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Esmagando o ídolo do controle

Por Cindy Matson

O rei Asa não era um idólatra como seu pai, Abias. Na verdade, ele fez muito para livrar o reino do sul de Judá de seus ídolos pagãos. Mas ele era um idólatra. E ele tinha uma doença nos pés para provar isso. Você pode ler o relato em 1 Reis 15 e 2 Crônicas 16. O ídolo de Asa não era Baal ou Aserá. Não era Dagom, Ra ou Zeus. Era controle.

Ele negligenciou, e depois se recusou, a buscar a ajuda do Senhor na batalha (1 Reis 15:16–22; 2 Crônicas 15:1–9) ou para a cura da doença grave que afligia seus pés (2 Crônicas 16:12).  Ele usou sua própria inteligência para sair da situação política complicada e buscou a ajuda de médicos, mas não de Deus. Certamente não é pecado consultar médicos. A medicina — antiga ou moderna — é um dom da graça comum de Deus. Mas a atitude de Asa, de negligenciar Deus, demonstra seu desejo por controle.

A bem da verdade é que não são apenas os reis que adoram esse ídolo. Você e eu também.

Estamos no meio de uma série de três partes sobre o que chamo os “ídolos raiz” de nossos corações. Embora nossos corações são capazes transformar qualquer boa dádiva em ídolos, quando rastreamos qualquer um desses ídolos superficiais até seu âmago, encontraremos um desses três ídolos (ou possivelmente uma mistura deles): aprovação, conforto e controle. De certa forma, isso é uma boa notícia. Três inimigos são mais fáceis de controlar do que cem. Mas também é complicado porque esses ídolos são peritos em se disfarçar. Eles são tão onipresentes em nossas vidas e em nossa sociedade que podem passar despercebidos. A menos que lidemos com eles no nível da raiz, encontrarão outra maneira de dar frutos.

Hoje abordamos o terceiro da lista: controle.

 

Indo ao encalço do controle

Como seus compadres, aprovação e conforto, o controle pode dar muitos frutos diferentes. Em outras palavras, duas pessoas igualmente devotadas ao deus do controle podem manifestar essa idolatria de maneiras completamente diferentes. Esta lista não é exaustiva, mas espero que te ajude a identificar onde você está se curvando ao controle.

Você luta com …

  • Perfeccionismo
  • Inflexibilidade
  • Na sua rotina
  • Na sua lista de tarefas
  • No seu itinerário/agenda
  • No orçamento
  • No número de calorias que você se permite consumir
  • No seu regime de treino
  • Na manutenção do carro
  • Rigor (devoção em ter tudo organizado e arrumado, seja na aparência ou no trabalho doméstico)
  • Disciplinar as crianças por serem infantis (mas não necessariamente por se comportarem mal)
  • Ciúmes daqueles em posições de liderança
  • Tendência a manipular ou dominar os outros
  • Problemas com preocupação/ansiedade
  • Preocupação com decisões
  • Uma atitude crítica em relação às autoridades
  • Reclamar ou resmungar
  • Extremamente focada nos filhos, sua educação, atividades, sempre protegendo-os
  • Fazer exigências irracionais com amizades ou família

Alguma bandeira vermelha surge em sua mente? Na minha também. Vamos pensar no que fazer a seguir.

 

Deus é Deus

O deus do controle é verdadeiramente diabólico. Quero dizer isso no sentido mais literal da palavra: vem direto do próprio Satanás. Lúcifer, o anjo da luz, aspirava a usurpar a posição de Deus – para obter controle total para si mesmo. Aprendemos isso em Isaías 14:

Você que dizia no seu coração:

“Subirei aos céus;

erguerei o meu trono

acima das estrelas de Deus;

eu me assentarei no monte da assembleia,

no ponto mais elevado do monte santo.
Subirei mais alto que as mais altas nuvens;

serei como o Altíssimo”. (versos 13–14)

Adão e Eva acreditaram na mesma mentira quando comeram do fruto – que poderiam “ser como Deus” (Gênesis 3:4-7). Falando desse desejo, a professora da Bíblia, Jen Wilkin, disse o seguinte:

Assim, o finito estendeu a mão para arrancar o infinito de um galho inferior, e a história humana começou seu padrão corrosivo de rivalidade com Deus, cavando e corroendo cada pico e fenda da criação com as repetições implacáveis daquela primeira tentativa, o alcance de braços longos do ser humano aspirando ao divino. Assim tem sido desde então: os seres humanos criados para carregar a imagem de Deus aspiram a se tornar como Deus.

