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Ep. 2: Segurar ou Entrelaçar

Publicadas: mar 06, 2023

Raquel Anderson: Como esposa, Shannon Popkin enfrenta muitas tentações de ter o controle sobre seu marido, mas descobriu a alegria de abrir mão desse controle para o Senhor.

Shannon Popkin: Deus me abençoou todas as vezes que deixei meu marido liderar, Ele me abençoou todas as vezes em que eu escolhi me render. Deus moldou meu coração e me deu contentamento.  E é isso que Ele faz quando nos rendemos a Ele.

Raquel: Esse é o Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, na voz de Renata Santos.

Nancy DeMoss Wolgemuth: Bem, estamos falando sobre um assunto esta semana que acho que talvez todos nós, como mulheres e homens também – não quero deixá-los de fora-, lutamos com isso de várias maneiras, em vários graus.  Temos toda essa questão de querer controlar nossas circunstâncias – as pessoas, as situações ao nosso redor, o resultado de nossas vidas, consertando tudo para fazer funcionar.

Raquel: Estamos conversando hoje com nossa convidada, Shannon Popkin, que escreveu um livro que foi muito útil para mim e acho que será também para muitas outras mulheres.  Chama-se, simplesmente, Control girl (Garota Controladora, em português). Apesar de ainda não termos esse recurso disponível em Português, vemos a relevância do tema e o quanto essa série abençoará nossas ouvintes. Ore conosco para que em breve mais esse recurso esteja disponível.

Talvez enquanto você ouve esse podcast, você pense: “Eu não sou assim, mas aquela pessoa que eu conheço…” Porém, quando você começar a pensar sobre isso, talvez comece a entender que o desejo de ser controladora está presente em sua vida mais do que você imagina.

Estamos tentando ajudar as mulheres a experimentar liberdade, plenitude e abundância em Cristo e se livrar de fardos que as impedem de viver uma vida plena em Cristo.  Ao apoiar esse ministério, você estará ajudando outras mulheres a vivenciar isso. Visite o nosso site www.avivanossoscoracoes.com e seja uma parceira no ministério, através de orações, doações, compra de livros e compartilhando os artigos e podcasts disponíveis com outras mulheres.

Nancy: O controle realmente é um fardo quando sentimos que tudo recai sobre nós, não é?

Shannon: Sim, é terrível.

Nancy: E você também fala sobre se render ao fardo do controle com base no que aprendeu com sete mulheres na Bíblia.

Shannon: Sim, isso mesmo.

Nancy: Há muito mais que poderíamos aprender sobre essas mulheres. Esses pontos são apenas vinhetas, não é mesmo?

Shannon: Com certeza.

Nancy: Você fala sobre sete dessas mulheres, e vamos analisar uma delas hoje e outra no próximo episódio.  Mas quero voltar a uma situação que você descreve no seu livro, a qual achei muito marcante.  Você estava em um estudo bíblico com um grupo de mulheres, e você perguntou a elas sobre os fardos que estavam em seus corações.  Conte-nos um pouco sobre o que elas compartilharam e como isso afetou você.

Shannon: Perguntei-lhes se poderiam compartilhar um pedido de oração relacionado a uma luta de relacionamento que estavam tendo.  Achei que talvez elas falariam sobre dificuldades na criação dos filhos ou no casamento, mas, em vez disso, todas as mulheres que estavam na mesa naquele dia compartilharam sobre uma mãe muito controladora ou uma sogra muito controladora.

Enquanto elas conversavam, senti que Deus estava me dizendo algo porque comecei a pensar sobre meus próprios problemas de controle e a enxergar a tensão que meu desejo de controle estava criando.  Mas eu estava pensando nisso a curto prazo.  Eu estava pensando em como isso estava afetando meus relacionamentos naquele momento.  Não estava no meu radar pensar sobre as consequências do controle a longo prazo.  Eu não estava pensando em como o desejo por controle afetaria quem eu me tornaria e afetaria os relacionamentos de longo prazo em minha família.

