa a ver com aquele incêndio. Isso é um pouco extremo, mas é esse tipo de coisa.

David: Lembro-me dele nos dizendo que éramos o enésimo casal que tinha ido vê-lo por causa desse racha na igreja.

Nancy: Interessante.

David: Sim, então claramente isso foi…

Nancy: … um caminho muito difícil que vocês atravessaram.

David: Sim, muitos tinham passado por isso e sido afetados de maneiras que não tínhamos percebido na época.

Nancy: Eles são apenas algumas das vítimas.

Shona: Sim.

David: Exatamente, sim. Mas ele nos indicou um livro, “I shouldn’t feel this way” (Eu não deveria me sentir assim, em tradução livre – este recurso não está disponível em português). Foi escrito por três profissionais, médicos cristãos. E é isso que todo cristão sente quando está se sentindo deprimido: “Eu não deveria me sentir assim!”

Nancy: “Os cristãos deveriam ser felizes.”

David: Sim, isso mesmo. E a beleza deste livro foi que era uma versão cristã, por assim dizer, da Terapia Cognitiva – então, retreinar a mente. O que eu amei foi que era baseado na Palavra de Deus.

Os autores se concentraram principalmente no Salmo 77. Mas você poderia ir para o Salmo 42. Você pode ir para Habacuque 3, Jó 19, e outras passagens. Está por toda a Palavra de Deus, como chegamos a conclusões erradas com base em pensamentos defeituosos, como o salmista estava fazendo.

Ele estava vendo coisas, interpretando-as erroneamente e chegando a sentimentos terríveis e conclusões e ações terríveis. E então ele diz: “Chega! Pare! Isso é baseado em falsidade. Isso é baseado em mentiras. Isso é baseado em interpretações erradas. Eu devo pensar em Deus e em Sua Palavra e em Sua vontade e reformular os meus pensamentos. Os eventos e as circunstâncias não mudaram, mas como você os interpreta, isso tem que mudar e como consequência, surge uma mudança nos sentimentos, na perspectiva, no comportamento, nas palavras.

Então, de certa forma, o lado cognitivo – o lado mental – afeta as emoções e o comportamento. Isso, também, foi uma grande descoberta para nós. Então, sentávamos em casa com este livro e líamos, completavamos as perguntas e nós as discutíamos.

Eu cheguei em casa uma noite e Shona estava chorando, “Estou tendo um dia terrível. Tudo deu errado e eu sou uma mãe inútil!” Então nós sentávamos e eu tentava ser a minha melhor “versão” de psicólogo!

E eu dizia: “Bem, olha, Shona, o que você fez hoje? Você passou a ferro umas cem camisas, e cozinhou três refeições, e ligou para algumas senhoras viúvas. Você limpou a casa…” E a Shona falava: “Ok, sim, fiz isso e fiz aquilo e fiz aquilo.” É muito simples, muito básico.

Shona: Mas eu retrucava, “Mas o chão está sujo!” ou “Eu queimei as batatas.” Eu focava naquilo que não tinha dado certo.

Nancy: Nas suas falhas.

David: Os aspectos negativos.

Shona: Acho que é muito comum. Acho que acontece muito com mulheres, com mães. No trabalho, você pode ser boa no que faz, mas comete um erro e, mesmo que seu chefe a elogie em tudo o mais, tudo o que você consegue pensar é nesse erro que cometeu. Você se martiriza com isso pelo resto da noite.

Mas Deus não quer que sejamos assim, porque Ele não é assim. A raiz disso, eu acho, está na nossa visão equivocada de Deus. Olhamos para Deus e vemos que Ele derramou Sua graça nos salvando do pecado, mas de alguma forma pensamos que Ele espera perfeição, mas Ele não espera. Deus sabe que somos pecadores; Ele sabe que não somos perfeitos. Ele sabe que nunca seremos capazes de cumprir nossas metas diárias… que na maioria dos dias você atingirá um ponto em que terá que parar e deixar coisas por fazer. Mas isso faz parte do processo de santificação em nossas vidas… e é humilhante.

Nancy: Porque não somos Deus.

