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Transformada por Deus Ep. 2: A história de Laura Perry

Publicadas: jun 09, 2023

Raquel: Por nove anos, a filha de Francine Perry, Laura, viveu como um homem. Mas enquanto o Senhor estava lidando com o coração de Laura, Francine disse que Deus também estava trabalhando em seu próprio coração.

Francine Perry: Sem dúvida, Deus me quebrantou. Ele me quebrantou totalmente, de tal modo que o único lugar para o qual eu poderia recorrer era a Ele.

Raquel: Depois de se entregar à Sua vontade, ela agora permite que o Senhor a molde.

Francine: Eu me imagino todas as manhãs entrando na roda do Oleiro. Eu apareço em Sua oficina, me coloco na roda do Oleiro e só peço a Ele que continue cortando de mim tudo que não for como Jesus.

Raquel: Bem-vinda ao podcast Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth, autora de As Mentiras em que as Garotas Acreditam e a Verdade que As Liberta.

Nancy DeMoss Wolgemuth: O programa de hoje é para quem ama um filho pródigo. Pode ser uma mãe ou uma avó, um irmão ou irmã, uma tia, uma amiga. Às vezes você usa o termo “pródigo” para se referir a alguém que é desobediente, rebelde. Eles abandonaram tudo o que sabem ser bom e verdadeiro. Eles seguiram seus próprios caminhos e agora, vivem longe dos valores que lhes foram ensinados.

No episódio anterior nessa série, ‘de Trangênero para Transformada’, ouvimos a história impressionante de Laura Perry, uma mulher que poderia, por anos, ser certamente descrita como uma filha pródiga.

Laura Perry: Eu me afastei completamente da fé. Eu disse a Deus que nunca mais O serviria e queria ser o oposto do que é ser um Cristão — eu não queria nenhum tipo de ligação cristianismo. Eu cresci ouvindo sobre Jesus a minha vida toda, mas eu não conhecia Jesus .

Nancy: Aos vinte e cinco anos, Laura abraçou o estilo de vida transgênero e começou a tomar medidas drásticas para apagar o máximo possível de indícios físicos de sua feminilidade.

Laura:  Tomei hormônios por quase 9 anos e mudei legalmente o meu nome. Em 2009 fui para São Francisco e fiz uma dupla mastectomia, ambulatorial.

Nancy: Então, pela graça de Deus, Laura reconheceu o vazio de tudo o que vinha buscando. Pouco a pouco, Deus gradualmente a atraiu para Si.

Se você perdeu o episódio anterior do Aviva Nossos Corações dessa série, quero encorajá-la a voltar e encontrá-lo no nosso canal de YouTube, ou você pode ouvi-lo em avivanossoscorações.com

Raquel: Bem, ao longo desses nove anos, o Senhor também trabalhou no coração de Francine Perry, mãe de Laura. Recentemente, conversamos com Francine. Nós também queríamos ouvir o lado dela da história.

E, Senhor, eu só quero orar como fizemos ontem, para que, como mães cujos corações estão partidos, ou outras que têm filhos pródigos a quem amam, ao ouvirem a história de Francine hoje, que seus corações sejam infundidos com uma nova dose de esperança, encorajamento, perspectiva e fé neste período de longa espera. Eu oro em nome de Jesus, amém.

Agora vamos para a conversa.

Bem-vinda, Francine! Uma coisa que eu gostaria de saber é quando você soube que sua doce filha Laura estava lutando contra seu gênero?

Francine: Foi na noite em que ela nos anunciou, no nosso quadragésimo aniversário de casamento, em 2008. Estávamos todos jantando juntos. Quando ela entrou no restaurante, vi que ela havia cortado o cabelo extremamente curto. Eu não disse nada naquele momento, mas depois que Paul pediu licença para ir ao banheiro, olhei para ela. Eu disse, “Laura, você está tentando se parecer com um homem?”

Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto e ela disse, “Sim, mãe. Eu estou.”

Raquel: E você não tinha ideia antes desse ponto de que ela estava lutando contra isso?

Francine: Não. Eu não sabia disso. Descobri mais tarde que ela estava tomando testosterona há mais de um ano, quando finalmente nos contou. Ela morava a cerca de uma hora de distância, então nós a víamos com certa frequência. Ela cortou um pouco o cabelo, mas não tanto quanto naquela noite. Então a gente não sabia nada da testosterona. Nada!

Raquel: Como foi o resto daquela noite?

Francine: Bem, imediatamente senti aquele “elefante proverbial” sentado em meu peito. Achei que fosse passar mal lá no restaurante mesmo. Não disse nada a ela nem dissemos nada ao seu pai porque estávamos em um local público.