Depois que as mulheres compartilharam naquele dia, me inclinei sobre a mesa e disse: “Gente, como podemos ter certeza de que não nos tornaremos como elas?  Acabamos de ouvir todas essas histórias sobre essas mulheres.  .  .  Eu não acho que elas pretendiam ser um fardo.  Eu não acredito que elas estejam tentando criar tensão e turbulência em seus relacionamentos.  E, no entanto, esse desejo de controle é como um fardo sobre os ombros de suas filhas e noras.  Como podemos ter certeza de que não nos tornaremos  como elas?

Nancy: Para que daqui a vinte anos, não sejam nossas filhas fazendo esses pedidos de oração.

Shannon: Sim, exatamente.  Como podemos garantir que isso não aconteça conosco?  Não acho que alguém intencionalmente se torne assim, mas estou convencida de que, se eu der vazão total a esse desejo de controle que brota de dentro de mim, é isso que serei.  É meio inevitável.  Acho que esse é um problema que lentamente se alastra em nosso ser sem que a gente perceba.

A menos que escolhamos conscientemente seguir um caminho diferente,  ou seja, a menos que escolhamos nos render, com o tempo, é isso que acontece: nos tornamos cada vez mais controladoras. Deus apenas permite que sigamos nosso próprio caminho de egoísmo.

Nancy: E Deus simplesmente nos deixar seguir nosso próprio caminho é a pior coisa que poderia acontecer conosco.

Shannon: Sim.

Nancy: Por anos, você realmente não pensou que o controle era um problema pra você, algo que você visse como sua luta.  Você se identificou, por exemplo, com um problema de raiva.

Shannon: Sim.

Nancy: E você não viu a conexão entre a raiva e o controle.  Quando isso começou a ficar claro para você?

Shannon: Acho que estava focando toda a minha atenção na raiva. Eu estava lendo livros sobre raiva e pedindo a amigos que orassem por mim.

Um dia, eu estava ouvindo o rádio enquanto dirigia. Uma mulher falava sobre como existem esses pecados superficiais – como raiva, ansiedade, medo ou perfeccionismo – que são facilmente aparentes.  Podemos vê-los em nossos corações.  Então ela falou que às vezes há um pecado central mais profundo, um pecado profundamente enraizado que está alimentando esses outros pecados.

Nancy: Mas talvez não seja tão fácil de identificar.

Shannon: Sim.  Não é tão fácil de identificar.

E ela mencionou o pecado do controle.  E em um instante, eu sabia que esse era o meu problema, que minha raiva vinha desse desejo, desse desejo profundo de ter o controle.

Então aprendi a me fazer algumas perguntas para conectar os pecados, porque a raiva era muito fácil de enxergar.  Quando sentia a raiva aumentando, ou a ansiedade aumentando, ou essas outras emoções negativas, comecei a me perguntar: “Existe algo que estou tentando controlar aqui?”

Nancy: Ou alguém.

Shannon: Ou alguém, sim.  E comecei a me perguntar: “Sinto que estou perdendo o controle de alguém ou de uma situação?”

Na maioria das vezes, sim, o controle estava na raiz.  Era a questão central.  Até começar a lidar com o controle, não conseguia controlar minha raiva.

Então, eu apenas convido as mulheres a começarem a olhar para essas emoções que vêm à tona e perguntar: o controle pode ser essa questão mais profunda que está alimentando esses outros problemas que são mais aparentes?

Nancy: Sim.

Agora, quando começamos a falar sobre essa coisa de controle, especialmente na criação dos filhos, em casa e no local de trabalho, pode soar como se estivéssemos dizendo que você deveria ser irresponsável e deixar tudo pra lá, o que será, será.  E não é isso que você está dizendo. Não é isso que a Palavra de Deus está dizendo.

Você fala sobre um princípio que aprendeu com outro escritor que escreveu um livro sobre criação de filhos que foi útil para você. E eu achei super interessante enquanto eu o lia. Você menciona dois tipos diferentes de problemas.

Shannon: Sim.  