Queremos ser Deus. Francamente, acreditamos que provavelmente poderíamos fazer um trabalho melhor se tivéssemos a chance – talvez não de governar todo ouniverso, mas pelo menos nosso próprio cantinho.

Esta atitude satânica precisa ser condenada à morte.

Como acontece com todos os ídolos, um caminho fundamental para uma mente renovada é estudar Deus. Para exterminar o ídolo do controle, você deve reconhecer a incrível soberania, imensidão, infinidade, eternidade e majestade de Deus.

Ele é Deus. Você não é.

  • Ele criou o universo e tudo que nele há a partir do nada apenas com Sua voz (Gênesis 1).
  • Ele enviou chuva sobre a terra por quarenta dias e noites (Gênesis 7).
  • Ele transformou o rio mais longo do planeta em sangue (Êxodo. 7:20).
  • Ele abriu o Mar Vermelho, fazendo as águas se erguerem como muros de proteção para o Seu povo passar (Êxodo 14:21).
  • Ele enviou comida do céu seis dias por semana durante quarenta anos (Êxodo 16:35).
  • Ele impediu que as roupas se desgastassem (Neemias 9:21).
  • Ele fez a órbita do sol da Terra parar temporariamente (Josué 10:13).
  • Ele fez chover fogo do céu (1 Reis 18:36–38).
  • Ele privou um megalomaníaco de seus sentidos por sete anos e depois os devolveu ( 4).
  • Ele derrubou o império mais poderoso do planeta em uma única noite (Daniel 5).
  • Ele ressuscitou Seu próprio Filho da sepultura (Lucas 24:1–7).

Deus é Deus. Eu não sou.

 

Ame pessoas

Jesus realizou muitos milagres enquanto andou na terra, e eu adoraria ter testemunhado alguns deles. Seja curando uma pessoa aleijada ou cega por quase toda a sua vida, transformando água em vinho, ou acalmando o mar violento, Seus milagres chamaram a atenção da multidão. Mas nenhum dos escritores dos Evangelhos retrata Jesus como um showman. Cada um deles O retrata como o Amante das Almas. A coisa mais notável sobre Jesus de Nazaré não foram Seus milagres. Foi―é―Seu amor pelas pessoas.

O ídolo do controle distorce as pessoas em obstáculos ou resultados. Eles são peões ou bloqueios com os quais tentamos lidar adequadamente. Jesus nunca trata as pessoas dessa maneira. Ele não o fez nos relatos dos Evangelhos, e não o faz hoje.

Ele jamais buscou controle.

Ele observou o abatido.

Ele se moveu em direção aos fracos.

Ele convidou os cansados.

Ele carregou os pecados das ovelhas errantes.

Minha amiga, se você e eu queremos matar o ídolo do controle, temos que parar de tratar as pessoas como obstáculos em nosso caminho para o sucesso e começar a vê-las como almas eternas criadas à imagem de Deus.

 

O que fazer? 

E agora? Apenas ler essas poucas e fracas palavras não será suficiente para esmagar o ídolo do controle em seu coração. Na melhor das hipóteses, eles vão apenas machucá-la por um tempo. Se você quiser ir atrás desse ídolo com uma marreta, aqui estão algumas ideias para te ajudar.

  • Arrependa-se. Peça a Deus para te mudar. Implore a Ele para esmagar esse ídolo. Você não fará tudo sozinha. Na verdade, tentar fazê-lo soa como tentar controlar a situação. Faça isso diariamente.
  • Ao lançar suas preocupações sobre Deus, você está reconhecendo que Ele é Deus e você não.
  • Aprofunde-se em Filipenses 2:1–11. Memorize-o. Ore. Ouça sermões a respeito. Leia livros a respeito. Toma posse disso de todas as maneiras que puder. Busque a ajuda de Deus para tecer esse fio na tapeçaria de sua vida.
  • Sirva em segundo plano. Pense em como você pode amar os outros nos bastidores, com as mãos sujas e de maneira ingrata, e faça.
  • Vislumbre Deus. Ao ler as Escrituras, procure maneiras pelas quais Deus demonstra que Ele é Deus, e os outros humanos no relato não são.