Depois que jantamos e tudo, quando fomos ao apartamento dela, eu disse: “Você vai contar ao seu pai, assim como me contou”.

Ela começou a chorar e disse, “Não quero contar para o meu pai.”

Eu disse, “Não iremos embora até que você conte.”

Então ela realmente teve que contar tudo ao seu pai naquela noite. Ele na verdade não teve muita reação. Eu não sei se ele estava atordoado. Mas nenhum de nós a questionou realmente. Nós não ficamos com raiva dela naquela noite, de verdade.

Nós dirigimos para casa, uma viagem de uma hora de volta para casa. Nenhuma palavra foi dita. Acho que nós dois estávamos atordoados. Muito disso não está em seu livro ou em seu testemunho, mas tivemos diferentes crises com Laura desde que ela tinha dezesseis anos. Então na ocasião, ela já estava com vinte e cinco anos, e cada vez pensávamos que ela estava melhor e pensávamos que ela estava melhorando.

Nós até já a tivemos por um ano e meio em uma casa nas Montanhas Rochosas de Montana, para adolescentes que estavam lutando e lidando com traumas. Ela teve um incidente quando tinha dezesseis anos que realmente a “puxou para baixo”. Mas pensávamos que ela estava em uma situação melhor, então isso nos deixou atordoados. Pensamos que, “Agora temos outro problema para administrar.”

Raquel: Então, a turbulência e a dificuldade na relação entre vocês já duravam vários anos. Havia um padrão de longa data de Laura ter dificuldades de uma forma ou de outra. E você diz que isso começou quando ela tinha dezesseis anos? Ou foi antes disso?

Francine: Sei que em seu depoimento ela fala sobre um relacionamento difícil comigo desde pequena. E veja, eu nunca vi nenhuma evidência disso em casa. Eu nunca vi isso, e ela nunca verbalizou isso.

Sei que em seu livro e em seu testemunho, ela conta sobre ter sido molestada por um menino da vizinhança quando tinha cerca de oito ou nove anos, e eu não sabia disso até ouvir em seu depoimento. Ela nunca veio até nós e nos disse isso.

Mas quando ela tinha dezesseis anos, ela foi vítima de um crime sexual. Era um menino em nossa pequena cidade que havia estuprado e molestado várias meninas, mas seu pai era um detetive da polícia. Eu estava trabalhando no colégio, no Ensino Médio. Uma das minhas amigas professoras me contou que sua filha chegou em casa e disse a ela que um dos meninos da escola estava dizendo a todos, “Eu ‘peguei’ outra ‘menina certinha’ no fim de semana”.

Raquel: E era Laura?

Francine: Sim.

Raquel: Que horror!

Francine: Ela descobriu na escola que outro professor me contou. E então, quando cheguei em casa naquela tarde, ela estava no chão da sala, encolhida em posição fetal.

Nancy: Como você se sentiu quando percebeu que as coisas estavam indo mal para sua filha, e que aquilo havia acontecido? Como você reagiu como mãe naquele momento?

Francine: Sentindo-me culpada. Eu realmente lutei com o sentimento de culpa. Você conhece aquelas perguntas:

  • “Se eu tivesse sido uma mãe melhor…”
  • “O que foi que eu fiz?”
  • “O que eu poderia ter feito diferente?”

Esse tipo de coisa. Eu apenas questionei a Deus,  naquele mesmo ponto, muitos anos atrás. Nossa família estava na igreja toda vez que a porta se abria. Eu sou a pianista da igreja. Cantamos no coral. Somos os conselheiros e responsáveis pelos jovens. Nós vamos em todas essas viagens missionárias de jovens. “Por que isso está acontecendo com nossa família?” Estamos fazendo o nosso melhor para servir a Deus. Então eu realmente estava lutando com isso.

Eu estava me sentindo inadequada como mãe. Eu realmente passei por um momento assim. Assumi toda a culpa e acusei a mim mesma.

Nancy:  Como Laura reagiu quando você tentou ajudá-la, quando tentou falar sobre a vida dela? Qual foi a reação dela em relação a você?

Francine: Aos dezesseis anos, nós a levamos a um lugar para aconselhamento e ela não se interessou. Então fomos ao tribunal para obter uma ordem judicial contra aquele rapaz. Ela estava muito zangada conosco porque os colegas na escola diziam, “Ê, Laura, vocês não precisam fazer isso. Não precisa exagerar!”