Nancy: Fale um pouco mais sobre isso?

Shannon: Claro. Estava me referindo ao Dr. Tim Sanford que escreveu um livro chamado “Losing control and liking it” (Perdendo o controle e feliz com isso, em tradução livre).  É um livro para pais.  Ele divide toda a vida em duas categorias: de um lado estão as coisas que posso controlar e do outro lado está todo o resto.

Nancy: E assim você consegue identificar o que pode e o que não pode controlar.  E então como você lida com essas duas situações diferentes?

Shannon: Dr. Sanford sugere uma reação visual.  Imagine-se colocando as suas mãos em formato de concha e assumindo a responsabilidade por si mesma e pela categoria do que você consegue controlar, nessa situação você está segurando em suas mãos o que consegue controlar.  E por outro lado, aquelas coisas que estão na segunda categoria, que você não pode controlar, imagine-se entrelaçando suas mãos em oração, se rendendo, entregando-as a Deus.

O que aprendi sobre mim e outras mulheres controladoras é que tendemos a fazer exatamente o oposto.  Em vez de entrelaçar as mãos em sinal de rendição, tentamos segurar, assumir o controle.  Tentamos assumir o controle e resolvê-las com nossas próprias mãos.

Nancy: Sentimos que estamos perdendo o controle de algo que não podemos controlar.

Shannon: Sim, com certeza.  E, por outro lado, dessa maneira, não mantemos sequer o controle de nós mesmas.  .  .

Nancy: E não assumimos a nossa própria responsabilidade.

Shannon: Sim, tendemos a jogá-la pela janela.  Perdemos o controle de nós mesmas, especialmente na área da raiva e da ansiedade.  Não temos controle sobre nós mesmas.

Portanto, há uma ironia aí.  Em vez de assumir o controle por nós mesmas, que é algo que poderíamos fazer, estamos perdendo o controle de nós mesmas e estamos tentando controlar exatamente as coisas que não podemos controlar.

Nancy: E isso realmente requer uma mudança da maneira como pensamos para que nosso comportamento mude também. Não seremos capazes de mudar nossa raiva ou nossa ansiedade e as situações que decorrem de tentar controlar coisas que não podemos controlar se não mudarmos a maneira como pensamos.

Como você já testemunhou Deus realizar esse tipo de mudança em sua vida?  E eu sei que não é uma obra acabada.  É algo contínuo.  Mas o que está ajudando você a começar a entregar para Deus as coisas que precisam ser entregue, entrelaçar as mãos em oração sobre essas coisas e, ainda assim, manter a responsabilidade sobre as coisas que você pode controlar?

 Shannon: Acho que às vezes ajuda se eu pensar: Ok, em qual categoria isso se encaixa?  Isso é algo sobre o qual eu tenho influência?  Isso é algo em que posso assumir a responsabilidade por parte da situação?  E quais partes eu preciso colocar nessa outra categoria e entregar o controle a Deus?

Posso falar um momento sobre maternidade?

Nancy: Claro.

Shannon: Porque acho que é sempre o que sai dessas conversas: E as crianças?  Porque eu acho que, como boas mães, nós assumimos o controle sobre filhos.  Então, o que eu gosto de dizer sobre a maternidade é: quando você recebe aquele novo bebê no hospital, você tem muita influência sobre ele.

Nancy: Certo.

Shannon: Mas quando eles estão na adolescência e começo da vida adulta, o que mais devemos fazer é entrelaçar.

Nancy: Orando como louca.

Shannon: Orando como louca, sim! Tenho uma filha que é caloura na faculdade e passo muito tempo orando por ela.

Mas durante todos esses anos, do nascimento aos dezoito anos, durante esses anos, há um processo de mudança, transferindo-se da posição de segurar em forma de concha para entrelaçar oração de rendição.

É preciso muita sabedoria nas pequenas situações da vida para entender por exemplo: humm..isso é alguma coisa.  .  .Ele quer escolher suas próprias roupas aos sete anos de idade – isso é algo pelo qual eu deveria ter responsabilidade ou entrelaçar minhas mãos em oração de rendição a Deus?

