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O que as aulas de piano me ensinaram sobre viver retamente

Por Heather Cofer

Durante minha infância, tive a felicidade de estudar piano sob a orientação de uma professora brilhante! Ela ensinava como se cada um de seus alunos pudesse um dia se tornar um pianista mundialmente renomado.

Ela exigia postura perfeita e nos fazia praticar reverências e mesuras antes e depois de cada aula, juntamente com os detalhes da execução no piano. Ela não tolerava preguiça, mas era generosa com seus elogios ao esforço dos alunos. Ela não apenas exigia excelência, mas também a inspirava.

 

Olhando para trás, uma das lições mais valiosas que ela nos ensinou é uma que poderia facilmente ser ignorada: ela nos ensinou como cometer erros. Ou melhor, como se recuperar deles.

Embora devêssemos buscar e almejar tocar com perfeição, ela sabia que erros eram inevitáveis. Ela sabiamente compreendia que pianistas talentosos aprendem a se recuperar de um erro e continuar até o fim da música sem interrupções — às vezes sem a plateia nem perceber.

Tenho refletido recentemente sobre como esse conceito se assemelha às nossas vidas espirituais. Desde o momento em que nos arrependemos de nossos pecados e cremos em Cristo, nossos corações são renovados e o Espírito inicia o processo de santificação em nós.

E, assim como os pianistas, começamos do início. Começamos a praticar a retidão em vez da maldade, nos tornando cada vez mais habilidosas na obediência, pelo poder do Espírito.

Mas ainda lutamos contra o pecado (ou contra “a carne”, como encontramos em Romanos 8), que é uma realidade em nossos corpos caídos .

Mesmo que nossas vidas devam mostrar evidências de que não estamos caminhando e vivendo no pecado, ainda cometeremos pecados, ou como um sinônimo do pecado expressa, nós “erraremos o alvo”.

Por esse motivo, confessar nosso pecado e nos arrepender dele deveria ser uma parte regular de nossas vidas até alcançarmos a linha de chegada, e em menor grau à medida que crescemos em maturidade piedosa.

Temos que aprender como lidar com esses pecados, assim como minha professora equipou seus alunos para lidar com os erros que cometíamos no meio de nossa busca pela excelência no teclado.

 

Memorize a Palavra

Minha professora de piano nos fazia memorizar quase todas as peças que aprendíamos, para que, quando tocássemos, não apenas tivéssemos a música diante dos nossos olhos, mas também dentro de nós. Isso contribuía para nossa capacidade de voltar rapidamente às notas corretas, caso errássemos uma tecla ou um acorde.

A Palavra de Deus funciona da mesma forma, preparando-nos e capacitando-nos a nos afastarmos rapidamente do pecado. Salmo 119.11 diz: “Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti.”

Quando somos fiéis, embora imperfeitos, em guardar as Escrituras em nossos corações, Deus será infinitamente mais fiel em trazê-la à nossa mente no momento em que precisarmos.

Não dá para contar quantas vezes o Senhor me convenceu, no meio de uma palavra ríspida ou de um pensamento amargo, com uma palavra da Escritura que eu havia memorizado.

Sim, devemos ser fiéis em tê-la diante de nossos olhos todos os dias, mas também devemos dar um passo além ao memorizá-la sempre que possível.Ela é “viva e eficaz” (Hebreus 4.12), capaz de nos proteger e nos conduzir à segurança do arrependimento quando erramos o alvo.

 

No ritmo do Espírito

Desde o momento em que toquei nas teclas do piano pela primeira vez, minha professora me obrigou a contar em voz alta. Quando chegávamos a trechos particularmente complicados de uma música, passávamos por eles bem devagar, contando cada batida.

Ela fez com que me acostumasse a usar um metrônomo, aumentando a velocidade apenas depois de dominar o tempo musical mais lento e constante. O tempo ficava tão enraizado em mim que, quando finalmente aprendia cada peça, eu era capaz de retomar rapidamente o meu lugar se me perdesse e tivesse que encontrá-lo novamente. Isso era especialmente útil se estivesse tocando um dueto, para evitar atrapalhar a outra pessoa. Eu rapidamente encontrava onde eles estavam na partitura e voltava à sincronia.