Ela estava muito zangada conosco, mesmo no dia em que fomos ao tribunal. Ela disse, “Estou com raiva de todos vocês por fazerem isso. Isso não é necessário!”

Então, não sei por que a reação dela foi assim, exceto que seus colegas na escola estavam a criticando por causa disso. Ela estava em uma das minhas aulas na escola e, sem que eu soubesse, (ela me disse isso mais tarde), ela estava bebendo na escola. Naquela época, eles podiam levar uma garrafa de água para a escola. A garrafa dela era opaca, não dava para ver o que havia dentro. Eu descobri depois que ela tinha levado uma bebida alcoólica na garrafa e que estava exibindo isso para todos. Foi uma situação muito difícil.

Raquel: Então, o que temos aqui é uma filha pródiga. Muitas mães, avós — que estão nos ouvindo agora — conhecem essa dor. Mas, vamos ao seu coração. O que estava acontecendo em seu coração? Você disse, “Culpa de mãe”. Acho que toda mãe pode se identificar com isso, mas quando é um filho pródigo, que está tomando esteróides… Qual é a sensação? Leve-nos a um dia ou momento em que você esteve realmente carregando esse peso.

Francine: Provavelmente imediatamente depois que ela nos anunciou que era transgênero porque, nessa época, ela tinha 25 anos. Tivemos alguns bons momentos antes disso. Como eu disse, pensamos que a tínhamos recuperado. Mas quando ela anunciou isso, nos primeiros dias fiquei tão atordoada. Eu nem sabia o que era um transgênero. Estamos falando de 2008, e realmente não se falava muito sobre isso. Com certeza era um tabu naquela época.

Então eu não soube como agir… Eu nem queria que ela fosse à igreja, porque não queria que as pessoas da igreja soubessem o que estava acontecendo.

Nancy: Você estava lutando contra a vergonha?

Francine: Sim.

Nancy: Que outras palavras você usaria para descrever como se sentiu naquele momento?

Francine: Eu me senti muito envergonhada. Eu me senti culpada. A gente pensa no que as pessoas estão pensando. A gente fica tentando supor o que as pessoas estão pensando. . . como, “Eu simplesmente não posso acreditar que vocês não conseguem controlar sua filha. Vocês já fizeram tanto por ela, mas ainda estão passando por problemas com ela. Será que Deus está castigando vocês?” Então você meio que passa por alguns desses sentimentos.

De lá para cá, aprendi como reagir corretamente às circunstâncias e provações que surgem em minha vida, mas eu não reagi nada bem no início.

Nancy: O que você gostaria de ter feito diferente? Ajude a mãe ou a avó que está ouvindo agora, aquelas que, amanhã, irão passar por uma experiência semelhante. O que você teria feito diferente?

Francine: Vou contar o que fiz naquela noite: Voltei para casa e me prostrei diante do Senhor. Eu realmente cheguei a um ponto que chamo de rendição absoluta, porque muitas vezes eu tentava consertar tudo. Eu era uma “consertadora”. Se algo estava errado, eu tinha um plano. Aqui estão as etapas 1, 2 e 3! Vamos corrigir esse problema.

Mas naquela noite, eu sabia que Deus havia permitido que algo entrasse em minha vida que eu não poderia consertar. Sabe, quando seus filhos adultos põem uma ideia na cabeça, não há nada que possamos fazer ou dizer. Então eu tive que aprender isso.

Deus me mostrou claramente: “Francine, você precisa melhorar seu relacionamento comigo”. Então entreguei a Laura imediatamente a Ele. “Deus, eu não consigo consertar isso! Preciso abrir mão do controle!”

E eu aprendi, como li em 2 Crônicas: “Não sabemos o que fazer, então nossos olhos estão no Senhor.”

Nancy:  Você diria que esse foi um momento decisivo para você?

Francine: Absolutamente!

Nancy:  Você diria que até então estava tentando controlar quem Laura era e o futuro dela? Você se sentia responsável?

Francine: Absolutamente, sim!

Nancy: Aquele momento em que ela se assumiu para você foi o momento em que você percebeu que não poderia consertar o que estava acontecendo.

Francine: Sim. Quando tivemos aquele outro problema com Laura, ela entrou no satanismo aos dezesseis ou dezessete anos. Ela começou a beber e a fazer todos os tipos de coisas que não fazíamos em nossa casa. Nunca houve álcool! Nunca! Nada! Então, quando tivemos esses problemas com ela, meu plano era: “Temos que encontrar um lugar para ela buscar ajuda”.