Shona: Não somos! Isso faz com que nos acheguemos a Ele, que é perfeição, que é beleza, que é glória, que tem tudo bem ordenado, bem planejado.

Nancy: E à Sua graça!

Shona: Graça, exatamente, e tudo se resume em abraçar a graça. Deus é um Deus de graça, não apenas em nossa conversão, mas em cada aspecto de nossas vidas. E é muito importante que mantenhamos essa conexão sempre diante de nós.

David: Sim, até a graça de fornecer esses salmos para nos aconselhar.

Nancy: Certo, que presente!

David: Sim, que presente! Ouvimos esses psicólogos descobrindo isso como se fossem brilhantes. Eles estão apenas dois mil anos atrás de Deus. Eles estão apenas descobrindo o que Deus revelou muitos milhares de anos antes, e temos todos esses recursos disponíveis para nós pela Sua graça.

E é isso que eu acho que Shona e eu descobrimos acima de tudo, que é ampliar nossa concepção do que é a graça. Que vai além da salvação, Deus tem fornecido graça em muitas mais dimensões e áreas da vida que estávamos descobrindo com gratidão.

Nancy: Bem, vocês falaram sobre ir às fontes da graça, e você pensa em uma fonte como um lugar onde você vai buscar refresco, água, o que sua alma precisa, o que seu corpo precisa. Então, um aspecto da graça de Deus que vocês falam é a fonte motivadora da graça de Deus. Podemos ser motivados por muitas coisas.

Shona: Podemos. Podemos ser motivados por dinheiro, prestígio, popularidade, ou nosso perfeccionismo que nos impulsiona. Mas quando somos motivados pela graça de Deus, somos inspirados pelo que foi feito.

Queremos expressar gratidão, reconhecimento – como você escreveu um livro sobre gratidão, Nancy. Esse é o principal motivador: “Obrigado, Senhor, pelo que fizeste.”

Nancy: Então, não estamos fazendo todas essas coisas porque estamos tentando conquistar o favor de Deus ou ganhar Sua aprovação, mas Ele já nos aprovou. Ele nos deu Sua graça em Cristo, e então nosso serviço é uma resposta de gratidão.

Shona: É, de fato! Você pode pensar em um marido e uma esposa, ou amigos próximos ou pais… você faz coisas por eles, não porque quer ganhar o favor deles, mas apenas por gratidão e amor a eles. E é assim que vivemos a vida e respondemos a Deus.

David: E isso muda todo o relacionamento. Muda de um legalismo, impossível de agradar, para apenas aproveitar. Em vez de dizer: “Me aprove, me aprove, me aprove!” dizendo: “Obrigado, obrigado, obrigado!”

Nancy: Sim, sim. E quanto à fonte libertadora da graça? Como isso se aplica aqui?

David: Sabe, somos controladores por natureza.

Nancy: Você acha?! (risos)

David: Não você, Nancy! Não, não você.

Nancy: Sim, eu!

David: Queremos ser soberanos, perfeitamente soberanos em cada área de nossa vida. Se algo foge daquilo que achamos que controlamos, precisamos trazer de volta. Isso é uma tortura, porque é impossível neste mundo. E Shona era uma perfeccionista, e eu também. Estamos nos recuperando do nosso perfeccionismo.

Shona: E ainda temos que lutar contra isso.

David: Quando você novamente abraça a soberania de Deus, não apenas na salvação, mas em cada área da vida, para que você não esteja apenas reconhecendo que Ele é o Deus soberano na salvação de nossas almas, mas em nossos filhos, em nosso trabalho, em nossa igreja. Isso é libertador. Não estou mais tentando ser o rei, mas estou vendo libertação, libertação, libertação. É algo com que Shona trabalhou muito.

Shona: Posso pensar em dois exemplos em particular. Nosso filho mais velho, quando ele tinha cerca de quinze anos, cheguei a um ponto em que senti que não conseguia mais educá-lo sozinha – por várias razões, mas eu me sentia uma fracassada só de pensar que outra pessoa teria que ensiná-lo.

Nancy: E há tantas mães ouvindo agora que estão se sentindo exatamente como você estava.