Outro jeito que eu costumo incentivar que pensemos é: Se você ainda consegue pegar seu filho no colo, deve estar segurando.  Se você não pode segurar seu filho no colo, ou ele é muito independente para querer sentar no seu colo, então você tem que realmente trabalhar para entrelaçar as mãos em sinal de rendição.

Nancy: O que não significa que você não exercerá sua maternidade.

Shannon: Não.

Nancy: Estou pensando aqui em uma irmã que tem cinco filhos, agora jovens.

Quando as crianças eram pequenas e adolescentes, e agora, mesmo como jovens adultos, ainda há muitas situações .  .  .  Estávamos no telefone ontem à noite, tarde da noite.  E ela estava me dizendo: “Nesta situação com este filho, ou naquela situação com o outro filho, quanta influência eu exerço como mãe?” 

Identificar isso exige muita sabedoria, e de onde vem a sabedoria?

Shannon: Oh, do Senhor.

Nancy: Vem do Senhor.  E da meditação na Palavra de Deus.

Shannon: Sim.

Nancy: Nos fale sobre como isso nos permite lidar com o reder-se nos momentos apropriados e, ainda assim, manter a responsabilidade quando deveríamos.

Shannon: Acho que o render-se só é possível quando estamos nos lembrando da verdade sobre Deus, porque se estivermos convencidos de que Ele não nos vê, que Ele não se importa conosco, que Ele não tem controle, vamos dar o controle a Ele?  Não!  Nós vamos.  .  .

Nancy: .  .  .  lutar para termos o controle!

Shannon: Sim.  Vamos tentar manter o controle.  Mas acho que meditando no que é verdadeiro: o fato de que Deus está no controle, que Ele nos vê, que Ele se preocupa profundamente com os detalhes de nossas vidas, ao meditar no que é verdadeiro, nós nos posicionamos.  Nos preparamos para enfrentar as coisas que teremos que enfrentar nas próximas vinte e quatro horas ou nos próximos vinte e quatro anos, seja o que for, as coisas que enfrentaremos e que não podemos controlar.

E então eu acho que temos que prosseguir, seja de manhã, ou à medida que avançamos na vida, temos que nos preparar mentalmente, espiritualmente e emocionalmente, meditando na Palavra.  A meditação na Palavra constrói uma ponte entre o que dizemos acreditar e como realmente vivemos.

Nancy: Certo.

Shannon: Porque quantas vezes dizemos que Deus está no controle e ainda assim vivemos como se nós estivéssemos no controle?  Já falamos sobre isso.

Portanto, a meditação na Palavra ajuda a criar esses novos atalhos em nossa mente; quando enfrentamos algo que não podemos controlar, nosso coração voa mais prontamente para a verdade e somos capazes de nos lembrar: quer saber?  Acabei de me lembrar esta manhã que Ele me ama.  Ele me vê.  Ele tem controle sobre os detalhes intrincados que estou enfrentando nas atividades de hoje.  E…Eu posso confiar Nele.

Nancy: Se fôssemos conversar com seu marido e perguntássemos a ele: Descreva Shannon quando você se casou e como esse problema de controle se expressava em sua casa e agora, vinte anos depois, como você vê Shannon respondendo às circunstâncias—  e eu sei que nem tudo era ruim naquela época e nem tudo é bom agora, mas como você acha que ele descreveria a transformação que Deus está realizando em sua vida?  O que está diferente?

Shannon: Bem, por um lado, estou convidando tanto o meu marido como Deus mais para esse processo.

Nancy: Certo.

Shannon: Acho que estou um pouco mais flexível com minhas ideias de como tudo deve acontecer em nossa família e em nosso lar.  Estou um pouco mais disposta a me ajustar de acordo com o que meu marido pensa – sobre como devemos passar o fim de semana, ou como devemos gastar nosso dinheiro, ou como devemos criar nossos filhos.

Nancy: O que não significa que você não interaja com ele nisso.