Foi quando encontramos esse lugar nas Montanhas Rochosas em Montana. Ela estava envolvida com um grupo satânico e eles ficavam ligando para nossa casa. Era quase insuportável. Estávamos perdendo nossa filha muito rápido.

Nancy:  Você chegou ao ponto de desistir da Laura?

Francine: Apenas por uns cinco ou dez segundos.

Nancy: Quando foi isso?

Francine: Foi na noite em que ela se assumiu transgênero. Mais tarde, talvez no dia seguinte, eu disse ao meu marido: “Sabe, nós já passamos por tantas coisas com ela. Eu estava quase no meu limite! Eu quase desisti dela naquele momento.”

Ela estava muito rebelde. Ela não se importava se perdesse sua família. Tentamos falar com ela. Ela tem um irmão e uma irmã e duas sobrinhas pequenas, mas nada disso importava. Ela queria fazer o que queria fazer, não importasse o quê.

Várias vezes ela me disse que me odiava. Ela me odiava. Ela disse na minha cara. 

Logo depois que a levamos para as Montanhas Rochosas, ela deveria ter sido “dama de honra” no casamento do irmão, mas eu não a deixei voltar para casa porque sabia que ela iria se envolver de novo com tudo aquilo, porque aquele grupo satânico já estava ligando para a nossa casa novamente. Eles estavam com raiva de nós. Não dizíamos onde ela estava e eles queriam que ela voltasse para casa. Eu sabia que ela voltaria para eles, embora ela me prometesse que não o faria.

Então, não a deixamos voltar para casa no casamento do irmão. Por anos ela me odiou por isso, até a alguns anos atrás. Ela entendeu: “Agora sei que foi minha culpa não ter voltado para casa para o casamento do Brian.”

Nancy:  O que você diria aos pais que estão bem no meio de uma situação como essa? Eles estão passando por um caminho muito difícil porque há esse comportamento destrutivo na vida do filho, e precisa haver consequências, mas o filho é rebelde. Eles estão bem naquele ponto em que não sabem o que fazer. Você deixa o filho ir  e arcar com as consequências? Como você enfrenta esse tipo de situação?

Francine: Posso compartilhar algumas coisas: Na noite em que voltamos para casa, depois de ela se abrir, no dia seguinte comecei uma jornada para me saturar da Palavra de Deus — isso por seis, sete horas por dia. Ele me guiou por um processo — eu o chamo de minha “Experiência Desentupidora”, porque Ele trouxe muitas coisas à minha mente porque Ele queria fazer uma obra em mim também.

Por vários meses, apenas orei e pedi ao Espírito Santo que me revelasse coisas que precisavam ser confessadas. Ele trouxe à tona coisas do meu passado. Ele começou a limpar e trabalhar em mim. Era a Palavra de Deus simplesmente me lavando.

Lembro-me daquele tempo de rendição absoluta a Ele. Ele me deu uma paz que nem consigo descrever. No meio do trauma, no meio do abismo, quando eu não sabia como ia ser, Deus me sustentou, me carregou.

Nancy: Essa é uma verdade tão rica que você está compartilhando aqui, Francine, uma verdade tão rica! Porque não são apenas mulheres com filhos pródigos, mas mesmo em casamentos difíceis ou qualquer outra dificuldade, tendemos a dizer: “Deus, conserte isso! Conserte isso! Conserte isso!” Queremos nos concentrar em consertar a outra pessoa em vez de permitir que o Senhor faça uma obra profunda em nosso próprio coração e em nossa própria vida.

Então isso, para mim, é um exemplo de sabedoria. Em vez de tentar se concentrar em pedir “Deus, conserte a minha filha”, era mais um pedido: “Deus, EU preciso de você. Eu preciso que o Senhor faça uma obra em meu coração”.

Francine: Absolutamente!

Raquel: Na verdade, quero fazer algumas perguntas sobre isso porque Laura tem sido muito corajosa e confessou seu pecado de forma bastante transparente. Quais eram as coisas que você estava confessando ao Senhor enquanto Ele fazia um “Desentupimento” em você? Quais eram as coisas que você estava confessando, Francine?

Francine: Durante grande parte da minha vida Cristã adulta, eu pensava que me tornaria mais espiritual por meio de todas as minhas atividades. Eu ia para a igreja toda vez que a porta estava aberta. Eu dava aula de EBD. Eu tocava piano, etc., etc. Mesmo assim, o Senhor começou a me mostrar: “Não é assim que você cresce espiritualmente! Você ainda sente inveja. Você ainda sente ciúme. Você ainda tem ressentimentos em sua vida. Você ainda está lidando com todas essas coisas e não está tendo vitória sobre nenhuma delas.”

