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Como nossa visão elevada (ou superficial) de Deus impacta nossos filhos

Por Lori Hatcher

Lendo somente um ou dois capítulos da Bíblia já conseguimos identificar personagens que amamos imitar — e outros que não queremos passar nem perto.  Nas páginas sagradas, descobrimos heróis da fé e inimigos de Deus, exemplos brilhantes de coragem e terríveis demonstrações de covardia. Alguns trilham seus caminhos com os olhos fixos em Deus, ao passo que outros trilham seus caminhos somente olhando para si mesmos.

Encontramos um exemplo disso nos primeiros capítulos de 1 Samuel. Lá, lemos sobre duas pessoas que alegavam servir a Deus. Uma tinha uma visão elevada de Deus e a outra uma visão superficial.

Quero apresentar a vocês Ana e Eli.

 

Ana

Pelos padrões do mundo antigo, Ana não era ninguém. Seu marido, Elcana, a amava, o que era um consolo. Mas por razões conhecidas apenas por Deus, ela era estéril. Em uma cultura em que o valor de uma mulher era medido por quantos herdeiros ela produzia, Ana não valia nada. Enquanto seus braços vazios doíam de desejo, a tristeza consumia seu coração.

Ao invés de dar as costas ao Deus de seus pais, Ana levou seu coração quebrantado ao Senhor. Ela abaixou sua cabeça em oração e entregou a Ele o filho que não tinha.

“E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha”. (1 Samuel 1:11)

 

Eli

Pelos padrões do Israel tribal, Eli era alguém muito importante. Ele era descendente da linhagem sacerdotal de Arão e servia como sumo sacerdote no tabernáculo de Deus. No tempo dos juízes, ninguém possuía mais poder cultural e religioso do que ele.

Porém, ao invés de levar os israelitas, inclusive seus filhos, a reverenciar e respeitar a Deus, Eli desperdiçou sua oportunidade. Ele adotou uma visão superficial de Deus e elevou seu amor por seus filhos acima de seu amor pelo Senhor. 

 

Palavras e ações revelam nossa visão de Deus

Ana amava a Deus e O reverenciava acima de tudo. Eli dizia que amava a Deus, mas amava mais os outros, especialmente seus filhos perversos. Como sabemos disso? Por suas palavras e ações. 

Lucas 6:45 nos diz que a “boca fala do que está cheio o coração” e como seus corações estavam cheios! Mateus 15:19 nos diz que o que está em nosso coração também se revela em nossas ações. “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias”. 

As ações de Ana e Eli refletiam seus corações. E eram duas realidades completamente diferentes. 

 

Ana tinha uma visão elevada de Deus

Apesar de estar sofrendo com suas circunstâncias e lutando para confiar, Ana reconheceu em quem deveria buscar ajuda: no Deus Todo-Poderoso. Quando Deus, em Sua sabedoria e misericórdia, respondeu à sua oração por um filho, ela mostrou que sua fé não era condicional. Ela manteve seu voto e dedicou o bebê Samuel ao serviço de Deus. 

Assim que ela o desmamou, provavelmente entre os três e cinco anos de idade, ela o trouxe para o tabernáculo para viver e servir sob a autoridade do sacerdote Eli. Imagine como foi para ela entregar seu filhinho ao Senhor com fé e confiança.

Suas expressões de alegre adoração demonstram a visão elevada que Ana tinha de Deus. Suas palavras revelam o que ela acreditava:

 

  1. Entregar seu precioso filho ao serviço de Deus era um privilégio, não uma perda ou uma obrigação. 

“Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito. Por isso também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao Senhor foi pedido. E adorou ali ao Senhor”. (1 Samuel 1:27–28 NVI)

 

  1. A salvação vem de Deus e traz alegria. 

“Então orou Ana, e disse: O meu coração exulta ao SENHOR, o meu poder está exaltado no SENHOR; a minha boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.” (1 Samuel 2:1)

 

  1. Deus é santo e digno de reverência.

“Não há santo como o Senhor; porque não há outro fora de ti; e rocha nenhuma há como o nosso Deus.” (1 Samuel 2:2)

 

  1. Deus é a fonte da verdadeira sabedoria.

“Não multipliqueis palavras de altivez, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o Senhor é o Deus de conhecimento, e por ele são as obras pesadas na balança.” (1 Samuel 2:3)

 

  1. Deus abre e fecha o ventre.

“Os fartos se alugaram por pão, e cessaram os famintos; até a estéril deu à luz sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu.” (1 Samuel 2:5)

 

  1. Deus, e não o homem, tem o poder legítimo sobre a vida e a morte.

“O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela.” (1 Samuel 2:6)

 

  1. Deus criou o mundo.

“porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo.” (1 Samuel 2:8)

 

  1. Deus protege os Seus filhos.

“Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.” (1 Samuel 2:9)

 

Eli tinha uma visão superficial de Deus

Os primeiros capítulos de 1 Samuel documentam as palavras e ações do sacerdote Eli. Tragicamente, eles revelam sua visão superficial de Deus e no que ele acreditava:

 

  1. A adoração é encarada levianamente ou subestimada.

A oração sincera era tão incomum sob a liderança de Eli que ele nem mesmo reconheceu que Ana estava orando.

“Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada.” (1 Samuel 1:13)

 

  1. O objetivo da paternidade é fazer os filhos felizes.

As Escrituras não registram todas as decisões que Eli tomou ao criar seus filhos, mas podemos dizer que algo estava errado. Ele tentou ser amigo deles em vez de pai? Ou teve medo de perder o amor deles se os corrigisse? Ele foi conivente com a desobediência infantil deles, permitindo pecados cada vez mais ofensivos à medida que amadureciam?

“Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao Senhor.” (1 Samuel 2:12)

 

  1. Dar a Deus vem em segundo lugar, somente depois de satisfazermos nossas necessidades e desejos.

Em vez de honrar a Deus com as melhores porções da oferta, Eli permitiu que seus filhos pegassem o melhor para si. Para satisfazer suas concupiscências. Eles davam a Deus as sobras, se é que houvesse alguma sobra.

“Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.” (Samuel 2:17)

 

  1. Deus não se importa com nosso comportamento, desde que estejamos indo à igreja.

Podemos dizer que os filhos de Eli nasceram, cresceram e viveram no tabernáculo. Eli fazia questão de que eles estivessem “em estado de adoração” todos os dias. Mas ele falhou em se certificar de que eles não seduzissem as mulheres e extorquísem o rebanho. Pelo menos seus filhos estavam servindo no templo. Pontos extras se eles usassem uma túnica limpa. A visão superficial que Eli tinha de Deus o levou a permitir que seus filhos servissem no tabernáculo, apesar de sua total imoralidade.

“Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação.” (1 Samuel 2:22)

 

  1. Manter a paz a todo custo, mesmo correndo o risco de ofender a Deus e aos outros.

A visão superficial de Eli sobre Deus o levou a ignorar o comportamento perverso de seus filhos até que a coisa ficou tão feia que a congregação reclamou. Quando a evidência do pecado hediondo deles se tornou impossível de esconder, Eli se manifestou, mas sua correção veio tarde demais. Seus valores equivocados o levaram a negligenciar a honra de Deus e o bem-estar de seus filhos. 

Por isso lhes perguntou: “Por que vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês fazem”. (1 Samuel 2:23)

 

Visão elevada ou superficial, colhemos o que plantamos

Nós, pais cristãos, não temos garantia de que, se criarmos nossos filhos na igreja, eles amarão e servirão a Deus para sempre. Independentemente disso, Ele nos chama a conduzir bem os filhos que nos deu e a criá-los na fé. Devemos amar a Deus em primeiro lugar e desejar agradá-Lo mais do que amamos nossos filhos e desejamos agradá-los. Mas não tema. Quando honramos a Deus, Ele nos guia no cuidado de nossos filhos. 

 

Será que nós, como Ana, temos uma visão elevada de Deus? 

Confiamos em Deus o suficiente para entregar a Ele os nossos filhos, nos alegrar em nossa salvação e tratar a Deus como santo e digno de reverência? Vemos a Deus como a fonte de toda sabedoria, confiamos que Ele abrirá e fechará o nosso ventre e reconhecemos a Sua autoridade sobre a vida e a morte? Cremos que Ele criou o mundo e cuidará dos Seus filhos?

Ana confiou que Deus cuidaria de seu filho Samuel e sua confiança não foi em vão. Em um ambiente de imoralidade total e completo desrespeito a Deus, o coração de Samuel permaneceu puro. Deus cuidou dele, o protegeu e o usou todos os dias de sua vida.

Será que nossas palavras e ações, como as de Ana, fazem jus à essas crenças?

Ou, como Eli, temos uma visão superficial de Deus?

Será que subestimamos a adoração e procuramos fazer nossos filhos felizes em vez de santos? Damos a Deus e à Sua obra somente depois de satisfazermos todas as nossas necessidades e desejos? Será que agimos de maneira que desonra a Deus nos escondendo atrás de nossa frequência à igreja? Ignoramos o comportamento pecaminoso de nossos filhos para manter a paz? 

Deus abençoou Ana de maneiras que reverberam na eternidade. 

“E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do meu ungido”. (1 Samuel 2:35)

Deus também julgou Eli por toda a eternidade. 

Ele revogou Sua unção em sua linhagem familiar e decretou que ninguém viveria até a velhice. 

“Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai, para que não haja mais ancião algum em tua casa”. (1 Samuel 2:31)

Uma visão elevada de Deus nos leva a falar e agir de acordo com a verdade que Ele diz. Uma visão superficial nos leva a falar e agir como se o que dizemos fosse verdade.

Qual será a nossa escolha? 

Que possamos dizer com Ana, 

Não há santo como o Senhor; porque não há outro fora de ti; e rocha nenhuma há como o nosso Deus.” (1 Samuel 2:2)

 

Como mulheres, temos um impacto profundo tanto em nossa família como na sociedade em que estamos inseridas. O Ministério Aviva Nossos Corações existe para ajudar mulheres em seu desenvolvimento em Cristo durante todas as fases da vida. É por isso que durante todo este mês desejamos incentivar você a fixar seus olhos na eternidade. 

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