Quando submetemos nossos corações ao padrão divino, lembrando que nossas paixões e desejos carnais foram crucificados com Cristo, Ele nos trará de volta ao ritmo como parte de Sua gloriosa sinfonia.

Da mesma forma, na nossa batalha contra o pecado, temos que nos tornar excelentes em acompanhar o ritmo, por assim dizer, do Espírito de Deus. Gálatas 5.24–25 diz: “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito.”

Temos a escolha de conformar as notas de nossas vidas ao belo ritmo dEle ou de nos desviarmos e escolher nosso próprio ritmo, o que nunca termina muito bem, não é mesmo?

Quando submetemos nossos corações ao padrão divino, lembrando que nossas paixões e desejos carnais foram crucificados com Cristo, Ele nos trará de volta ao ritmo como parte de Sua gloriosa sinfonia.

 

Combatendo Mentiras com a Verdade

Às vezes, quando tocamos diante de uma plateia, os nervos exacerbados podem tornar uma pianista propensa a erros. Quando criança, um deslize mínimo podia engatilhar em mim uma espiral mental, me desviando do compasso e me tornando incapaz de me recuperar.

Minha professora sabia que era essencial para seus alunos serem capazes de se manterem calmos e se lembrarem do que era verdadeiro:

  • Eu conheço bem a música.
  • Um erro não significa que eu não possa terminar bem.
  • Posso encontrar o ponto certo e recomeçar a tocar.

 

Essas verdades ajudavam a manter outras mensagens internas afastadas e aumentavam minha habilidade de me reposicionar no caminho certo. Mesmo que o erro fosse por falta de prática, aprender a falar a verdade nos ajudava a aprender com esses erros em vez de desistir em desespero e vergonha.

 

Quando se trata de nossas vidas espirituais, o inimigo de nossas almas gostaria muitíssimo de nos fazer entrar em desânimo e desespero quando cometemos um pecado. Ele nos alimenta com mentiras como:

  • Você nunca terá vitória sobre isso.
  • Cristãos de verdade não pecam mais — você é falsa.
  • Quem você pensa que é para pensar que pode encorajar outros quando tem tantos defeitos?
  • Você cometeu esse pecado uma vez; não adianta nem tentar superar a tentação da próxima vez.

 

O mais complicado sobre as mentiras que o inimigo nos alimenta é que, muitas vezes, há aquela gotinha de verdade misturada para torná-las críveis. Lembre-se, ele é brilhante em distorcer a Palavra de Deus (Gênesis 3; Mateus 4.1–11).

É verdade: muitas vezes realmente sabemos muito bem o que fazer e o que não fazer, mas, por nossa própria força, não temos a capacidade de vencer a carne. Não há desculpa válida para o pecado.

Desobedecer a Deus deve causar um tipo correto de vergonha. É por isso que é crucial que aprendamos a identificar e rejeitar as mentiras sobre como lidar com nosso pecado e, em vez disso, recorrer ao que Deus realmente diz.

Como diz o hino, há “graça maior do que todo o meu pecado”. Não estamos sozinhas — fomos revestidas da justiça de Cristo e recebemos Seu Espírito para nos capacitar à obediência.

A vergonha que sentimos quando pecamos agora pode ser usada por Deus para nos conduzir de volta à esperança que temos em Cristo e a uma comunhão maior com Ele. Embora o pecado tenha suas consequências, nunca ficamos sem a esperança de renovação e da capacidade de Deus de nos usar como testemunho de Sua graça.

 

Persista na Busca por Cristo

Provérbios 24.16 diz:

“Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade.”

Independentemente de quantas vezes falhamos e caímos, por meio de Cristo temos sempre a capacidade de nos levantar e persistir em nossa busca por Ele.

1Jo 2.1 é o tom perfeito (sem trocadilhos) para terminar: “Meus filhinhos, escrevo a vocês estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai — Jesus Cristo, o Justo.”

Jesus Cristo. Nosso Advogado e nossa Justiça. Por causa Dele, o Pai nos vê como vê Seu Filho. Fomos feitos novos, e Jesus está sempre pronto para perdoar e nos purificar de todo pecado ao confessarmos, nos arrependermos e perseverarmos em direção a Ele.

Amém!