Eu tinha raízes de amargura. Eu tinha raízes de ressentimento. Sentia ciúmes de pessoas diferentes. Sentia inveja de pessoas diferentes. “Seus filhos estão indo bem. A minha não.” 

Então, eu fazia todas essas atividades, mas sempre me sentia como se — e, gente, e eu odeio dizer isso! — por causa de tudo que eu fazia, como se eu fosse “mais espiritual” do que as pessoas que não estavam fazendo as mesmas coisas que eu.

Nancy: Quando Laura começou seus problemas, se você fosse a “Cristã Perfeita” em sua igreja, de repente aquela imagem desapareceria.

Francine: Sim! Desapareceria! E isso é uma coisa da qual o Senhor realmente me convenceu uma noite. Eu toco piano na igreja, então fico sobre uma plataforma. Durante o sermão, sento no banco do piano em um lugar mais alto e posso olhar para o andar de baixo e para as pessoas dentro da igreja. Um dia Laura me ligou e disse: “Quero ir à igreja e almoçar com você e meu pai”. Isso foi depois de ela ter se assumido para nós. Ela parecia… …não consigo nem descrever sua aparência.

Raquel: Não parecia a Laura.

Francine: Não parecia a Laura. Se eu tivesse passado por ela na rua, não saberia que era minha própria filha. Eu sabia que se ela fosse à igreja, todos os nossos amigos perguntariam: “Quem é esta pessoa que está com você?” E eu não queria ter que contar a ninguém nem deixar ninguém saber. Ainda estava tentando manter a fachada da “Nossa família não tem problemas”.

Então, estava eu sentada em minha cadeirinha, olhando para toda a igreja, e pensando: “Ufa! Acho que ela não veio”. Mas logo meus olhos pousaram em alguém a quem eu pensei que fosse Laura. Deus realmente me convenceu ali, porque eu estava mais preocupada com o que as pessoas pensariam de mim do que com a presença de minha filha na igreja, e o sermão era sobre o filho pródigo! O Senhor realmente me convenceu do meu pecado.

Raquel: Laura menciona duas coisas sobre isso.

Uma delas é o fato de você ter aceitado a disciplina do Senhor fazendo aquela obra de arrancar as raízes do perfeccionismo e do orgulho. Essa foi uma das coisas mais cativantes para ela em termos de voltar para o Senhor.

Nancy: Ela expressou que vê-la mudar foi o que a capacitou a ter fé em um Deus que tinha tanto poder para mudá-la. Foi isso que tornou o Senhor atraente para ela, ver Jesus em você.

Francine: Isso é o que ela diz. Mas é tudo que Ele quer. Sou muito visual, então me imagino todas as manhãs entrando na roda do Oleiro. Eu apareço em Sua oficina, me coloco na roda de Oleiro e só peço a Ele que continue cortando de mim tudo que não for como Jesus, porque eu queria que as pessoas pudessem ver em mim alguém que pode ter vitória sobre uma circunstância, vitória sobre as obras da carne em um templo que se rendeu a Ele, e deixar o Espírito Santo operar neles.

Eu tinha Jesus vivendo em mim por anos, mas não permitia que minha vida fosse vivida e guiada pelo Espírito Santo. Foi isso o que Ele realmente me ensinou.

Nancy: Francine, você teve um longo caminho a percorrer, então. Quer dizer, esse foi apenas o começo da sua jornada, naquela noite em que Laura apareceu. Depois desse ponto, nove anos se passaram até que ela virasse a página para voltar para casa, por assim dizer, para voltar para o Senhor. E nove anos é muito tempo.

Francine: Sim. Muito tempo.

Nancy: Há muitos dias em nove anos. Dê-nos uma visão panorâmica do que está acontecendo no seu coração de mãe à medida que os dias se transformam em semanas, se transformam em meses, e você vê que sua filha está se aprofundando cada vez mais no estilo de vida transgênero.

Francine: Deus me quebrantou. Ele me quebrantou totalmente! Até eu entender que onde o único lugar para o qual eu poderia correr era até Ele.

Um amigo me deu os livros de Andrew Murray, “Rendição Absoluta” e “Humildade”. Nesses dois livros, mais minha Bíblia, vivi por seis meses. Comecei a orar muito por esses princípios sobre rendição absoluta e humildade em minha vida.