Shona: Exatamente! Eu comecei como idealista, como perfeccionista: “Vou educar meus filhos até o Ensino Médio, e depois eles vão para a faculdade, e depois disso estarei livre e tranquila.”

Mas quando ele chegou no Ensino Médio, eu tinha atingido o esgotamento. Eu liguei para o David certa manhã – ele estava viajando, estava no Canadá. Eu estava chorando ao telefone e disse: “David, não consigo mais fazer isso. Eu não posso! Ele tem que ir para a escola. Cheguei no meu limite!”

E o versículo que realmente me ajudou naquela manhã foi: “Ela fez o que pôde.” É o que Jesus disse sobre Maria (veja Marcos 14:8). Sinceramente, senti que não podia fazer mais nada. Eu resisti a isso por muito tempo, mas naquela manhã desisti da luta. Eu liberei toda essa questão, entreguei ao Senhor e disse: “Senhor, eu fiz o que pude.”

Nancy: E está tudo bem.

Shona: Está tudo bem. Não é um desastre. Eu não falhei com meus filhos. Eu não entreguei esse filho a quem quer que seja. Ele foi para uma escola cristã depois disso, e todas as preocupações que eu tinha… Bem, ele cresceu e sobreviveu na escola. Ele tem vinte e um anos, e então ele se alistou no exército, e tive minha próxima experiência de ter que liberar. Eu sempre gosto de saber onde meus filhos estão à noite. Quero saber quando eles chegam, mesmo aos vinte e um anos.

David: Eu nem penso sobre isso, só durmo.

Shona: Mas eu digo aos meus meninos: “Olha, quando você chegar em casa, poderia me cutucar no ombro, então eu saberei.”

Nancy: Então você pode realmente dormir.

Shona: Eu posso realmente dormir. Então, se eu acordar durante a noite, não me preocupo… “Eles estão bem?” Bem, ele vai para o treinamento básico, e não há comunicação com o lar. Inicialmente, não há cartas.

Nancy: Então, parece que isso é mais difícil para as mães do que para os recrutas.

Shona: Exatamente! Não há nada. Então, no primeiro dia da minha vida, eu fui dormir naquela noite sem saber: “Meu filho está vivo ou morto?” Eu não sei o que ele está fazendo, não sei o que ele está comendo no café da manhã (se dão a ele café da manhã). E assim foram os próximos três meses.

Depois de alguns dias iniciais cheios de lágrimas, percebi: “Confie ele ao Senhor. Você não pode levantar um dedo para influenciar mais neste momento, mas pode orar a Deus, seu Pai celestial, que está bem ali – agora – ao lado dele, que pode fazer tudo.”

Eu literalmente me senti como um pássaro solto no ar. E os próximos três meses se passaram sem comoções, e isso me ensinou a importância de recuar e dizer: “Fiz o que pude, e agora o Senhor…” O Senhor está sempre no controle completo, mas subjetivamente. Eu não poderia fazer mais nada.

Nancy: Shona e David Murray escreveram um livro realmente útil e prático chamado “Refresh: Vivendo no ritmo da graça em um mundo acelerado“. 

E no próximo episódio aqui no Aviva Nossos Corações, vamos falar sobre alguns dos meios de graça muito práticos, algumas das estratégias muito práticas para andar na graça em meio às demandas que vêm de todas as direções.

Eles estão compartilhando experiências de suas vidas, de sua jornada contra depressão, ansiedade e burnout, e sei que será de grande ajuda para muitas de nossas ouvintes. Aguardamos você amanhã, aqui no Aviva Nossos Corações.

Raquel: Visite o nosso site www.avivanossoscoracoes.com e obtenha o livro “Refresh: Vivendo no ritmo da graça em um mundo acelerado”.

Você passa um tempo relaxando no final do dia olhando o Facebook ou Instagram? A Dra. Shona Murray diz que sua mente na verdade não está relaxando. Ela explicará mais sobre isso amanhã, aqui no Aviva Nossos Corações.

O Aviva Nossos Corações é o ministério em língua portuguesa do Revive Our Hearts com Nancy DeMoss Wolgemuth, chamando as mulheres à liberdade, à plenitude e à abundância em Cristo.

Clique aqui para o original em inglês.