Shannon: Ah, não.

Nancy: Porque estou pensando que algumas pessoas podem estar imaginando: você renunciou ao controle e agora não tem nada a dizer e nenhuma opinião.  Isso não soa como Shannon para mim.

Shannon: Isso seria muito difícil para mim!

Nancy: E não é mesmo, realmente, o que Deus está pedindo.

Shannon: Não, Ele não pede isso. Não estou sugerindo que uma esposa não deva dar suas sugestões ou opiniões ao marido.

Nancy: Então, como você faz isso de forma diferente agora?

Shannon: Acho que em primeiro lugar oração – comece com oração.  E talvez não tanto no falar.  Talvez sugira uma vez, espere um pouco e traga a conversa de volta para isso.

Lembro-me de que, quando era uma jovem esposa, no início de nosso casamento, comecei a conversar com meu marido sobre nossa cozinha.  Eu senti que nossa cozinha era muito pequena.

Nancy: Você e algumas outras mulheres…

Shannon: Provavelmente.  Eu tinha uma solução para isso: pensei que deveríamos fazer uma reforma na casa.

Quando nos mudamos para esta casa, eu disse a ele que era a minha casa feliz para sempre. Agora eu estava dizendo a ele que aquela seria minha casa feliz para sempre, depois da obra que eu queria fazer. 

Então eu estava falando, falando, falando sobre a obra, provavelmente no dia a dia.  Eu estava desenhando o anexo e acrescentando detalhes diferentes e tudo mais.

E meu marido não falava muito.  Ele estava meio quieto sobre isso.  E então ele finalmente disse: “Ok, querida, talvez possamos começar a economizar para isso.  Eu posso ver que isso é muito importante para você, isso é um sonho para você.  Então vamos começar a economizar para essa reforma.”

Aí ele disse: “Talvez daqui a cinco ou seis, sete, oito anos a gente tenha dinheiro para essa obra na casa”.

E então pensei: Ok, isso é bom.  Pelo menos estamos começando.  Mas a coisa do número total de anos, isso precisava.  .  .

Nancy: .  .  .  ser encurtado.

Shannon: Sim.  Ser encurtado.  Então, eu estava procurando maneiras de impulsionar esse plano.

Começamos a economizar dinheiro anualmente.  E cerca de três anos depois de economizar, recebemos um valor de presente inesperado pelo correio dos pais do meu marido.  E então, dentro de mais alguns dias, recebemos uma declaração de imposto inesperada.  E então meu marido ganhou um bônus.  Tudo na mesma semana.

E, surpreendentemente.  .  .

Nancy: Todos esse valores se direcionavam para a obra.  Certo?

Shannon: Como eu queria!  Eu estava pensando: Isso é providencial.  Porque, quando juntamos aqueles três cheques, eles completavam exatamente o valor que ainda faltava em nosso pequeno fundo.

Então meu marido disse: “Ei, querida, vamos sair para jantar e conversar sobre como vamos gastar esse dinheiro e fazer uma espécie de comemoração”.

Então, estava eu pensando em minha cabecinha: Ah, aparentemente ele não sabe que posso somar!  Eu já tinha isso tudo planejado.

Então saímos para jantar, e ele estava sentado do outro lado da mesa, com um grande sorriso de orelha a orelha.  E eu estava ali pensando: Ele está prestes a me dizer: “Podemos fazer a obra!”.  Eu quase liguei para o construtor antes de sairmos para jantar, mas decidi esperar um pouco.

Então ele deslizou esta planilha sobre a mesa e eu disse: “Oh, o que é isso?”  E então eu peguei o papel, e estava lendo, tantas coisas diferentes: Missões e organizações ministeriais e sem fins lucrativos.  E havia todos esses números ao lado dos nomes.  E eu estava pensando: Esses são números bem grandes.

E comecei a escanear a página.  Meu coração estava afundando.  Procurei na página, e lá estava bem embaixo, o valor destinado a minha obra, o menor número que tinha, o mesmo número do ano passado sem nenhum acréscimo.