Comecei a trabalhar meu relacionamento com Ele, e, como disse, permaneci na Palavra durante seis, sete horas por dia. Meu marido e eu estávamos participando de um estudo bíblico domiciliar. Eu ia para o estudo das mulheres e meu marido para o dos homens. Eu ia para o estudo bíblico, três vezes por semana. Comecei a trazer os DVDs para casa, a série de vídeos, e fui transcrevendo as anotações. Fazíamos anotações em cadernos, para que todos tivessem seus esboços e pudessem entender melhor o estudo bíblico.

Comecei a orar para que Deus me desse um apetite voraz por Sua Palavra, e Ele o fez. Ele colocou paixão e zelo em mim quase imediatamente para estudar. Então Ele me permitiu ter o privilégio de começar a ensinar Sua Palavra.

Comecei a ensinar em uma casa. Logo a casa ficou pequena e fomos para uma sala em nossa igreja. Então crescemos mais do que isso e tivemos que ir para o santuário. Chamei o ensino de “Venha Crescer Comigo” porque queria crescer em Cristo e ser controlada pelo Espírito Santo, porque essa é a única maneira de sobreviver.

Raquel: Se você está ouvindo e pensando, eu não teria esse tipo de tempo para gastar na Palavra de Deus. Bem, quando você atinge o fundo do poço, você encontra tempo rapidinho. Já passei por isso em meu casamento uma vez, onde simplesmente a agenda foi esvaziada. Eu só sentei com o Senhor, sentei com minhas amigas e orei com elas. A gente encontra tempo quando está desesperada.

Aqui tem um ponto interessante: você está nos levando a um ponto da história que acho realmente intrigante, porque Deus fez essa obra de cura em seu coração. De repente você é uma professora — você ensina a Palavra — ao ponto de precisar criar um website para seus alunos.

E a quem você foi pedir ajuda: “Ei, preciso montar este site de estudos bíblicos”. A quem você pediu? Você pediu para sua filha transgênero.

Francine: Sim.

Raquel: Isso me chocou quando ouvi.

Francine: Bem, foi nisso que ela se formou — comunicações multimídia e algo assim. Ela tem um diploma nesse tipo de coisa. Então, como o estudo da Bíblia estava crescendo e Deus o estava abençoando, me pediram para fazer um website para pessoas que estivessem viajando, que não frequentavam nossa igreja, ou que estivessem doentes, ou trabalhando, ou o que quer que fosse que os impedisse de participar.

Então, liguei para Laura e disse, “Gostaria de criar um site e não tenho ideia de como fazer isso, mas sei que você sabe fazer. Eu te pago.”

Bem, “eu te pago” foi a palavra mágica, porque ela precisava do dinheiro.

Raquel: Que impacto isso teve nela?

Francine: Ela não pensou muito sobre isso. “Minha mãe precisa de um site. Ela vai me pagar.” Isso foi tudo o que ela pensou. Eu não tinha segundas intenções; eu realmente não tinha. 

Mas enquanto montava o site, ela começou a pensar , “Aposto que ajudaria as pessoas a se sentirem atraídas por seu estudo bíblico se tivessem um pequeno resumo da lição no site antes de ver o vídeo e as notas em PDF.”

Então ela pensou, “Vou ler um pouquinho da lição. Vou escrever um resumo — apenas criar um atrativo para ver se conseguimos trazer as pessoas.”

Ela começou a ler as lições. Ela começou a perceber que a Bíblia… …começou a ganhar vida para ela, e Deus realmente começou a trabalhar em seu coração.

Nancy: Francine, que conselho você daria? Você passou nove anos trilhando esse caminho onde Laura tinha um parceiro que também era transgênero, e você teve que lidar com feriados. Você teve que lidar com: “Você o recebe em sua casa?” “Como você interage com ele?” Que conselhos você daria aos pais que estão em uma situação semelhante e lidam com essas coisas diariamente?

Francine: A nossa situação não foi tão difícil quanto algumas delas podem ser. Ela nunca nos permitiu ver seu parceiro porque não queria que soubéssemos. Convidamos várias vezes o companheiro dela para vir quando íamos sair para jantar e coisas assim. Sempre havia uma desculpa. O ponto principal era que ela não queria que soubéssemos.

Quando ela estava aqui com nossos outros dois filhos e nossos dois netinhos, era um pouco mais difícil, mas nós a amávamos incondicionalmente. Mas em nossa casa, havia certas regras. “Você tem que respeitar nossas regras quando está em nossa casa”.

Se houvesse um parceiro envolvido, eu o receberia em casa e esperaria que ele visse Jesus em mim. Eu conheço algumas pessoas que viram seus parceiros ser ganhos para Cristo por causa do testemunho dos pais do transgênero.