Nancy: Então ele estava planejando como doar esse dinheiro que ganhou.

Shannon: Ele estava. E quando olhei de volta em seus olhos, pude constatar duas coisas: primeiro, ele nem havia considerado usar esse dinheiro para a obra.  E segundo, ele não tinha ideia de que eu estava contando com isso.

Então esse foi um momento de decisão.  Eu seria a esposa que entrelaça as mãos?  Dar a minha opinião de forma equilibrada.  Ou eu seria a garota controladora?

Infelizmente, eu escolhi a última opção.  Inclinei-me para a frente e lembro-me de dizer a ele (com um tom áspero): “Você sabe que não é errado gastarmos nosso próprio dinheiro?”

Sempre queremos que Deus lidere nossos maridos e os use, e normalmente eu diria isso.  Eu quero que meu marido ouça a Deus.  E eu amo o fato de que ele tem o dom espiritual de dar, e deleita-se em dar.  Mas naquele momento, eu não queria que ele ouvisse Deus.  Eu queria que ele me ouvisse.

Nancy: Uau!

Shannon: Esse é um lugar perigoso para se estar como esposa.  Muitas vezes sentimos que podemos fazer um trabalho melhor assumindo o comando, assumindo o volante de nossas famílias.

Nancy: Interessante.  Deixe-me apenas colocar um parêntese aqui.  Quando chegamos ao livro de Gênesis, capítulo 3, Deus diz a Adão: “Porque você ouviu a voz de sua esposa, você cometeu este pecado”.

Shannon: Sim

Nancy: Não era errado Adão ouvir sua esposa.

Shannon: Não.

Nancy: Exceto quando Deus estava tentando dizer a ele algo diferente, e ela estava contradizendo a voz de Deus.

Shannon: Sim.

Nancy: Então você tem uma situação paralela quando Eva disse: “Quero que você me ouça em vez de ouvir a Deus.”

Shannon: Sim.  E vemos isso novamente na história de Sarah.  O fraseado é quase idêntico.  Abraão ouviu a voz de Sara e está nos lembrando do que Adão fez com Eva.

Nancy: E entrou em uma situação realmente complexa e difícil.  Falaremos sobre isso no próximo programa.

Quero saber então o que aconteceu no coração, nos olhos e no espírito de seu marido quando você reagiu dessa maneira.

Shannon: Oh, ele ficava dizendo: “Querida, pensei que tínhamos decidido que estávamos planejando essa obra.”  Ele estava atordoado.  Ele é um homem tão doce e gracioso.  Ele não ficou com raiva de volta.  Ele me deixou esfriar.  Lembro que a noite meio que terminou comigo ficando com raiva, concisa, silenciosa e batendo as portas.  Levei alguns dias.  Isso era algo que eu queria tanto!

Mas por três dias, eu apenas orei sobre isso e lutei contra isso.  E no final desse período, apenas coloquei aquele sonho e aquela esperança no altar e disse: “Deus, não quero ser essa esposa feia e controladora que estou me tornando”.

Eu me comprometi perante o Senhor que não traria a questão da obra da cozinha novamente.  Ele já sabia o que eu queria.

Nancy: Deus e seu marido sabiam.

Shannon: Sim.  O Senhor e meu marido.  Ken já sabia que esse era o desejo do meu coração.  Eu apenas propus diante do Senhor que não tocaria mais no assunto.

Não me lembro se foram semanas ou meses, mas um dia me lembro de meu marido dizendo baixinho: “Sabe, não tenho certeza se essa ideia da obra vai funcionar”.  Ele disse: “Você estaria aberta a considerar se mudar para uma nova casa?  Eu adoraria que você tivesse o tipo de cozinha que deseja, e faria a mudança para uma nova casa com todo prazer.

Ele disse: “Não quero que nossa hipoteca suba.  Quero que usemos apenas o dinheiro que economizamos.  Quer apenas olhar?