Raquel: Eu amo isso!

Francine: E os parceiros ganhos para Cristo acabaram levando seus filhos de volta a Cristo.

Raquel: Então você vivia essa tensão entre suas convicções e da verdade da Escritura. E uma dessas verdades que a desafiou foi o amor de Cristo, a bondade de Cristo. Amá-los e ter compaixão por eles era uma coisa importante para você.

Francine: Claro. Eu amo uma coisa que Laura diz. Quando eles não aguentam mais, e a maioria dos filhos pródigos chega ao fundo do poço — pode demorar um pouco — mas ela disse que eles sempre voltam para as pessoas que falaram a verdade para eles.

Nancy: Laura também mencionou que você a chamava de Laura.

Francine: Absolutamente! É quem ela era.

Nancy: Você não a chamava de Jake?

Francine: Nunca.

Nancy: Você usava pronomes femininos para ela.

Francine: Sim.

Nancy: Você não usava pronomes masculinos.

Francine: Não.

Nancy: E isso a irritava.

Francine: Sim.

Nancy: Ainda assim, ao mesmo tempo, isso a ancorou. Isso não apenas a irritou, mas também a ancorou e a confrontou com a verdade sobre sua identidade.

Francine: Sim.

Nancy: Deve ter sido difícil. Teria sido mais fácil, talvez, dizer, “Vou fazer do jeito dela”. Então, como você lutou contra isso?

Francine: Eu realmente não lutei porque sabia que tinha que defender a verdade da Palavra de Deus. Ele me redimiu. Ele estava me sustentando. Ele estava me dando uma paz que excede todo o entendimento. Não vou comprometer a verdade da Palavra de Deus para satisfazer o pecado de alguém aqui.

Eu não era “chata” em relação a isso. Eu disse a ela, “Você não pode esperar que eu a chame de outro nome quando a conheço assim há vinte e cinco anos. Não posso mudar da noite para o dia.”

Mas depois, se tornou, “Não vou mudar porque estou firme na verdade da Palavra de Deus”.

Então nunca foi com raiva ou malícia ou qualquer coisa assim. Era sempre apenas: “É assim que as coisas são”. Eu apenas costumava chamá-la de “Querida”

Raquel: Bem, você sabe de uma coisa? Há sabedoria nisso, não há? Porque você não precisa antagonizar, ofender e ficar batendo na mesma tecla. Mas você precisa amar e manter suas convicções. Eu amo isso. Que solução boa.

Francine: Serei responsável pelo que digo, pelo que acredito e caso me comprometa. Não sou responsável perante Deus por mais ninguém, mas por mim mesma.

Raquel: Acho que uma das coisas mais notáveis que ouvi Laura dizer foi que, o dia em que ela se assumiu para vocês foi — e cito, “O dia em que me senti mais amada”.

Francine: Eu a ouvi dizer isso porque ela viu a dor em nossos rostos. Ela viu as lágrimas que corriam por nossos rostos.

Raquel: E havia lágrimas correndo pelo rosto dela.

Francine: Sim. Todos choraram. No entanto, ela estava determinada. Não havia nada que pudéssemos dizer ou fazer. Nada que pudéssemos colocar na cabeça dela que a fizesse mudar de ideia.

Raquel: Tudo o que você podia fazer era amá-la.

Francine: Era uma questão de tempo! Eu sempre senti que Ele a traria de volta. Eu não sabia quando. Eu tive que aceitar que isso poderia não acontecer em minha vida, que eu poderia não ver isso.

Uma das senhoras do meu estudo Bíblico morreu há alguns anos — ela tinha a minha idade. O filho dela estava em nossa Cesta de Oração pelo Filho Pródigo e ele tem cerca de quarenta anos. Ela orou e orou para que ele voltasse para o Senhor, mas nunca viu isso acontecer. Mas ele o fez, um ano depois. E assim suas orações foram atendidas — não da maneira como ela gostaria, mas ela o verá no céu agora.

Nancy: Eu amo essa palavra: Cesta de Oração pelo Filho Pródigo, porque acho que é onde precisamos colocar nossos filhos pródigos.

Quer você tenha ou não um filho pródigo em sua família, talvez sua criatividade esteja começando a fluir. Você está pensando em maneiras de implementar uma cesta de oração para filhos pródigos em sua igreja. Aqui está o meu conselho: Vá em frente! Faça isso! Peça ao Senhor uma maneira prática de fazer isso em seu ambiente. Pense em como será uma alegria começar a ver as respostas às orações quando Deus transformar os corações dos filhos pródigos pelos quais você e sua igreja estão orando.

Que encorajamento é ouvir como o Senhor estava trabalhando no coração de Francine durante os anos de rebelião de Laura. Francine nos conduzirá em oração em um momento.

Bom, para terminar, queria encorajá-las mesmo que você não esteja enfrentando esta questão de transgênero de uma maneira pessoal em sua própria família. Por outro lado, você pode estar sem saber. Independentemente disso, acho que hoje em dia é muito importante para todas nós realmente vermos o poder de Deus para transformar e trazer de volta os corações mais endurecidos.

Meu pai costumava dizer assim: “Não há nozes duras para Deus quebrar.” E isso inclui seu filho pródigo ou o filho pródigo de alguém que você conhece e ama.

No próximo episódio, Laura Perry se juntará a nós novamente. Ela nos ajudará a entender melhor o que se passava em sua mente ao abraçar uma identidade transgênero. Espero que você se junte a nós para ouvir sobre isso.

Por agora, quero aproveitar para levar você a pensar sobre um membro específico da sua família que não está andando com o Senhor de forma alguma — andando em um país distante, vivendo como um filho pródigo. Você pode ter um filho ou filha ou neto, sobrinha ou sobrinho, um amigo, talvez alguém em seu local de trabalho que seja um filho pródigo, e agora eles estão vivendo na escuridão. E você tem derramado seu coração a Deus, talvez por anos, pedindo a Ele para resgatar aquele que você ama.

Bem, agora mesmo, vamos unir nossos corações e elevar esses filhos pródigos ao Senhor — talvez apenas levante suas mãos bem onde você está e imagine aquele filho pródigo, aquele filho, aquela filha, aquela pessoa, aquele jovem adulto, aquele adolescente, e imagine o nome deles em suas mãos ali. Eleve esse nome, eleve essa pessoa, esse filho pródigo ao Senhor enquanto oramos juntas.

Raquel: Francine, vou pedir a você que segure a Cesta de Oração que representa os filhos pródigos por quais estamos orando neste momento. Jesus conhece cada um deles.

Francine: Sim. Isso é verdade.

Pai, nós vimos ao Senhor. Senhor, como somos gratas pelo dom de Jesus Cristo. E, Senhor, agradeço muito por restaurar Laura e restaurar muitos outros filhos pródigos. Eu oro pelas mães, pais, avós, tias e tios, quem quer que seja, sentado com o coração pesado porque tem um filho ou um ente querido em suas vidas que se afastou do Senhor e se afastou da fé que uma vez confessaram.

Sabemos que muitos são como o filho pródigo e, em algum momento, acabarão no chiqueiro com os porcos. Nós apenas esperamos o dia em que o Senhor trabalhará em seus corações. O Senhor é o único que pode fazer esse trabalho neles.

Senhor, eu oro para que todas essas mães e todos aqueles que são afetados apenas coloquem seus filhos pródigos em Tuas mãos. Confessamos ao Senhor que não há nada que possamos fazer ou dizer, exceto trabalhar em nosso relacionamento com o Senhor para que eles vejam Jesus em nós e então Ele se torne tão atraente que eles O desejem mais do que tudo.

Eu oro para que o Senhor conforte seus corações. Dá-lhes a paz que só se encontra no Senhor, porque se não a tiverem, viverão com ansiedade. Eles vão viver com medo e depressão por causa desses filhos pródigos. 

Mas Deus, eu sei que não precisamos viver dessa maneira. Eu oro por cada um, para que eles se voltem para o Senhor. Que eles tenham esse momento decisivo, de dizer que “posso ter a paz de Jesus Cristo e ter vitória nesta situação, mesmo estando em um abismo”.

O Senhor é o único que pode nos fazer superar isso. Eu oro para que o Senhor mostre isso especialmente para essas mães, e que o Senhor simplesmente comece a curar seus corações e libertá-las da ansiedade que sentem. Eu oro para que elas encontrem seu descanso e sua vida abundante em Ti, Senhor, que o Senhor alivie o fardo de seus filhos pródigos. Só sei que o Senhor moverá os corações; o Senhor fará o trabalho.

Não sabemos o que fazer. Confessamos isso ao Senhor. Então nossos olhos estão no Senhor. Agradeço antecipadamente por todos os filhos pródigos que receberão orações dos cestos. Nós apenas os entregamos ao Senhor e os colocamos a Seus pés. Em nome de Cristo, amém.

Raquel: Amém.

O Aviva Nossos Corações com Nancy DeMoss Wolgemuth chama mulheres à liberdade, plenitude e abundância em Cristo.