E então entrei na internet e comecei a procurar casas em nosso bairro, nossa comunidade.  Encontrei uma casa que estava dentro do nosso distrito escolar e foi para essa casa que nos mudamos.  E temos uma casa muito confortável.  Nossa cozinha não é enorme, mas é maior do que era.

E Deus me abençoou tanto toda vez que deixei meu marido liderar, toda vez que escolhi me render.  Eu não queria menos, mas Deus moldou meu coração e me deu contentamento.

E é isso que Ele faz quando nos rendemos a Ele.  Ele nos dá esperança.  Ele nos dá segurança.  Ele nos dá contentamento.  E Ele restaura nossos relacionamentos.  Ele traz a paz,  a alegria que esperávamos ter quando tentamos assumir o controle.  Ele nos dá todos esses presentes quando fazemos o oposto de assumir o controle e nos rendemos.

Nancy: E a rendição é o que importa.  A entrega é o que transforma nossa relação com o Senhor, conosco, com os outros.  Essa coisa de controle e entrega não é só para esposas.  Não é só para as mamães.  E não é só para mulheres.

Shannon: Sim.

Nancy: É para mulheres e homens, para todos nós como filhos de Deus, dizermos: “Senhor, tu tens o mundo inteiro em suas mãos e vou deixar que o Senhor seja Deus.  Não vou tentar bancar o deus.  Não vou tentar ser deus.  Eu vou entrelaçar minhas mãos em oração de rendição.  Vou manter aquilo pelo que sou responsável e buscar a sabedoria em Ti para ser responsável, mas depois vou entrelaçar as mãos, retirando-as da tentativa do controle.

Eu tinha um amigo em nosso ministério que me dizia: “Nancy, quando você tem algo que almeja e pensa que é muito importante, você se torna uma espécie de pit bull.” (isso pode soar feio, mas nós tinhamos uma amizade verdadeira em que verdades podiam ser ditas). E ele me dizia: “Você se apega a isso como um osso e não solta.”

Quando, então, você tiver essa preocupação ou essa coisa sobre a qual você acha que está certa, e pode até mesmo estar certa, coloque as cartas na mesa e depois tire as mãos.

Shannon: Sim.  Tire suas mãos.

Nancy: Eu nem sempre faço isso.  Eu ainda tenho um pouco daquele pit bull em mim às vezes.  E agora que estou casada, isso está aparecendo de maneiras diferentes.  Mas descobri que quando sou o pit bull, eu e todos os outros ao meu redor ficam realmente infelizes.  Não consigo o final que espero, aquele grande final feliz.

Mas quando tiro minhas mãos e confio que Deus é Deus, e confio que Deus trabalhará na vida de meu marido, no ministério, em nossa equipe, em meu futuro e em tudo isso, é incrível o que Deus pode fazer quando o deixamos agir.

Shannon: Sim.  E à transformação que ocorre quando esse é o nosso comportamento.  Não precisamos de um grande evento de vida para sermos transformados.  Só precisamos dessa situação, desse dia, dessas crianças, desse marido, dessa cozinha bagunçada, desse momento.  É aqui que ocorre a transformação daquela mulher que tenta assumir o controle para ser uma mulher que se rendeu docemente ao Senhor.  É aqui que acontece.

 

Raquel: Ouvimos uma conversa entre Nancy DeMoss Wolgemuth e Shannon Popkin sobre confiar em Deus para controlar nossas vidas.  Isso inclui encorajar os maridos a liderar.  

Junte-se a nós na próxima semana para ouvirmos ao último episódio dessa série, Garota Controladora.

Nosso alvo é ajudar as mulheres a experimentar liberdade, plenitude e frutificação em Cristo e se livrar de fardos que as impedem de viver uma vida plena em Cristo.  Ao apoiar esse ministério, você estará ajudando outras mulheres a vivenciar isso. Visite o nosso site www.avivanossoscoracoes.com e seja uma parceira no ministério, através de orações, doações, compra de livros e compartilhando os artigos e podcasts disponíveis com outras mulheres.

O Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth faz parte do Ministério Life Action.

Clique aqui para ouvir o áudio no original em inglês.